Em todos os aspectos o Brasil é uma grande referência como a última importante barreira a ser alcançada na área de jogos, mas as apostas esportivas, que já são uma realidade no país, levaram a um interessante painel no SBC Summit Latinoamérica, que discutiu o forte impacto do patrocínio da vertical no futebol brasileiro. A questão da regulamentação foi amplamente comentada e Gustavo Guimarães, da SECAP, garantiu que ela virá “antes da Copa de 2022”.
O painel “A nova era de patrocínios no futebol brasileiro” teve como moderador Luiz Alberto D’Avila Araújo, da Secretaria de Avaliação e Loterias do Ministério da Economia (SECAP), e como palestrantes, Alex Fonseca (Gerente Nacional da Betano para o mercado brasileiro), Fernando Paz (consultor em captação de patrocínios), Gustavo Guimarães (Secretário de Avaliação e Loterias na SECAP), Luciana Hendrich (Hendrich Digital Content), Pedro Melo (CCO Atlético Mineiro) e Maurício Amaro (Website Manager na ALTS Digital).
Gustavo Guimarães, Secretário da Secretaria de Avaliação e Loterias do Ministério da Economia, disse que está trabalhando para criar o futuro. “Temos um processo de apostas esportivas legal no Brasil, mas que depende de regulamentação. Sabíamos que a lei de 2018 precisava de ajustes, especialmente em relação à tributação. Hoje, o país se mostra como competitivo nesse ponto e temos um terreno muito fértil para desenvolver bastante o setor. Temos como meta entregar a regulamentação o mais rápido possível, sem esperar o prazo final”.
“Queremos entregar bem antes do que o final de 2022 a regulamentação adequada para fomentar o setor de apostas esportivas. Vamos surpreender a todos em relação a isso. Teremos um ano de Copa do Mundo com muita luz para a atividade e isso será um marco da SECAP enquanto órgão regulador”, garantiu Guimarães.
“O retorno da regulamentação não será somente para o esporte e para as casas de apostas, mas também para destinações sociais que a atividade irá gerar. Queremos criar o vínculo entre o crescimento do setor e a melhoria das finanças públicas e como os recursos serão direcionados por áreas que serão demandantes nos próximos anos. O preconceito ainda existe, mas é importante mostrarmos que a atividade é legal. Vamos regular e atrair, criando todo esse potencial que todos vocês mostraram aqui”, decretou o Secretário, encerrando com a afirmação de que a regulamentação virá “antes da Copa de 2022”.
Pedro Melo, do Atlético Mineiro, diz que a chegada das empresas de apostas esportivas modificou completamente o cenário de patrocínios para o futebol. “Foi justamente quando procurávamos um novo patrocinador, o que se casou muito bem com a parceria que a Betano procurava, o que nos levou a uma excelente parceria”.
O executivo do Atlético disse que 2022 será um ano em que o mercado de apostas esportivas vai crescer ainda mais. “Novos players devem chegar no Brasil para disputar esse mercado e vejo isso com bons olhos, já que quanto mais empresas melhor para os clubes e para o próprio mercado. Em ano de Copa do Mundo o futebol nacional se movimenta ainda mais e 2022 será o momento de inauguração do nosso estádio”, comenta.
Pedro comentou que ao tomar a decisão por assinar um contrato com a Betano, levou em consideração a alta especialização da empresa e o cumprimento de regras de compliance exigidos pelo mercado. “As empresas que vierem para o mercado brasileiro devem seguir o mesmo caminho para obter parcerias de sucesso com o esporte brasileiro”, disse Pedro.
Alex Fonseca, da Betano, diz que uma empresa de apostas esportivas, ao definir o patrocínio por um time de futebol, examina a envergadura do clube e com tradição. “Além disso, procuramos olhar para a gestão do clube, que precisa ser muito profissional e focada no desenvolvimento e evolução, que acaba se refletindo na performance esportiva. Ao nos relacionarmos com um time, esperamos seriedade e profissionalismo e o quão organizados são para que possamos desenvolver um patrocínio no seu potencial completo”, explicou.
Mesmo em outras divisões, como a Série B do Brasileirão, não tira o valor de um clube, na avaliação de Fonseca, e o potencial de ativação sempre é levado em consideração. “Temos o Vasco da Gama e o Cruzeiro, por exemplo, na Série B, o que não tira o mérito desses dois grandes clubes. Eles têm um potencial de ativação imenso, que é um atrativo para o patrocinador. O produto do clube é sua camisa e quanto mais possibilidades ele abre para utilização da camisa e dos jogadores para ativação do patrocinador, esse produto se torna muito mais atrativo, tanto para os atuais quanto para os próximos patrocinadores”.
Potencializar as ativações, de acordo com o executivo da Betano, tem como resultado a valorização do clube tanto para o atual quanto para o futuro patrocinador. “O desempenho do Galo, por exemplo, me dá a certeza de que outras empresas de apostas esportivas gostariam de entrar na camisa – aviso a todos que já renovamos e o assunto está encerrado – pois é sempre uma satisfação estar na camisa do campeão, sem querer contar vantagem antes da hora. É importante oferecer ao patrocinador possibilidades de ativação que valorizem o produto e obviamente valorizem a marca do patrocinador também”, disse Fonseca.
De acordo com ele, o mercado brasileiro, com a regulamentação, terá um crescimento exponencial. “Hoje, é a ponta do iceberg. O patrocínio é um dos principais assets, mas um operador não pode ter toda a sua estratégia focada em patrocínio. A Betano tem o patrocínio no seu DNA e atualmente patrocina 14 clubes ao redor do mundo. Não tenho conhecimento de outra casa de apostas – e até de outro tipo de indústria – com tantos patrocínios. Nesse quesito, há um potencial muito grande no Brasil para a chegada de outras casas de apostas e patrocínio a times de futebol”.
Fernando Paz, que atua na Copa do Brasil na área de captação de patrocínios, endossou as palavras de Fonseca: “Somos um continente dentro da América do Sul. Vejo um crescimento muito grande do Brasil em relação às apostas esportivas. Hoje, não só as camisas de futebol são patrocinadas, mas todas as competições também o são. As casas esportivas querem esse segmento e cito o exemplo da Copa do Brasil, que tem exclusividade por segmento” .
“Hoje temos a Sportsbet.io como casa de apostas presente no torneio, renovado até a temporada 2022. Trabalhamos a marca com diversas ativações, não apenas exposição de marca nas placas de campo. Queremos agregar tudo o que for possível para conversão em apostas para a Sportsbet.io”, comentou Paz.
Segundo ele, “o patrocinado deve trabalhar, como o faz a Copa do Brasil e a Copa do Nordeste, para dar robustez às marcas, de forma a potencializar ainda mais o investimento do patrocinador”.
Luciana Hendrich comentou que “antes um operador chegava no Brasil como se entrasse em um quarto escuro. Lembro quando começamos com a NetBet, em 2017, pois ninguém queria aceitar uma casa de apostas como patrocinador. Hoje, essa realidade é outra e muitos operadores estão em destaque nesse cenário, que não se configura mais como um quarto escuro”.
A falta de regulação, de acordo com Maurício Amaro, é o que ainda provoca um pouco desse quarto escuro, mas o trabalho de afiliados tem reduzido essa característica: “Hoje, procuramos mostrar a legalidade de uma casa de apostas, ainda que não exista a regulamentação propriamente dita, o que tem diminuído o tabu contra a atividade e o entendimento de que elas são um setor econômico ativo”.
Luciana complementou que do lado do operador, a falta de uma regulamentação envolve o aspecto jurídico. “Alguns operadores não chegaram ainda por não ver segurança jurídica para investir no país”, disse.
Alex Fonseca também destacou a importância da regulamentação para a geração de novos empregos. “Hoje, temos 1.200 funcionários em três hubs espalhados no mundo e com a regulamentação no Brasil, poderíamos estar com 200 a 300 postos de trabalho na Betano. Todo mundo perde com um mercado não regulamentado”, salientou.
Fonte: GMB