O governo britânico decidiu rever, em dezembro de 2020, as regulamentações sobre jogos de azar no Reino Unido, um conjunto de leis estabelecido em 2005. Nigel Huddleston, Ministro de Esportes, disse que a revisão "colocará a estrutura legal na era digital".
O relatório ficou pronto após 16 semanas de estudo, segundo investigação do The Athletic, e está pronto desde março. A expectativa é que o material seja revelado até o fim de novembro.
Oficialmente, as autoridades britânicas afirmam que nenhuma decisão foi tomada. Nos bastidores, são muitas as fontes que garantem à imprensa local que haverá mudanças. Guardian e Daily Mail são outros veículos cujas apurações apontam na mesma direção.
Caso as publicidades de casas de apostas sejam proibidas no futebol, como se espera, muitos clubes terão de voltar ao mercado para encontrar substitutos. No momento, nove dos 20 clubes da Premier League possuem patrocínios de casas de apostas em suas camisas:
Brentford
Burnley
Crystal Palace
Leeds United
Newcastle United
Southampton
Watford
West Ham United
Wolverhampton Wanderers
Valores não são divulgados de maneira geral. No caso do West Ham, números foram revelados pela imprensa e dão uma noção de grandeza: o clube recebe 10 milhões de libras por temporada até 2025.
Na segunda divisão, o impacto será severo. Trevor Birch, CEO da English Football League (EFL), entidade que organiza o campeonato, estima que a soma dos patrocínios chegue a 40 milhões de libras por ano.
Patrocínios de casas de apostas não são feitos no futebol inglês por empresas britânicas, nem sequer europeias. Na verdade, esse é mais um detalhe que tem relação com decisões governamentais.
As apostas são proibidas na China, mas a população chinesa representa parte considerável do público desse tipo de entretenimento. Então, companhias asiáticas patrocinam o Campeonato Inglês por causa do público que o torneio tem no país. O uso do futebol para driblar o governo chinês também foi tema de reportagem do The Athletic.
Dirigentes têm se dedicado ao lobby em favor das casas de apostas. A EFL encomendou um estudo, teoricamente independente, cujo resultado foi conveniente para seus interesses econômicos: "não há evidências" de que os patrocínios nas camisas agravem problemas entre apostadores.
Por outro lado, há casos como o de Peter Shilton, ex-goleiro da seleção inglesa, que há 45 anos luta contra a compulsão de jogos de azar. Ele assinou uma petição, com mais 12 mil pessoas, para que as apostas sejam banidas do futebol. Esse deve ser o desfecho da história.
Fonte: GE