O universo de apostas nos esportes normalmente é visto com desconfiança. Seja no exterior, seja no Brasil, onde existem 20 milhões de potenciais apostadores (ou clientes), mas apenas 10% participam efetivamente das disputas. “Temos o jogador como o nosso herói da jornada. E quem mais legal do que o torcedor para ser o jogador mais importante?”, afirmou à DINHEIRO Ricardo Bianco Rosada, CMO do galera.bet. “E como conseguimos espelhar isso? Nas torcidas, nos torcedores. São eles que fazem o esporte.”
Ciente de episódios históricos de violência entre as torcidas no país, o executivo destaca o acordo de não agressão entre as parceiras escolhidas, além de enaltecer iniciativas das organizadas, como a distribuição de marmitas e a realização de campanhas do agasalho em comunidades.
Até o momento, 13 uniformizadas integram o projeto do galera.bet, casos de Gaviões da Fiel (Corinthians), Mancha AlviVerde (Palmeiras), Raça Rubro-Negra (Flamengo), Leões da TUF (Fortaleza) e Torcida Jovem Amor Maior (Ponte Preta).
“Deveremos chegar a no máximo 15. Algumas não estavam em linha com o que enxergamos”, diz o executivo. A ideia da empresa é gerar engajamento e conhecimento entre os fãs de esportes sobre como funciona o mundo das apostas.
O galera.bet, segundo Rosada, não repassa dinheiro às torcidas. Contribui com ajuda de custo e zela pela devida aplicação dos recursos em ações culturais e sociais das parceiras, como aluguel de mesas e cadeiras para festividades, confecção de camisas, faixas e mosaicos para eventos e shows em suas quadras e em estádios. Em troca a marca é estampada em banners físicos, faixas e camisetas, além de postagens nas redes sociais.
Além desse projeto, a empresa patrocina os times de futebol masculino e feminino do Corinthians, além da divisão de elite masculina do Brasileiro. “O acordo com o Corinthians é de R$ 40 milhões no total, por cinco anos [2021 a 2025]”, disse o executivo. Já o vínculo com a CBF terá a duração de três anos (2022 a 2024), mas o montante envolvido não foi divulgado pelas partes.
Pertencente à Playtech, uma das maiores empresas do mundo em tecnologia para jogos, o galera.bet tem operações baseadas na Bulgária, Chipre, Gibraltar (Espanha) e Tel Aviv (Israel), e vive a expectativa pela regulamentação dos jogos de apostas. A demora é creditada à falta de conhecimento dos políticos em relação aos jogos.
Na visão do executivo, o melhor artifício que o governo pode utilizar para levar segurança aos apostadores é regulamentar as apostas. “Isso contribuiria para a questão de prevenção à lavagem de dinheiro e de educação no jogo.”
Rosada lembra que a aposta faz parte da rotina do brasileiro. “Na Mega Sena da Virada registra-se uma venda de mais ou menos 70 milhões de bilhetes. É muita coisa”, disse, ao destacar que existe “um falso preconceito ou uma falta de conhecimento que assusta.”
Segundo ele, a média mundial do tamanho de uma loteria corresponde a 0,56% do Produto Interno Bruto (PIB) de um país. Na Itália, nos Estados Unidos e na França, por exemplo, a média varia de 0,9% a 1,8%. No Brasil é de apenas 0,2%. “É um segmento muito mal explorado. Você tem um cara sozinho [Caixa]. Aí se acomoda”, afirmou o CMO. Para ele, o segmento poderia crescer cinco vezes em até dois anos.
Regras
No galera.bet é estipulado um mínimo de R$ 10 para o jogador depositar (banca), e a aposta mínima parte de R$ 1. Toda a transação é realizada via Pix, o que ajuda a identificar o pagador e o destinatário, além de a plataforma só aceitar dinheiro proveniente do CPF cadastrado. "Estamos formando uma base de clientes limpa. Sem a inclusão de CPFs falsos ou o uso de robôs para a criação de múltiplas contas.”
As iniciativas, disse ele, ajudam no combate à lavagem de dinheiro. O mercado nacional está na mira de pelo menos 400 empresas pelo mundo. Além do galera.bet, outras 24 bandeiras já operam no país, como bet365 e sportingbet. As marcas podem ser vistas em camisas de times, placas de futebol e anúncios em TV. Uma aposta sem fim no potencial do jogador brasileiro.
Fonte: Angelo Verotti / Istoé Dinheiro