O Estado de São Paulo - A Salsa é a favor da regulamentação do setor?
Peter Nolte - A Salsa Technology, é e sempre foi a favor da regulamentação, porém a regulamentação tem que ser boa para todas as partes envolvidas:
(1) para o órgão regulador/governo, para poder cobrar impostos, criar medidas apropriadas de proteção ao jogador e lavagem de dinheiro entre várias outras,
(2) para que o jogador tenha uma boa experiência de entretenimento, navegabilidade e transparência, e
(3) o operador, que precisa ter incentivo para investir, criar empregos, e ter um negócio lucrativo e sustentável.
O que a Salsa achou do texto da medida provisória elaborado pelo governo federal?
Acho importante publicar a regulamentação após mais de 4 anos da publicação da Lei 13.756.
Não está perfeito e precisa de ajustes para poder cumprir com os 3 pontos mencionados acima. Porém acreditamos que esta correção poderá vir em tempo através de portarias a serem publicadas com mais detalhes e definições.
Quais medidas a Salsa já tomou e quais outras pretende tomar para se proteger e, sobretudo, proteger a integridade do jogo?
A Salsa é uma provedora de tecnologia para indústria do jogo, fornecemos :
(1) a Plataforma PAM que alguns chamam de “backoffice”, devidamente certificada por laboratórios profissionais internacionais, como a GLI, BMM e vários outros,
(2) Plataforma de Apostas Esportivas que fornece todos os mercados, cotações (odds) e um algoritmo de controle de risco para o operador,
(3) conteúdo como jogos de esporte virtuais, estatísticas e
(4) um Sistema de gerenciamento para os órgãos reguladores, que é conhecido como COFRE.
Toda a empresa, colaboradores, tecnologia e produtos estão devidamente preparados e desenvolvidos para a indústria do jogo regulamentada, inclusive com certidões e licenças.
A Salsa tem um sistema de inteligência ou ferramenta de monitoramento para coibir os esquemas?
No que diz respeito à integridade esportiva, a plataforma de aposta conta com sistemas integrados de monitoramento, que disparam alertas quando aparecem apostas que fogem do padrão e que desafiam as odds. Podemos até comparar com os sistemas que regulam o sistema financeiro e o sobe e desce das bolsas.
Existem estatísticas e estudos de probabilidades que disparam alertas para o CVV quando algo parece “fora da curva”, podendo sugerir o vazamento de uma informação privilegiada. É o mesmo com os esportes. Apostas muito altas em resultados muito improváveis dispararam alertas e esta é mais uma vantagem do mercado regulado. Quando mais visibilidade para isso tudo, mais protegidos estão os jogadores e os esportes.
Por outro lado, como dissemos antes, temos o COFRE Salsa Safe, um Sistema de Gerenciamento essencial para os órgãos reguladores e controladores poderem fazer a gestão junto à todos os operadores que estejam devidamente licenciados e autorizados. Dessa forma, podem controlar todos os pontos da regulamentação, inclusive a tributação, pagamento dos prêmios em “real time”. Para isto os operadores são obrigados a integrarem suas plataformas (back office) ao Sistema de COFRE do regulador. Isto é essencial para o gerenciamento e controle dos operadores.
O que explica os diversos casos de fraudes identificados no futebol brasileiro envolvendo punições de atletas por cartões amarelo e vermelho?
Não que isso seja justificativa, mas o fator econômico é o principal fator que leva ao fato de alguns profissionais se deixarem corromper. Principalmente em categorias de base e divisões e times que não frequentam a elite do futebol brasileiro, mais de 80% dos atletas ganham menos que um salário-mínimo durante a temporada de jogo e desta forma são facilmente seduzidos a realizar atos ilícitos.
Os casos identificados no Brasil são denominados tipicamente por "match fixing", ou seja, a manipulação de resultados de uma partida. É uma realidade relacionada com a atividade desportiva e não relacionada com os operadores de apostas esportivas, principalmente aqueles regulados. As apostas esportivas on-line, conferem um grau de segurança limitando muitíssimo a possibilidade de fraude. Todos os usuários são devidamente cadastrados e passam por um processo de confirmação de identidade, todos o depósito e saque são devidamente validados, assim como os equipamentos, localização e meios que o usuário dispõe para acessar a um site de apostas e realizar a sua aposta. É como dissemos antes. Só a regulamentação garante que todos os esforços para evitar esses casos, até porque a tendência é que os jogadores, pela sua própria segurança, passem a apostas apenas em operadores regulados.
Existe algum país em que a empresa saiba que tenha feito um trabalho de combate a este problema e possa servir de exemplo para o Brasil?
Esta semana tivemos a oportunidade de participar da 2ª Cúpula da Integridade Esportiva Brasileira onde se compartilharam diferente pontos de vista sobre o tema. Thiago De Andrade Horta Barbosa Especialista em Manipulação de Resultados no Brasil do Comité Olímpico Brasileiro compartilhou alguns exemplos de como a Espanha na La Liga e La Copa da Alemanha estão trabalhando para prevenir e combater a fraude no esporte. Inclusive recomendo que assistam o vídeo de Thiago de uma entrevista feita esta semana, que trata destes pontos referentes à fraude no esporte.
Acreditamos que em primeiro lugar todas as ligas e associações esportivas deveriam ter programas de capacitação para os atletas, para educá-los sobre como identificar, recusar e denunciar esse tipo de abordagem. Isso vale tanto para o esporte profissional, quando amador organizado em ligas, sem esquecer dos eSports. Claro que a remuneração justa dos atletas também é importantantíssima. A constante melhoria dos algoritmos de detecção de fraude também desempenha papel fundamental nessa missão.
Algumas empresas que já vem executando um bom trabalho nesta área é o caso da organização GovRisk que já vem ajudando grupos que trabalham exclusivamente em projetos relacionamos a integridade e anticorrupção. A empresa Genius Sports, por exemplo, com quem trabalhamos em conjunto, é um parceiro oficial de tecnologia e publicação de dados conectado a várias destes grupos e organizações que proporcionam soluções de integridade e anticorrupção.
Fonte: O Estado de São Paulo