JUE 18 DE ABRIL DE 2024 - 11:18hs.
46,7% dos votos contra 28,3%

Apesar de uma vitória clara, Jair Bolsonaro vai para o segundo turno com Fernando Haddad

O candidato de extrema-direita teve 46,7% dos votos contra 28,3% do petista e entra com ampla vantagem no segundo turno (28 de outubro) para se tornar o próximo presidente do Brasil que fechou o domingo das eleições de 2018 com a polarização aguda entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad, que defende o legado do ex-presidente Lula. O militar e deputado havia manifestado que for presidente pode considerar abrir o Jogo no país.

Ciro Gomes (PDT) ficou com 12,47%, Geraldo Alckmin (PSDB) teve 4,76% e João Amoêdo (Novo) contabilizou 2,5%. Cabo Daciolo (Patriota) teve 1,26%, Henrique Meirelles (MDB) ficou com 1,20% e Marina Silva (Rede) teve 1%.

Bolsonaro já manifestou que não vai defender abertamente a legalização do jogo, mas admite que a receita da atividade será bem vinda ao país, que atravessa uma séria crise financeira. O candidato do PSL é conservador quando se trata do assunto. Apesar de se dizer “a princípio” contrário a liberação dos cassinos e outros jogos, comenta que “há a possibilidade” da liberação durante seu Governo, mas que a atribuição ficaria sob responsabilidade estadual.

"Há a possibilidade, eu digo uma possibilidade, de jogar para cada Estado decidir. Em princípio sou contra, mas vamos ver qual a melhor saída", disse o ainda pré-candidato do PSL, em palestra na Associação Comercial do Rio de Janeiro  (ACRJ).

Esta é a oitava eleição presidencial por meio do voto direto desde a redemocratização, no fim da década de 1980. O vencedor governará o Brasil de 1º de janeiro 2019 a 31 de dezembro de 2022.

Militar reformado e deputado federal por quase três décadas, Bolsonaro chegou à reta final da campanha experimentando o sabor de quem já é vitorioso com mais de 49 milhões de votos, anunciando uma onda conservadora que deve pautar o país. Na última semana, reforçou seus apoios a despeito de toda a resistência a seu nome.

Nem a marcha #Elenão foi capaz de deter sua ascensão. Mais do que isso. Nesta eleição, experimentou o dom do toque de Midas restrito a poucos do olimpo político – Lula, por exemplo. Os candidatos ungidos pelo candidato do PSL tiveram votação espantosa. Seu filho, Flavio, foi o mais votado para o Senado pelo Rio de Janeiro, e Eduardo, por São Paulo, foi o deputado federal mais votado da história do país.

Com quase 100% das urnas apuradas, Jair Bolsonaro (PSL) venceu em 16 estados e no DF e Fernando Haddad (PT), em 9. Nas capitais, o placar foi de 23 a 3. Terceiro colocado na disputa nacional, Ciro Gomes (PDT) venceu apenas no Ceará e na sua capital, Fortaleza.

O resultado do primeiro turno quebrou a polarização entre PT e PSDB na eleição presidencial. Nas últimas seis eleições, os dois primeiros colocados foram dos dois partidos, com duas vitórias do PSDB (1994 e 1998) e quatro do PT (2002, 2006, 2010 e 2014).

Após a confirmação do resultado, Bolsonaro afirmou que o Brasil não pode "dar mais um passo à esquerda" porque, segundo ele, está "à beira do caos. Ele falou em "unir o nosso povo, unir os cacos que nos fez o governo da esquerda no passado".

Haddad também se referiu à necessidade de união. "Queremos unir as pessoas que têm atenção aos mais pobres desse país tão desigual", declarou. O presidenciável do PT disse que, para isso, contará com "uma única arma: o argumento".

A vantagem de Bolsonaro, embora larga, não é decisiva. Sublinhe-se que, para a segunda volta, seguem os dois candidatos com maior taxa de rejeição. Bolsonaro, que esteve sempre em primeiro nas intenções de voto, era também o líder da taxa de rejeição (43%), ou seja, os votos de quem não quer Bolsonaro como presidente deverão migrar para o seu opositor, Haddad.

Fernando Haddad, porém, na qualidade de ‘herdeiro’ de Lula da Silva, é também um candidato que muitos eleitores querem evitar, sendo por isso o segundo com maior taxa de rejeição. Estes dados complicam as previsões para dia 28 de outubro, mas deixam a certeza de que, qualquer que seja o resultado, a polarização manter-se-á.

O candidato à presidência da República, Ciro Gomes (PDT), agradeceu há pouco a votação que o colocou em terceiro colocado na disputa eleitoral. Ainda sem garantir apoio a Fernando Haddad, segundo colocado na disputa, Ciro afirmou que está "do lado da democracia" e contra o fascismo. Ele também repetiu o bordão da campanha anti-Bolsonaro: "uma coisa está decidida: ele não, sem dúvida".

Bolsonaro foi o candidato mais votado em todas as cidades dos Estados Unidos e na maioria das cidades no exterior. No total, mais de 500 mil brasileiros estavam aptos a votar em 99 países. Considerando as 136 cidades nas quais a apuração já havia sido concluída, Bolsonaro havia vencido em 116 locais de votação no exterior. Ciro Gomes (PDT) foi o vencedor em outras 12, e Fernando Haddad (PT) foi o mais votado em seis.

Nos próximos vinte dias da campanha o tabuleiro no Brasil não colocará apenas um candidato contra o outro. Vai testar a união dos partidos de esquerda, mais progressistas, e a força da onda conservadora puxada por Bolsonaro que se alimentou até aqui pelo ódio ao PT.

Fonte: GMB