Em uma parceria entre o BTG Pactual, Hubstage, Bichara e Motta Advogados e Win the Game, aconteceu o Sportainment Labs, primeiro evento online e gratuito da América Latina que tratou sobre este novo conceito surgido no mercado, fusão do esporte e entretenimento. Ele foi dirigido para todos os profissionais interessados em compreender os impactos econômicos, culturais e sociais das transformações nas práticas de negócios existentes, abrir novos mercados e criar oportunidades.
As apostas esportivas devem ser vistas como entretenimento, na avaliação dos participantes do encontro, e para destacar o sucesso da atividade foi citado que após a regulamentação do setor nos Estados Unidos, as transmissões de futebol americano tiveram um aumento substancial na audiência nas redes de TV, streaming e TV a cabo.
Angelo Alberoni, country manager Brasil da Betcris, uma das casas de apostas esportivas mais conhecidas na América Latina, foi o primeiro a discorrer sobre o tema do painel. Para ele, “o Brasil é a ‘bola da vez’ há pelo menos dez anos e estamos no melhor momento, já que o mercado enxerga o país realmente como a ‘bola da vez’, com a regulamentação da atividade em vias de acontecer”.
Para ele, os últimos movimentos, desde 2018, com a lei das apostas esportivas e alteração da taxação, têm colocado o Brasil no centro das atenções não só da Betcris, mas de todos os players que atuam no país. “Temos um público muito acostumado com o jogo, então precisamos do entretenimento online, que é a aposta esportiva. Esse movimento não é único no Brasil, pois já conquistou toda a Europa e vem crescendo muito nos Estados Unidos desde que a atividade foi aprovada no país, há dois anos”, comentou Alberoni.
O executivo da Betcris acredita que a regulamentação no Brasil vai promover o mesmo efeito e destacou que “o Brasil tem tudo para se tornar o centro das apostas esportivas em toda a América Latina e um dos principais players mundiais”.
Sobre os investimentos da Betcris no mercado brasileiro, Alberoni diz que a empresa, antes mesmo de se apresentar ao país, procurou entender as regionalidades do Brasil. Além disso, buscou compreender a questão dos rumos da regulamentação, o que garantiu segurança para a empresa fazer os investimentos que vem fazendo no país.
Indagado pelo advogado Udo Seckelmann sobre a proibição de patrocínio de casas de apostas a clubes de futebol na Europa, Alberoni concorda com critérios sobre publicidade de sportsbooks, “mas ela não deve ser proibida, como ocorreu em alguns países europeus. O setor precisa ser regulado e as casas de apostas devem ter em mente que o jogo responsável deve ser muito bem gerenciado e oferecido para evitar danos à sociedade. Na própria Betcris decidimos, ao fechamos o contrato com o Ceará e Fortaleza, que não estaríamos vinculados a nenhum torneio abaixo do Sub-20”, explicou.
Leonardo Baptista, CEO da Pay4Fun, atua há muitos anos no mercado e entende como poucos as demandas do mercado no Brasil. O maior desafio das empresas para operar no setor de jogos, segundo ele, é fazer as coisas da maneira correta. “O jogo vem desde sempre buscando operar de forma correta e finalmente agora, com a regulamentação, irá facilitar o bom entendimento de todos os operadores com relação ao caminho a ser trilhado. Outro desafio para o mercado é o método de pagamento, que deve ser transparente, ágil e seguro. Por esta razão criamos a Pay4Fun, por entender essa deficiência. Ela foi criada sob a coluna da governança, fazendo tudo de maneira correta”, disse.
Para ele, “cada país da LATAM tem características próprias, tanto do ponto de vista da regulamentação em si quanto da operação, marketing e sistema financeiro”. Além disso, “o atendimento tem de ser de primeira. O cliente brasileiro tem de ser pego pela mão. O consumidor precisa disso para fidelizar uma marca e confiar nela”, analisou.
O executivo da Pay4Fun exaltou o sistema de pagamento brasileiro: “um dos pontos mais fortes no Brasil e um dos melhores do mundo”. Para Leo Baptista, as transações financeiras são a espinha dorsal do setor de apostas e os métodos de pagamento, fundamentais para o sucesso de uma operação. “Os cuidados com todas as transações devem ser levados em conta para evitar possíveis tentativas de lavagem de dinheiro. Assim, uma empresa como a Pay4Fun tem a expertise para oferecer ao mercado um dos sistemas mais transparentes do mundo. Com a regulamentação, o compliance será muito exigido e isso acontece em nossa empresa desde nosso dia D-0”, disse.
Sobre a preocupação em relação à manipulação de jogos e como o Brasil pode lutar contra a prática, Percy Wilman, assessor especial legal da Genius Sports, comentou que o Brasil não é um novo mercado e sim em fase de regulamentação, o que faz com que ele já esteja bastante maduro. “Todos estão atentos aos programas de combate à manipulação de resultados de jogos. A própria indústria busca ferramentas para isso de maneira a proteger o mercado”, esclareceu.
Para Wilman, a primeira ação para o combate à manipulação é a própria regulação, “que deve oferecer aos operadores e apostadores regras claras, visando principalmente a proteção ao jogador”.
A segunda ação, de acordo com o assessor da Genius Sports, é o envolvimento de clubes, federações, ligas e organizações, assim como operadores de apostas esportivas, em ações comuns com vistas ao combate à manipulação de resultados. “Nós monitoramos esportes em todo o mundo e temos muito a colaborar com o ecossistema, não apenas no futebol brasileiro, mas para todo o sistema que envolve as apostas em qualquer esporte. Nossas soluções são muito profissionais e focadas na contribuição que podemos oferecer à indústria”, explicou.
O executivo apontou ainda uma terceira ação para o combate à prática. “É absolutamente essencial a educação, que deve abranger todas as pontas da indústria, como o esporte em si, os apostadores, que precisam aprender sobre apostas e o que eles esperam com isso e, por fim, as casas de apostas e entes reguladores. Desta maneira, acredito que a integridade esteja preservada.”
Sobre a importância dos dados oficiais no segmento de apostas esportivas, Percy disse que a qualidade e a quantidade de informações para todo o ecossistema é fundamental para que a própria indústria evolua e busque formas de ampliar a integridade.
“Todos os atores desta indústria são importantes para um entretenimento transparente e sério. Todos os dados são disponibilizados para times, empresas de transmissão, casas de apostas esportivas e TV. Ou seja, são ferramentas ricas para garantir a integridade dos esportes e das apostas. Não podemos ser arrogantes em dizer para o mercado fazer desta ou daquela maneira, mas podemos oferecer as ferramentas necessárias para que cada mercado local utilize tudo isso em prol de uma atividade saudável”, destacou.
Mateus Dantas, CEO do Rei do Pitaco, falou um pouco sobre como nasceu o produto de Daily Fantasy Sport (DFS) da empresa, que buscou corrigir rumos de soluções semelhantes não só no Brasil, mas em todo o mundo. “Pela nossa insistência no produto e por buscar entender nosso cliente, chegamos a uma solução de muito sucesso”, disse.
O fantasy game, de acordo com Mateus, “é um excelente produto dentro de um grande mercado, ainda pouco explorado. Vai crescer muito ao longo dos anos. Sofremos no começo por sermos confundidos como uma plataforma de jogos de azar, até que se chegou ao entendimento de que nosso produto é um jogo de habilidade".
Segundo ele, as parcerias que o Rei do Pitaco firmou com o futebol brasileiro possibilitou uma excelente exposição de marca, ao mesmo tempo em que apresentou o desafio de oferecer uma experiência completa para o usuário, com vistas a um melhor engajamento. “O fantasy game é um benefício para os campeonatos, pois traz maior engajamento para os torneios em si. A comunicação tem de ser uniforme com o cliente, para que ele esteja sempre envolvido, tanto diretamente com ele, como por intermédio das redes sociais”, explicou.
Fonte: GMB