Em oito meses, 8972 pessoas pediram para serem impedidas de apostar em sites online registrados em Portugal. Em um total 336.582 inscritas nas cinco empresas que já receberam do Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos (SRIJ) licença para operar em território nacional. A primeira foi atribuída a 25 de maio do ano passado. Ou seja, em média, 37 jogadores pedem às empresas que cancelem as suas contas - podendo esse pedido ser temporário ou definitivo.
Os dados fornecidos pelo SRIJ mostram que existe uma grande diferença de pedidos de exclusão quando se compara o jogo online com os cassinos. Neste caso, juntando os três anos mais próximos em que há dados oficiais, o número de jogadores autoexcluídos foi de 1495.
Os dados mostram o sucesso que estas plataformas em Portugal e também a possibilidade do aumento de viciados em jogos principalmente entre os jovens como apontou o relatório European School Survey Project on Alcohol and Other Drugs (ESPAD), um estudo europeu junto de estudantes. Segundo o documento, e no caso dos jogos online, 20% dos alunos inquiridos admitiram esse vício - jogaram com regularidade (quatro ou mais dias em sete). A média europeia é de 23%.
Os Smartphones e a Moda
Pedro Hubert, psicólogo no Instituto de Apoio ao Jogador (IAJ) que trabalha na área das dependências do jogo e autor da tese de doutoramento "Jogadores patológicos online e offline”, confirma que os jovens são maioria entre os viciados e que o vício só aprece quando começam a haver problemas financeiros.
Ele também aponta que a moda e os telefones são dois potencializadores do vício. "O póquer está na moda outra vez. E os jogadores podem apostar tanto no trabalho como no telefone quando regressam a casa. Com os smartphones foi explosivo, tanto no pôquer como nas apostas esportivas. O fato de ter as aplicações no celular faz que estejam sempre a ver os resultados, à procura de informações sobre os jogos."
Pedro Hubert realçou ainda as quatro características que mostram que se pode estar no caminho de se tornar dependente: Perda do controle, troca de prioridades, síndrome de abstinência, síndrome de tolerância.
Para finalizar ele deixa um alerta: "O jogo em si não é um problema, há sim uma minoria de pessoas que tem esse problema."
Fonte: GMB/Diário de Notícias