GMB - Você foi palestrante sobre apostas esportivas no SIGMA. Qual a importância de eventos como esse para a regulamentação desse ramo no Brasil?
Eduardo Carlezzo - Na seção de regulação e compliance do evento, o Brasil teve destaque, pois há muita curiosidade e expectativa sobre a regulamentação que está por vir no país. Os operadores esperam ansiosos pelo decreto final com regras claras e factíveis de execução. Esperamos que os entraves legais que existem hoje possam ser superados o mais rápido possível a fim de que as bases para o processo de licenciamento sejam fixadas.
Como foi a sua palestra do evento? Superou as suas expectativas em relação ao público presente e aos produtos apresentados?
O trânsito de pessoas dentro da conferência é grande, já que o evento tornou-se o principal da Europa na área. O público presente é altamente especializado e os debates em todas as seções indicam o que vem pela frente em termos de tendência em diferentes áreas da indústria do gaming.
Durante o SIGMA, viu qual o posicionamento e a visão dos operadores estrangeiros em relação ao Brasil? Como eles veem a abertura deste mercado por aqui?
A visão é positiva. Todos enxergam o óbvio: pelo tamanho da população do país e pelo envolvimento dos brasileiros com futebol, as expectativas de que se estabeleça um mercado gigante para as apostas esportivas é grande. Contudo, mesmo com um mercado grande, obviamente não haverá espaço para todos. Nem todas as empresas serão bem-sucedidas, pois tende a existir uma competição forte pelo apostador.
Brasil tem uma população grande e certos problemas políticos. Essas coisas os preocupam de alguma forma?
Penso que não. Quem vem ao Brasil vem olhando para o longo prazo e sabendo que a crise já ficou para trás. Portanto, a tendência é de crescimento da economia, o que evidentemente impactará de maneira positiva no mercado de apostas.
Como você vê o futuro das apostas esportivas no país com o processo de regulamentação caminhando?
Neste momento, vejo o assunto com alguma apreensão por conta das mudanças que devem ser feitas na Lei 13.756. Já vimos em incansáveis ocasiões que nosso Congresso Nacional é uma caixinha de surpresas. Tenho receio de que esta modificação acabe demorando demais e que coloquem algum jabuti na lei, desvirtuando seu contexto.
Como vê a questão da minuta sobre apostas de quota fixa da Secap?
Vejo com bons olhos. Sempre é possível melhorar, evidentemente, mas vejo que o governo está atento a isso e aberto a escutar as opiniões do mercado, o que é fundamental para a existência de uma boa regulação.
Como você e os empresários que tenha encontrado no SIGMA veem a questão do projeto clube-empresa?
O clube-empresa pode vir a ser um divisor de águas no futebol brasileiro. E digo que ‘pode vir a ser’ pois esta virada dependerá exclusivamente dos poderes políticos dos clubes e nem sempre estes pensam de forma moderna e transparente. Somos arcaicos quando o assunto se refere à transformação dos clubes, que são majoritariamente associações, em empresas. Espero que possamos fazer uma quebra de paradigmas, desmistificar o fato dos clubes terem donos e vermos os clubes nacionais estarem em linha com os maiores da Europa.
Acredita que, com a regulamentação das apostas, teremos um boom ainda maior do que o que tivemos esse ano em relação aos patrocínios de equipes brasileiras (não apenas no futebol, mas abrangendo vários esportes populares por aqui)?
Da forma como o assunto anda, a tendência é que todos os clubes da Série A, em 2020, tenham algum tipo de acordo comercial com casas de apostas. No esporte nacional, a maior parte dos recursos de marketing se concentra no futebol e em suas competições de elite. Na sequência, penso que clubes da Série B também serão beneficiados e, a partir daí, aparecerão oportunidades para outras modalidades.
Fonte: Exclusivo Games Magazine Brasil