Games Magazine Brasil - Quais tendências de avanços tecnológicos você acha que veremos neste ano em seu setor?
Peter Nolte - Acredito que os avanços tecnológicos vão seguir pelo caminho do uso de inteligência artificial, machine learning e outras tecnologias que ajudem os players do setor a automatizar o que pode ser automatizado e possam se dedicar de fato à estratégia do negócio, e no caso dos reguladores, ao acompanhamento do setor.
Até onde você vislumbra os costumes e as exigências do jogador para satisfazer em 2022?
O jogador é a razão de ser do nosso negócio. Havendo viabilidade técnica e financeira, o céu é o limite. Empresas que não atribuem a verdadeira importância aos jogadores podem até entrar no negócio, mas definitivamente não se criam. E vou além. Essa visão com foco na experiência do usuário não deve ser apenas do operador, mas também dos fornecedores de tecnologias. Nós na Salsa, por exemplo, sempre buscamos a excelência na usabilidade das nossas plataformas. Os operadores precisam focar em oferecer o melhor para seus clientes e para tanto não podem perder tempo tentando desvendar como usar, por exemplo, o backoffice de uma plataforma de iGaming. É para isso que nossa equipe está empenhada 24 horas por dia, 7 dias por semana.
Como você acha que a pandemia afetará os resultados dos negócios em 2022?
Ainda é difícil dizer, principalmente porque ainda não sabemos dos reais impactos das novas variantes. Os primeiros indícios apontam para uma menor agressividade do quadro da doença, mas por outro lado uma maior transmissibilidade. É inegável que isso está abalando aquele clima de retomada que vivemos em eventos como SiGMA Malta e até mesmo no Brazilian iGaming Summit. O adiamento da ICE para abril e, para falar a verdade, a incerteza sobre quando de fato o evento poderá ocorrer e em que circunstâncias, é uma questão. Os eventos fazem parte da estratégia de negócios de várias empresas do setor, e esse por si só já é um aspecto que afeta o mercado. No mais, a pandemia nos ensinou sobre as possibilidades do trabalho remoto, e mostrou novas formas de seguir com os nossos negócios. Acho que o choque de “tem que ser online” já aconteceu principalmente em 2020. Quem não era digital ou não se adaptou, já ficou pelo caminho.
Quais mercados e/ou países você vê como as maiores chances de progresso e oportunidade de crescimento?
Acredito que o potencial do Brasil é o top 1, mas como sabemos depende de fato do andamento não apenas da regulamentação das apostas esportivas, mas também da legalização de outras modalidades de jogos como bingos, cassinos etc. Além do Brasil, vários outros países da América Latina tem potenciais incríveis, como Peru, Chile, Argentina, Colômbia, Uruguai, México, entre outros. E claro, os Estados Unidos. Diferentemente de alguns países da Europa, onde as oportunidades de negócios parecem estar quase saturadas, na região, temos muitas “folhas em branco” em várias verticais. E digo “parecem saturadas” porque em alguns mercados como a Espanha, a Itália e Portugal, as oportunidades não são tão óbvias como em mercados emergentes, mas elas existem.
Você acha que as restrições de publicidade ao jogo serão aprofundadas globalmente?
Nem sempre as leis refletem o que a sociedade acredita, mas muitas vezes as restrições refletem um receio de governantes e legisladores. A nossa indústria ainda tem muito a melhorar no sentido de comunicar de forma clara a opinião pública sobre os mecanismos de controle e proteção aos jogadores - que só são de fato possíveis em mercados regulados. Às vezes, as restrições são uma resposta à falta de capacidade de controle. Então é importante que a indústria compartilhe não apenas com operadores, mas também com reguladores e legisladores as inúmeras tecnologias existentes para prevenir e enfrentar problemas como ludopatia, lavagem de dinheiro, manipulação de resultados etc. Para cada fantasma, tem uma forma de exorcizar, e precisamos garantir que isso chegue ao conhecimento da sociedade como um todo. A grande imprensa, inclusive, tem um papel fundamental nessa missão.
O que você imagina para o mercado brasileiro em termos de legislação e regulamentação de jogos de azar?
O que eu espero é uma regulamentação ampla e bem feita, que tire o país desse cenário de hipocrisia onde o jogo é real, apesar de não ser legal.
Quais são as principais metas da sua empresa para o ano? Você está planejando mais lançamentos do que em 2021?
Sim, com certeza! Em 2022 a Salsa completa 10 anos e esse é um marco para a nossa empresa. Estamos reforçando as nossas equipes de desenvolvimento para atender à grande demanda que temos para as nossas plataformas Salsa Gator (agregador de conteúdo) e Salsa Omini (PAM) e esse é um “problema” que eu, juntamente com o time da Salsa, estou adorando resolver. Além disso, temos planos ambiciosos para o Salsa Studio para aumentar a oferta de jogos de slots e o nosso hub de consultoria, Salsa Solutions, já vem negociando com várias empresas que recorrem a nós para entender as oportunidades e as peculiaridades dos diferentes mercados da América Latina.
Para atingir seus objetivos neste ano você planeja fazer mais investimentos e contratações do que no ano passado?
Como dissemos anteriormente, já estamos reforçando a nossa equipe de desenvolvedores, mas estamos preparados para absorver o aumento de demanda que nós mesmos estamos provocando com as nossas ações de marketing e vendas. De qualquer forma, como uma empresa sólida que somos, a qualquer momento estamos prontos para realizar novos investimentos e buscar novos talentos.
Que tipo de patrocínios ou ações de marketing para divulgação dos produtos e serviços da sua empresa você acha que serão os mais relevantes este ano dentro do seu roadmap?
Os nossos clientes atuais são a nossa prioridade máxima, porque tão importante quanto conquistar novos negócios é manter o engajamento e a satisfação daqueles parceiros que já acreditam no nosso trabalho. Assim, as nossas ações de comunicação e networking com os nossos parceiros existentes são prioridade e são realizadas por nossa equipe interna. Outra prioridade nossa é a comunicação interna. Sobretudo com a adoção do trabalho remoto e com pessoas trabalhando em diferentes países, é mandatório manter os funcionários motivados e felizes em fazer parte da empresa. A atenção a esses dois primeiros focos refletem a reputação da empresa e são fundamentais para a atração de novos parceiros. O que falamos antes sobre a relação operadores/jogadores, vale também para B2B. A empresa pode até entrar no mercado e fazer negócios, mas se não fizer direito com atenção aos clientes, ela não se cria. Onde compartilhar informações sobre nós e nossa reputação? Em mídias especializadas como o GMB, em eventos como a ICE London, BiS entre outros.
Na sua visão de mercado global, você considera que 2022 pretende ser um ano com maior número de fusões ou compras de empresas do que o anterior?
Não acredito que mais ou menos. Essa é uma movimentação natural em todas as indústrias e no setor de jogos não seria diferente. Tem muita gente boa, com potencial de crescer, mas também tem muita gente “apostando”, sem conhecimento. Alguns apostam e ganham, mas resta saber até quando. Isso não significa que o nosso não seja um setor diverso e democrático. Você não precisa ser uma empresa gigante. Muitas empresas pequenas prosperam, mas é preciso saber o que está fazendo e onde quer chegar.
Você poderia citar três eventos dentro do seu setor que serão fundamentais em 2022? Por que você os escolheu?
Para uma empresa B2B do porte da Salsa é importante estar na ICE London e SiGMA Malta, pelo seu foco em online. Estamos avaliando outros eventos na Europa e na América Latina, mas o Brazilian iGaming Summit deverá integrar nosso calendário anual.
Fonte: Exclusivo GMB