GMB - Em algumas
oportunidades no seu programa você tem se declarado favorável ao Marco
Regulatório e legalização dos jogos no Brasil. Pra você quais os maiores
benefícios que o país teria com uma indústria de jogo regulamentada?
Amaury Jr. - A economia brasileira
terá um grande crescimento com a regulamentação dos jogos, porque impulsiona o
turismo, o comércio local, gera emprego, renda e atrai investimentos, grandes
shows, entre outros. E o brasileiro gosta de jogar, haja vista o sucesso do Conrad,
em Punta del Este, que movimenta toda a região e é um dos destinos mais
procurados pelos jogos e grandes shows, que atraem um público disposto a gastar
dinheiro e se divertir. Mas acho também que não pode acontecer o que aconteceu
com as comunicações no Brasil, se dando concessões exclusivamente para
deputados, para filho de senador... Todos os veículos de comunicação que operam
por concessões do governo, como TV e rádio, sempre privilegiaram políticos, e
deu no que deu. Tem que ganhar aquele que mostrar o melhor projeto, o mais
completo. Senão vai ter um cassino em cada esquina, pequenininho. Deve-se dar a
concessão para quem se comprometer a fazer um resort, com número mínimo de
apartamentos e diversões completas para a família.
Você conheceu muitos
lugares pelo mundo onde o jogo e os cassinos são uma atividade com bons
resultados para os países. Quais dessas experiências de fora poderiam ser
aplicadas no Brasil?
Acho que a legislação americana deveria ser copiada ipsis litteris aqui no
Brasil. Um dos riscos da reabertura é a falta de regulamentação. Quando o jogo
foi fechado na década de 1960, pelo Marechal Dutra e a dona Santinha, há de se
admitir que nessa época o Brasil ainda não estava preparado para ter cassinos
fora da capital, que era o Rio de Janeiro na ocasião. Por quê? Porque todo
mundo usava o cassino para lavar dinheiro, para mil falcatruas. Era uma forma
de esquentar dinheiro. Não era uma atividade fim, ou seja, voltada ao
divertimento das pessoas por meio de slot machines, carteado, roleta etc. A
legislação americana é muito completa, e pune quem se vale desse expediente.
Os projetos de lei em
tramitação no congresso condicionam os cassinos aos resorts, gerando grandes
centros de entretenimento que vão além das apostas. Você acha que segmentos como
o das artes e espetáculos, que você também acompanha, podem se beneficiar com a
nova indústria?
Sem dúvida. No Brasil, poucos políticos conhecem a indústria de
hotéis-cassinos. Nesses empreendimentos, o jogo é um detalhe. São shows,
espetáculos, movimentos de arte, exposições, atrações para crianças... Não acho
só que o segmento de artes e espetáculos seria beneficiado. Acho que seria um
agente poderosíssimo de geração de muitos e muitos empregos. Até porque, não
tenho a menor dúvida de que, quando a lei estiver aprovada integralmente, com
previsão de entrar em vigor, as grandes corporações internacionais virão para
cá.
Além dos cassinos,
outros seguimentos como bingos e o jogo do bicho também são abordados nos
projetos em tramitação. Acredita que esses dois segmentos por serem mais
populares também trarão um bom retorno para o Estado e para sociedade como um
todo?
Quando a gente fala da regulamentação dos cassinos, está prevista também a
regulamentação do jogo do bicho, que emprega tanta gente, que é o menos
organizado e o mais confiável, e a reabertura dos bingos. Que foram fechados
por quê? Pela suspeita de lavagem de dinheiro. Por isso acho que temos que
pegar a legislação americana, que é perfeita. Adapta e tá valendo.
Falando em jogos
populares, recentemente você entrevistou o Dep. Elmar Nascimento e o questionou
sobre a idoneidade da Mega Sena. Qual a sua opinião sobre a loteria? Se pudesse
faria alguma mudança na sua operação?
Eu não tenho a mínima competência para opinar a respeito. A única coisa que
posso dizer é que tem um aroma entre os apostadores de que tem alguma coisa
irregular nessa operação. Sugestão: que se faça esses jogos com mais
transparência, e que se coloque uma comissão especializada em marketing para
poder avaliar como ganhar a confiança dos apostadores. Primeiro averiguar o
porquê de existir esse aroma permanente de falcatrua. Nem com os jogos pela TV
se consegue a credibilidade necessária. Mas quem sou eu para falar se é honesto
ou desonesto?
Os principais
argumentos dos que são contrários à legalização dos jogos são a possibilidade
de lavagem de dinheiro, que você já mencionou, e o risco do vício em jogo. Acha
que no Brasil que os benefícios que uma indústria de jogo trará são maiores que
esses problemas e que poderemos enfrentá-los bem após a regulamentação?
Essa é uma questão discutida historicamente há décadas. Acho que isso é
inerente, e acho uma grande bobagem e uma grande contradição. Como falar em
vício se o próprio governo está bancando um monte de jogos que podem viciar?
Também precisamos olhar para o futuro e verificar as possibilidades e
benefícios que trará ao turismo e à economia brasileira, que superam qualquer
especulação negativa.
Pessoalmente, qual a
sua expectativa para uma indústria de jogos e cassinos no Brasil? Qual deverá
ser o diferencial dos empreendimentos brasileiros em comparação aos de outros
países?
Temos tudo diferente. O Brasil, com suas atrações turísticas, belezas,
praias etc., é seu próprio diferencial. As pessoas que jogam vão jogar onde
tiver cassino. Por que não gerar tributos com isso? Por que não gerar empregos
com isso? Acho também que Las Vegas e Atlantic City são bons exemplos para nos
espelharmos. Atlantic City era uma cidade acabada, destruída. Autorizaram os
cassinos lá, a cidade foi reconstruída, e hoje é uma baita geradora de empregos
e de impostos. Las Vegas criou um polo no deserto! Quais as regiões mais
carentes do Brasil? Bota um cassino lá! Deve-se pensar que regiões carentes
poderiam ser impulsionadas, beneficiadas e transformadas.