Ludovico Calvi, uma das maiores autoridades mundiais em integridade esportiva e especialista em loterias e apostas esportivas, esteve no Brasil durante a BFEXPO 2022, onde participou de painéis e reuniões para discutir a regulamentação do setor e temas como patrocínios, regulação e integridade esportiva.
Em conversa com o GMB, o CEO da Global Lottery Monitoring System admitiu que o processo de regulamentação está demorando muito para chegar à implantação do decreto que irá implementar e lançar oficialmente um mercado que já existe. Mas entende que o Ministério da Economia está fazendo um trabalho sério e focado na busca pelas melhores práticas internacionais.
Ele comentou que já foi consultado em diversas oportunidades pelas autoridades à frente da regulamentação e que tem sido gratificante ver que o Ministério da Economia está atento às questões que envolvem a integridade esportiva. Segundo Calvi, “estão buscando implementar, no decreto de regulamentação, processos certos para criar uma plataforma de integridade certificada”, que é será muito importante para todo o ecossistema.
Para ele, o combate à manipulação de resultados para garantir a integridade esportiva é um caminho comum e adotado por todo o setor. “O mundo do esporte é vulnerável e temos de aumentar o nível de vigilância”, comentou, destacando que as casas de apostas patrocinam o monitoramento, estudos e cursos de formação sobre a integridade no esporte. “É importante ter um monitoramento global no mundo inteiro”, afirmou.
Games Magazine Brasil – Como você vê o atual momento do setor de apostas esportivas no Brasil?
Ludovico Calvi – Acho que é uma grande oportunidade para o Brasil regular e lançar oficialmente um mercado que já existe e que ainda não tem o decreto de implementação. Acho que os clubes, entidades esportivas, operadores e o regulador estão trabalhando para criar as condições de mercado o mais sustentável possível. O objetivo é legalizar as apostas esportivas no Brasil e também oferecer uma oportunidade para os investidores estrangeiros e locais de criar as condições de emprego que o Brasil precisa.
E não está demorando demais para chegar essa regulamentação, já que a lei que criou as apostas esportivas foi aprovada há quase quatro anos?
Sim. Acho que nestes últimos oito meses tinha um projeto de desenvolvimento no Ministério da Economia, que está trabalhando para criar as condições, estrutura, times, competências e melhores práticas, estudando as lições aprendidas nos outros países para trazer ao Brasil um modelo inovador não só para o país, mas também para a América Latina e até mesmo para os Estados Unidos.
Como um dos principais especialistas do setor, você tem sido consultado pelas autoridades brasileiras para contribuir para a regulamentação?
Sim. Fui consultado em temas de integridade nos esportes. Sou presidente de uma plataforma mundial de integridade, com sede na Suíça, e escritórios em Hong Kong, na Ásia, Europa, Dinamarca e Canadá. Monitoramos possíveis manipulações de resultados no mundo inteiro. O que o Ministério da Economia está fazendo? Estão buscando implementar, no decreto de regulamentação, processos certos para criar uma plataforma de integridade certificada. Quando os operadores comprarem a licença ou autorização, poderão usar os serviços dessas plataformas mundiais de integridade. Não é só o jogo responsável e a proteção do consumidor, mas a integridade esportiva é muito importante para todo o ecossistema. Estamos na maior feira de futebol do mundo e é importante que também os atletas sejam protegidos.
Integridade é um segmento bastante sensível dentro do setor de apostas esportivas!
Sim. É muito importante. A Global Lottery Monitoring System faz treinamentos para oficiais e polícias em todo o mundo, explicando como a manipulação de resultados acontece e como as organizações criminais atual. Elas cresceram a partir da pandemia, quando começaram a comprar clubes de séries B e C com o objetivo de manipular resultados no futebol. O mundo do esporte é vulnerável e temos de aumentar o nível de vigilância.
E as casas de apostas não têm o menor interesse na manipulação de resultados. Elas são as principais vítimas!
Com certeza. As casas de apostas patrocinam o monitoramento, estudos e cursos de formação sobre a integridade no esporte. Elas explicam o fenômeno da manipulação, que é global. O jogo em um continente acaba sendo explorado em outro país e o dinheiro resultante da manipulação acaba indo para um terceiro. É muito difícil para as polícias do mundo inteiro encontrar todo o processo dessa rede que está conseguindo manipular os resultados. Então, é importante ter um monitoramento global no mundo inteiro.
Então é importante que na regulamentação seja bem consagrado esse tema?
Isso. As melhores práticas existem e o Brasil tem as condições de implementar aquilo que já existe. Como não é um fenômeno local, mas sim global, é muito importante que os standards sejam altos e as melhores práticas, seguidas.
Fonte: Exclusivo GMB