MAR 26 DE NOVIEMBRE DE 2024 - 01:24hs.
Umas das preocupações dos clubes e operadores

PL aprovado na CAE retira medidas mais restritivas à publicidade de apostas esportivas e jogo online

A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE) aprovou o projeto que regulamenta a atuação de empresas de apostas esportivas no Brasil. O texto, que ainda seguirá para votação em Plenário, retira as medidas mais restritivas que preocupavam operadores e clubes, mas prevê a criação de regras para mensagens éticas e que não estimulem o vício em jogo.

O assunto vem tramitando na casa há um bom tempo e demandando diversas discussões e publicações de emendas que abrangem desde o percentual de tributação que essas empresas devem pagar bem como as regras para ações de marketing e comunicação publicitárias.

A proposta ainda terá de ser aprovada no Plenário do Senado e em nova votação na Câmara, algo que deve acontecer nas próximas semanas.

Em termos gerais, a Comissão aprovou a taxação de 12% sobre as empresas de apostas e de 15% em relação aos prêmios que serão pagos aos apostadores.

Além disso, o projeto determina que a empresa de apostas tenha sede no Brasil e que submeta aos órgãos competentes uma série de documentos para a autorização de sua atuação.

Publicidade das empresas de apostas

Um dos temas que permeou as discussões da CAE foram as atividades de publicidade e marketing das bets.

Em julho, o governo publicou medida provisória que regulamentava a atuação das empresas do segmento de apostas esportivas. Nesse texto, ficou determinado que o Ministério da Fazenda, junto ao Conar, teria a função de criar uma espécie de código de ética para as campanhas e ações publicitárias de empresas de apostas.

A principal preocupação manifestada pelo governo é a de que a publicidade de empresas de apostas possa estimular a compulsão pelo jogo. Também foram discutidas maneiras de proteger o público mais jovens de abordagens que poderiam relacionar às apostas ao ganho de dinheiro de forma fácil.

Regras para publicidade de empresas de apostas e polêmicas com clubes

O assunto da publicidade gerou diversas emendas no projeto, que chegaram a propor restrições mais severas para a exibição de mensagens de casas de apostas na mídia.

Uma emenda que mais gerou controvérsias foi a 38, que determinava a suspensão de qualquer veiculação publicitária de empresas de apostas das 6h até as 23h, em qualquer meio de comunicação.

A mesma emenda trazia outra determinação que gerou protesto por parte dos clubes de futebol brasileiro: a proibição de que casas de apostas patrocinem os times ou atletas.

Em conjunto, mais de 30 clubes do país divulgaram uma carta na qual apontam que a medida traria prejuízos financeiros ao esporte.

Essa e outras medidas mais restritivas, no entanto, foram alteradas e ficaram de fora da proposta final. De modo geral, a Comissão apontou que o segmento deve definir padrões éticos em sua regulação, mas que a melhor forma para isso é o incentivo à autorregulamentação.

O projeto determina que o Ministério da Fazenda elabora o conjunto de regras e padrões éticos que as mensagens publicitárias de casas de apostas precisam ter.

A regulamentação deve abordar aspectos como avisos de desestímulo ao jogo, advertências sobre os malefícios do jogo, ações de conscientização, códigos de conduta e restrições à publicidade para evitar o seu direcionamento a menores de idade”, diz o projeto.

A respeito da restrição proposta na emenda 38, a Comissão considerou que a regra poderia conflitar com princípios constitucionais. “Entendemos que as vedações sugeridas são amplas e podem conflitar com o princípio constitucional da livre iniciativa e da liberdade de contratar”, explica o texto.

O projeto também traz definição a respeito da participação de atletas individuais em mensagens publicitárias. Embora a comissão veja a intenção de tal emenda como meritória, optaram por rejeitá-la pelo entendimento de que tal medida se enquadra melhor na regulamentação do próprio setor publicitário ou do Ministério da Fazenda.

Fonte: meio&mensagem