Após se apresentar aos inscritos no webinar virtual, Fabíola lembrou os tabus para a regulamentação do jogo no Brasil, muitas vezes associado à lavagem de dinheiro e ao vício, ao mesmo tempo em que há uma grande oposição à atividade por aspectos religiosos. Mas destacou que “ao mesmo tempo em que o mercado ilegal segue operando com toda a força no Brasil sem gerar nenhum benefício à sociedade e oferecendo inúmeros riscos” por não adotarem regras claras e se submeter ao que é adotado em todo o mundo onde o jogo está legalizado.
Depois dessa introdução, indagou Hugo e Fernando sobre o que pensam dessa realidade brasileira. “Por que um país como o Brasil se mantém fora do mercado regulado?”. Baungartner, profissional com mais de 25 anos de atuação no mercado brasileiro, destacou a imensidão do Brasil e que oferece inúmeras oportunidades: “Estou nesse mercado há 25 anos lutando pela regulamentação da atividade. Na minha perspectiva a mentalidade dos legisladores está mudando e acho que o Brasil está prestes a ter uma legalização da atividade. A própria mentalidade da sociedade também está mudando e isso pode caminhar para uma breve regulamentação no país”.
Segundo Baungartner, já existe uma lei para as apostas esportivas, ainda carente de regulamentação, mas “está prestes a acontecer. Vai acontecer, estamos no caminho certo e só não sabemos quando será, mas será”. “Esperamos que aconteça logo a regulamentação. Estamos focando de forma muito consistente no mercado brasileiro, que ainda está muito arraigado às loterias, bastante aceita pela sociedade", afirmou Fernando Garita, Diretor da Betcris, outro especialista de mercado com mais de 20 anos de atuação na atividade de jogos.
Para Garita, a regulamentação das apostas esportivas e jogo online está caminhando para um bom termo. “Nos próximos anos haverá uma grande transição graças a uma nova geração, que aceita muito melhor as apostas esportivas e o jogo online o que irá ajudar no encaminhamento definitivo de um processo de regulamentação", assegurou o executivo.
O crescimento do mercado brasileiro, os patrocínios e a "ajuda" da América Latina
Fabíola destacou o rápido crescimento do mercado em toda a América Latina, que acaba repercutindo também no Brasil, inicialmente quanto às apostas esportivas: “Sabemos o quanto o brasileiro ama os esportes e especialmente o futebol e lembro que hoje as principais casas de apostas são patrocinadoras dos maiores times do Brasil. A própria Betcris é uma empresa líder nesse segmento e está fortemente envolvida” com a atividade.
Fernando Garita comentou que “durante anos, as empresas de apostas esportivas vêm patrocinando o esporte, especialmente na Europa, então não há nada muito novo a ser feito, mas adaptar à realidade da América Latina e no Brasil”.
Segundo o Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Betcris, é importante entender o que o brasileiro gosta e isso não se resume ao futebol, mas também a outras modalidades, como o vôlei e o basquete. "Acredito que as conquistas das empresas de apostas com os patrocínios não se resumem a elas, pela excelente exposição de marca, mas também em benefício ao esporte, aos clubes patrocinados e aos clientes”, destacou Garita.
Hugo comentou que muitas empresas como a Betcris estão chegando ao Brasil para patrocinar times e campeonatos, o que é importante para o esporte e vemos também muito patrocínio a outros campeonatos, como Copa América, Eurocopa. “Infelizmente ainda não temos a regulamentação e isso cabe ao governo. Eles precisam se envolver pois as empresas estão chegando para ficar e precisam seguir a regulamentação a ser definida para o Brasil”, disse o Diretor Comercial da Caleta Gaming.
Fabíola afirmou que o Brasil está numa fase de transição, ao mesmo tempo em que países como a Colômbia, Argentina e México já se posicionaram no mercado. Indagou por que o Brasil permite apenas loterias e ainda não autorizam cassinos e bingos.
Hugo explicou que quando começou a atuar no Brasil, existiam apenas os bingos, mas “infelizmente estavam sob uma lei fraca e isso acabou por levar à extinção da atividade. O mercado ilegal continua forte, enquanto as loterias seguem como a única vertical autorizada no país e administrada pela União. Pelas dimensões, podemos dizer que temos 27 diferentes mercados dentro do Brasil, com um novo movimento de empresas com possibilidades de explorar a atividade nos Estados apresentando a eles o que é a loteria e sua força num mercado até então dominado pela Caixa Econômica Federal”, comentou.
Quanto aos bingos e cassinos, Hugo comentou que é positivo quanto a uma possível regulamentação dessas verticais após as apostas esportivas serem reguladas. “Para o governo não há vantagem alguma em não regulamentar, primeiramente as apostas esportivas e, depois, outras atividades”.
“Será uma conquista para o país regular o mercado como um todo, já que inúmeras empresas desenvolvem diversos jogos e opções online. Isso pode ser aberto para outras modalidades em todos os estados, já que é um mercado extremamente forte e pronto para contribuir com a sociedade, que ama jogar”, completou Garita.
Como cuidar da saúde da população em relação ao vício no jogo
Fabíola expressou que leu recentemente sobre o fato de que o vício em jogo pode atingir até 1% da população, enquanto o álcool afeta 12% da população e é permitido. “Como cuidar da saúde da população em relação ao vício no jogo, ainda que ele seja muito inferior ao alcoolismo?" foi a pergunta dela aos participantes do painel.
Garita disse que sob o ponto de vista do mercado online regulado, existem orientações a todos os jogadores, como forma de reforçar o conceito do jogo responsável, assim como a autoexclusão, no caso de detecção de problemas nos jogadores. "Seguimos todas as regulamentações que envolvem essa questão e fazemos questão de aplicar uma série de ações para ter apostadores saudáveis e trabalhamos sempre no sentido de reforçar o jogo responsável, tanto individualmente quanto por meio de nossas associações e atendendo às exigências legais”, explicou.
Quanto ao jogo terrestre, Hugo salientou que “o governo brasileiro não tem como rastrear os jogadores e prever lavagem de dinheiro ou vício no jogo, mas precisam entender como fazer isso por meio de uma relação muito próxima de operadores. No México temos uma série de requisitos, normas e meios para atuar para evitar possíveis danos às pessoas e isso é muito transparente e surte excelentes efeitos. Se isso é possível fazer em bancos, por exemplo, rastreando operações suspeitas, isso pode ser feito em nosso setor. Há muitas ferramentas para isso”.
Aproveitando o momento em que a pandemia ainda está comprometendo a economia em todo o mundo, Fabíola quis saber dos participantes do webinar o que pensam deste momento. Para Garita, o processo de regulamentação dos jogos pode contribuir para a retomada econômica. “A própria Colômbia, com a regulação, está se tornando um destino turístico e o jogo regulamentado é um forte gerador de empregos, não só no mercado terrestre, mas também no mercado online, como programadores, desenvolvedores, pessoas atuando no marketing e na área comercial. Tudo isso gera riqueza, empregos formais e impostos ao governo”, destacou.
Fonte: GMB