VIE 15 DE NOVIEMBRE DE 2024 - 04:08hs.
Alexandre Manoel da Silva, subsecretário da SEAE

"Nosso sistema de apostas esportivas será aberto, moderno e inovador"

(Exclusivo GMB) - Alexandre Manoel da Silva, subsecretário da Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) do Ministério da Fazenda, explica em detalhes o projeto de “Apostas de Quota Fixa” que será enviado ao Congresso. Ele também fornece novas informações sobre a situação da LOTEX e sua posição ante a legalização do jogo no país.

GMB - Em que estágio está a proposta para legalização de apostas esportivas no Brasil?
Alexandre Manoel da Silva
- A criação e a desestatização da modalidade lotérica "Apostas de Quota Fixa” encontram-se como receitas previstas na Lei Orçamentária de 2017 e, para tanto, busca-se a viabilização do marco legal dessa loteria ainda no primeiro semestre deste ano. O Ministério da Fazenda já encaminhou à Casa Civil da Presidência da República um Projeto de Lei sobre o tema. Essa etapa é imediatamente anterior ao envio ao Congresso Nacional para sua apreciação. Como não existe uma regulamentação no Brasil, a atividade vem sendo explorada por sites baseados no exterior. Assim, os recursos são enviados aos países onde essas empresas exploram as apostas, não havendo qualquer contrapartida ao Estado brasileiro. Nossa proposta é oferecer uma alternativa legal aos apostadores-consumidores, além de permitir a geração de recursos significativos à sociedade brasileira, na forma dos repasses sociais a serem angariados com essa loteria.

Quais as principais características da proposta do ministério?
É preservada a exploração da loteria como serviço público privativo da União. A Caixa Econômica Federal poderá explorar essa nova modalidade por delegação legal ou por meio de suas subsidiárias criadas especificamente para esse fim, à semelhança do processo de desestatização "em curso” da Loteria Instantânea Exclusiva (Lotex). Ao Ministério da Fazenda fica a incumbência de regular, supervisionar, fiscalizar e aplicar penalidades, prevendo exploração da nova modalidade nos canais de distribuição comercial físico e em meios eletrônicos.

O sistema é baseado em algum outro já existente nas casas de apostas mais famosas?
Busca-se a implementação de uma modalidade lotérica moderna, aberta à inovação. E que atinja os anseios dos apostadores, segundo o que se verifica nos principais mercados lotéricos do mundo.

Com que números de faturamento e impostos o estado trabalha referente às apostas esportivas?
Temos consciência de que essa modalidade lotérica apresentará valores consideráveis. Entretanto, os números definitivos somente serão obtidos após os estudos previstos para a definição do modelo de exploração da modalidade a ser desenvolvido por consultores externos especializados, que também irão construir um plano de negócio, a avaliação financeira e os cenários de composição de modelo acionário ou de forma de sua concessão, a exemplo do que estamos fazendo no processo de desestatização da Lotex. A partir disso, teremos, de forma mais precisa, os dados de faturamento e de geração de tributos.

Já se pensou a destinação dos recursos advindos da atividade?
A modalidade contempla destinação social dentro da legislação vigente, com valores destinados à segurança pública e à seguridade social (saúde, assistência social e previdência social). A incidência de impostos para o explorador é exatamente igual à que atualmente é praticada para qualquer pessoa jurídica no País. Além disso, a sistemática de imposto de renda vigente na premiação de loterias também será mantida.


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Por que os brasileiros deveriam escolher esse sistema e não outros que já existem? Quais os benefícios de apostar oficialmente?
A exploração dessa modalidade, de maneira legal, garante aos apostadores a segurança e integridade em suas apostas, com a garantia de que os prêmios serão honrados. Igualmente relevante é o fato de que haverá a proteção ao apostador, segundo as melhores práticas de Responsabilidade Social Corporativa em loterias (Jogo Responsável), o que não se verifica nos jogos ilegais.

Qual a expectativa do Ministério da Fazenda quanto ao retorno que as apostas esportivas podem trazer ao país caso a proposta seja aprovada?
Os números definitivos somente serão obtidos após os estudos previstos para a definição do modelo de exploração da modalidade. Contudo, temos ciência que serão números significativos para a aplicação em diversas áreas sociais pelo Governo Federal. A propósito, essa aplicação é o principal motivo, do ponto de vista público, para a existência de uma modalidade lotérica.

Sobre as loterias no Brasil, qual sua avaliação do momento vivido pelo setor no país e quais as previsões para 2017?
O que se verifica no Brasil é que o valor arrecadado pelas loterias federais é significativo, em torno de R$ 12,8 bilhões, ou 0,21% do PIB, no ano de 2016. Aproximadamente 40% desse valor é repassado para diversos setores sociais, como saúde, educação, cultura, esporte e segurança pública. Apesar disso, considerando o que ocorre ao redor do mundo, sabemos que o mercado brasileiro ainda possui um grande potencial para crescimento, por basicamente dois motivos: primeiro, das quatro modalidades lotéricas existentes, exploramos apenas duas. De fato, nem exploramos a Loteria Instantânea, nem exploramos as Apostas de Quota Fixa; segundo, considerando as duas modalidades atualmente exploradas, percebe-se que o mercado é altamente concentrado nos produtos lotéricos baseados em sorteios (mais de 99% de participação no total de vendas), estando os produtos lotéricos de prognósticos esportivos com uma participação nas vendas de menos de 1%. Isso é um aparente contrassenso, quando sabemos que vivemos no "país do futebol”.

Como está o processo de desestatização da LOTEX?
A desestatização da LOTEX está sendo conduzida pelo BNDES, com a coordenação e o monitoramento do Ministério da Fazenda, por meio da Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) e acompanhamento do Tribunal de Contas da União e do Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União (CGU). O cronograma está sendo cumprido e esperamos a conclusão da desestatização da LOTEX até o final deste ano.

Qual a posição do SEAE e do Ministério da Fazenda sobre o processo de legalização dos jogos no Brasil? A regulamentação do setor é vista como uma boa ajuda para recuperação econômica do país?
As duas iniciativas de legalização de jogos no país em trâmite no Congresso Nacional não foram propostas pelo Executivo. Nesse sentido, não há posição do Governo Federal quanto ao tema. Entretanto, cabe alertar que tais iniciativas, em tramitação na Câmara e no Senado, carecem de avaliação formal de áreas importantes do Ministério da Fazenda, como a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, a Receita Federal e a Secretaria de Acompanhamento Econômico, as quais, seguramente, serão instadas a se posicionar antes de qualquer manifestação do Executivo. A liberação deveria ser feita a partir de modelo robusto de regulamentação, aproveitando a experiência internacional existente, com um monitoramento efetivo dos custos e benefícios do que vier a ser legalizado. Em relação à regulamentação do setor, de uma maneira muito particular, entendo que a legalização dos jogos de azar é uma atividade sensível para a sociedade. Dessa forma, o desejável seria a autorização escalonada das diferentes modalidades de jogos de azar, com a liberação paulatina dos diferentes tipos de jogos, de modo que a sociedade pudesse perceber os custos e benefícios advindos da legalização de cada um dos jogos, provavelmente reprovando alguns, e aprovando outros.

 

FONTE: EXCLUSIVO GMB