Começa no próximo domingo o mais importante evento esportivo do planeta. Pela primeira vez no mundo árabe, a Copa do Mundo do Qatar precisou até mesmo de uma mudança de data para diminuir o impacto que o calor de meio de ano poderia causar aos atletas.
As casas de apostas de todo o mundo estão de olho nas possibilidades que a Copa do Qatar irá oferecer e todas estão com inúmeras ações para aumentar a visibilidade de suas marcas e gerar negócios impressionantes com uma expectativa de crescimento no movimento da ordem de 30% durante o torneio.
O setor de apostas esportivas, segundo estudos de mercado, superou US$ 70 bilhões em movimentação financeira em 2021 e a expectativa é que esse número alcance os US$ 140 bilhões até 2028.
No Brasil, o crescimento da atividade tem sido impressionante, mesmo com o setor não tendo sido regulamentado a tempo para a Copa do Mundo. E por esta razão, o país perde a chance de arrecadar bilhões de reais em impostos, especialmente em um evento tão grandioso como o que está a cerca de 100 horas para começar.
Segundo levantamento da Veja, a cifra chegaria à casa de R$ 3 bilhões apenas na Copa do Mundo. Além de impostos, sem regulamentar a atividade, o governo deixa de receber mais de R$ 2 bilhões em taxas de licença, se forem consideradas 100 casas de apostas pagando o que foi definido na minuta de regulamentação divulgada pelo Games Magazine Brasil (R$ 22 milhões para cada licença).
A Copa do Mundo de Futebol, que começa nesta semana no Qatar, pode não ser um negócio das Arábias, mas é uma atividade que tem um crescimento substancial não pelos jogos em si, mas especialmente por ter um apelo de marketing que supera qualquer análise mais fria.
E é fácil imaginar o que a Copa representa. Na fase de grupos, as casas de apostas estarão realmente a pleno vapor, com muitos mercados a serem aproveitados. Mas quando termina esta primeira etapa, os jogos mais espaçados acabam promovendo um desaquecimento nos sportsbooks. Por isso, as principais casas preparam inúmeras ativações para fazer frente a esse recuo.
O Games Magazine Brasil ouviu alguns importantes personagens do setor para entender como o segmento está acompanhando o movimento final da atividade diante do início da Copa do Mundo do Qatar, um evento que é uma experiência única para apostadores de todo o planeta.
Oportunidades de marketing
Thomas Carvalhaes, diretor da Vai De Bob, diz que a Copa do Mundo é uma oportunidade única para divulgação da marca e dos produtos a ela atrelados. “Na fase de grupos há uma oportunidade imensa para diversificar o produto e ativações de marketing. O desafio para as casas de apostas é após essa fase, já que são menos jogos até a final. São duas ou três semanas com um calendário muito reduzido. Sem contar que os outros esportes param, permanecendo praticamente só a NBA. São muitas oportunidades de marketing, mas não acho que vai haver um aumento tão grande do ponto de vista de volume de apostas. A tendência não é subir tanto quanto alguns imaginam”, analisa.
Já Fellipe Fraga, COO da EstrelaBet, tem uma visão um pouco diferente. Para ele, por ser um momento que todo brasileiro sonha, isso acabará se refletindo no volume de apostas. “O grande diferencial neste momento é que as casas de apostas estão tratando o usuário com muita atenção. Para a EstrelaBet, o cliente é ouro e a ele estamos dedicando todos nossos esforços para oferecer uma experiência única. Tenho certeza de que quando as pessoas se sentarem para ver os jogos, vão aproveitar e fazer suas apostas com a casa de apostas que mais atenção der a ele”, destaca.
Falta de regulamentação não permite arrecadação
Mesmo sem a regulamentação, a movimentação é intensa nas casas de apostas com operação no Brasil, inclusive porque a Copa do Mundo é um dos eventos esportivos mais populares do planeta por movimentar cifras bilionárias, inclusive para os sportsbooks, que se beneficiam do aumento exponencial do fluxo de usuários neste período.
Na avaliação de Udo Seckelmann, advogado e especialista do setor, "é lamentável o governo não ter regulamentado a atividade a tempo da Copa do Mundo. A demora do Poder Executivo brasileiro em regulamentar a atividade acaba mantendo os operadores de apostas estabelecidos em jurisdições estrangeiras e sem oportunidade de se licenciarem no Brasil, o que prejudica tanto a arrecadação de impostos pelo poder público quanto a proteção jurídica aos consumidores/apostadores brasileiros”.
Segundo ele, “a expectativa é que o Brasil não perca mais tempo e respeite o prazo de regulamentação estabelecido na Lei 13.756/2018 para que na Copa do Mundo de 2026 já tenhamos um mercado maduro de apostas esportivas”, aponta.
Mesmo com toda essa expectativa e dúvidas pelo fato de a atividade não ter sido regulamentada a tempo para a edição de 2022, a visibilidade das casas de apostas é uma realidade e mostra que o setor está mais do que consolidado, ainda que sem o decreto presidencial regulamentando um negócio que as ações de marketing e ativações já alcançaram todos os cantos do Brasil.
Luiz Felipe Maia, sócio no estúdio Maia Yoshiyasu Advogados, destaca que “apesar de todos os esforços do Ministério da Economia e do interesse reiterado de diversos operadores internacionais em obter licenças de operação no Brasil, estamos nos aproximando de mais uma Copa do Mundo sem a lei de apostas esportivas regulamentada”. Segundo ele, “essa frustrante realidade, contudo, não esfriou o interesse no mercado brasileiro. Pelo contrário, nunca se viu tanto investimento de marketing no setor. A expectativa geral é de recordes no volume de apostas e na captação de novos clientes”, reforça.
“Diante desse cenário, todos nós (principalmente você, leitor do GMB), que trabalhamos há tantos anos pelo desenvolvimento do mercado de jogos e apostas no Brasil, devemos unir esforços para mobilizar a imprensa, entidades esportivas e o público em geral, demonstrando a urgência de regulamentar o mercado e a importância de o presidente Jair Bolsonaro assinar a minuta de decreto elaborada pelo Ministério da Economia”, conclama.
André Vinícius de A. Alves, diretor comercial e sócio da Control+F5, destaca que "O momento da Copa é um período inigualável para o mercado de apostas. O crescimento do setor nos últimos tempos e a proximidade de uma regulação são fatores que impactam positivamente em toda a movimentação das casas de apostas. Se já tínhamos um momento muito favorável de consolidação desse segmento no cotidiano do público brasileiro, a chegada da Copa do Mundo adiciona uma cereja no bolo que é juntar esse mercado com a maior paixão do brasileiro, a tão sonhada e esperada Copa do Mundo”, diz.
Para o executivo, as ações de marketing para o evento já foram feitas e agora “acredito que temos a chance de difundir mais ainda o conhecimento para o público sobre o que é o mercado de apostas. Entregar entretenimento e aquele tempero especial a mais na paixão do brasileiro, com a possibilidade de todos apostarem naquilo que amam, ficará gravado na mente das pessoas”.
Difícil comparar com outras edições do Mundial pela época em que acontece
A Pinnacle também vem se preparando bastante para o mundial de 2022. De acordo com Florencia Brancato, head of global markets da Pinnacle, “sem dúvida as empresas de apostas esportivas esperam durante quatro anos a chegada de um mundial. Neste ano será difícil comparar com outras edições, já que acontece em uma época diferente do tradicional, mas temos certeza de haverá um crescimento da demanda, especialmente de jogadores recreacionais”, comenta.
Segundo ela, “a Pinnacle se preparou durante todo o ano para chegar a este momento com ofertas muito boas para o consumidor e inúmeras promoções para que possam participar e desfrutar o que há de melhor e ao mesmo tempo torcer por seus países ou para aqueles que mais lhes agradam”.
Newton Neto, CMO e sócio na NSX Sportsbetting Ecosystem, está animado com a chegada da Copa do Mundo do Qatar. “O movimento das casas de apostas está crescendo diariamente. Ainda tem muito a amadurecer no Brasil e a curva está ascendente. A Copa do Mundo vai gerar recorde em cima de recorde”, comenta.
Para ele, o Mundial transforma o setor das apostas esportivas. “É um cenário diferente, pois há poucos eventos, então há um aumento do risco para os sportsbooks. Temos um volume considerável de apostas e com a Copa do Mundo nos abrimos para outros públicos. Todos estão habituados aos famosos bolões. Então acreditamos que traremos mais público feminino e pessoas que não são usuárias das casas de apostas para o nosso grupo. Iremos superar as expectativas, até porque temos pouco tempo de operação e todos os dias nos superamos. Acredito que a Copa do Mundo será mais um ponto fora da curva”, destaca.
O Grupo NSX Sportsbetting Ecosystem se destaca por ter algumas das casas de apostas mais importantes em atuação no Brasil, como Betnacional, MrJack.Bet, PagBet, Betpix e outras. A Betnacional, inclusive, está muito focada no mundial, a ponto de ter fechado um importante contrato de patrocínio com a TV Globo para veiculação de anúncios nos intervalos das partidas do Mundial na maior emissora de TV da América do Sul, e ser patrocinadora da principal torcida organizada da Seleção Brasileira, o Movimento Verde Amarelo, que representará o Brasil nas arquibancadas do Qatar.
Ótima experiência ao usuário
O NetBet também está muito atento às necessidades de seus clientes e a uma melhor experiência do usuário, tendo em vista a Copa do Mundo. Tanto que recentemente fez uma série de mudanças no site para tornar a navegação mais fácil e amigável.
“A Copa do Mundo é um momento único para nós e oferecer um site em que o usuário se sinta em casa nos enche de orgulho. As mudanças foram feitas justamente para a Copa do Mundo e o feedback dos nossos usuários estão se refletindo em uma melhor interação e, obviamente, com um aumento do volume de apostas”, destaca a equipe de marketing da empresa.
Jesús Rafael Campos, CEO da BetConnections, diz que a Copa do Mundo é o mais importante evento esportivo e que reúne a maior quantidade de apaixonados por futebol do planeta. “Para nós, é um orgulho apresentar uma plataforma de primeiro nível para apostas em nível global, dentro dos 14 mercados onde participamos. Ela oferece múltiplos idiomas e mercados e por isso somos uma das empresas líderes da região”.
Segundo ele, a empresa promoveu ainda mais a aproximação com os parceiros da BetConnections para atendê-los em todas as suas necessidades “para que ofereçam aos seus clientes as melhores soluções. Queremos continuar nos destacando no segmento, com uma plataforma segura, confiável e bastante amigável”, comenta.
Tanto é assim que a BetConnections acaba de lançar a nova versão de sua plataforma de apostas esportivas com inúmeras melhorias, tanto na gestão de riscos quanto na variedade de interfaces e criação de bônus, entre outras funcionalidades.
Além disso, de acordo com o executivo, a BetConnections está iniciando seu processo de certificação GLI que permitirá à empresa ampliar ainda mais sua penetração de mercado, “com produtos e serviços que irão fortalecer nosso portfólio e garantir o sucesso aos nossos parceiros”, destaca.
Forte presença de mídia
Fábio Wolff, diretor da Wolff Sports, é outro entusiasta do momento que antecede a Copa do Mundo e na sua avaliação, as principais casas de apostas esportivas que operam no Brasil fizeram sua lição de casa para oferecer as melhores soluções aos seus clientes.
“Elas estão muito envolvidas com a Copa da Mundo e se muitas delas estão patrocinando eventos e criando fã-fests para se aproximar ainda mais de seu público. Além disso, nessa fase final que precede o início do Mundial, inúmeras casas de apostas buscaram novos embaixadores de marca para ampliar a visibilidade. “Muitos deles estão relacionados com a Seleção Brasileira e hoje é até difícil encontrar um pentacampeão mundial disponível no mercado”, comenta.
O executivo, com larga experiência na área de marketing esportivo, diz que o caldeirão continua fervendo e “diversas casas de apostas compraram muita mídia e patrocínios na TV. Vemos exemplos da Pixbet, que tem uma cota de patrocínio na Globo, e a Betnacional que estará nos intervalos dos jogos na emissora”.
E não é só na TV. Wolff destaca a satisfação de ver que também as emissoras de rádio estão com suas grades repletas de anunciantes do setor de apostas esportivas. “Elas estão se envolvendo com esse mercado e estão muito bem-preparadas para esta grande festa que é o Mundial de futebol, uma paixão nacional”.
Fernando Garita, diretor de desenvolvimento de negócios da Betcris, admite que esta edição da Copa do Mundo será um pouco diferente, em função da época em que está sendo realizada. “No caso do mercado latino, por conta do horário dos jogos, poderá haver algum inconveniente, mas nada que impacte de forma expressiva a interação dos apostadores com os sportsbooks. Não podemos nos esquecer que o evento continua sendo o Mundial, em que cada torcida irá se dedicar com carinho a torcer por seus países. E temos boas expectativas de que será muito competitiva e o jogo online mostrará sua força”, diz.
Na análise do executivo da Betcris, “os clientes irão apostar e sabemos que a paixão falará mais alto. Estamos trabalhando muito na atenção ao cliente, que estará conosco arriscando seus palpites, acompanhando transmissões via streaming e se envolvendo em uma experiência única que só uma Copa do Mundo pode proporcionar”.
Quem está atento também ao início da Copa do Mundo diante das possibilidades que o evento permite, é Mateus Dantas, CEO do Rei do Pitaco, fantasy game diário de grande sucesso no Brasil. "Essa será a primeira Copa para o Rei do Pitaco e, portanto, queremos inovar no mercado de fantasy game diário com algo que nunca foi feito antes por alguma sportstech”, diz.
Segundo ele, a empresa se consolidou neste ano com diversas ações pioneiras, como a criação de ligas femininas, nas quais foram feitas escalações da Copa América Feminina e Paulista Feminina, anunciaram o jogador-revelação Endrick como embaixador e patrocinou lives do streamer Casimiro para a transmissão exclusiva das partidas do Brasileirão. “Agora, não podemos deixar de participar do maior evento futebolístico do mundo, na qual criamos a liga Seleção do Milhão para a estreia do Brasil contra a Sérvia, onde serão R$ 1 milhão em prêmios distribuídos para os mais bem pontuados", destaca Mateus Dantas.
Fonte: GMB