MAR 26 DE NOVIEMBRE DE 2024 - 13:45hs.
Primeira reunião

CPI das apostas esportivas aprova plano de trabalho e convites para que MP-GO ofereça subsídios

Aberta pelo presidente da CPI das apostas esportivas, Júlio Arcoverde (PP-PI), a sessão desta terça-feira, 23, aprovou convites para que membros do MP de Goiás compareçam e deem os esclarecimentos e colaborarem com subsídios destinados às investigações na Comissão. Além disso, o plenário aprovou o plano de trabalho que definiu o dia 28 de setembro para entrega do relatório final.

Os requerimentos de convocação e convite foram votados em blocos após as dúvidas de alguns deputados serem sanadas pelo presidente da Comissão, Júlio Arcoverde (PP-PI).

Antes mesmo do início da votação, o deputado Jilmar Tatto (PT-SP), pediu que não se conduzam os trabalhos na forma de audiências públicas e sim depoimentos, sejam de convidados ou de convocados, na própria reunião da CPI, para não atrapalhar os rumos das investigações.

Tatto afirmou esperar “que nada aconteça para o futebol brasileiro porque é a paixão nacional e que une o país. Com pessoas agindo no sentido de burlar o resultado, essa paixão vai embora. O esporte não pode cair em descrédito no Brasil. Vai depender de nós, da polícia e do Ministério Público estancar isso”.

 

 

Ficou decidido o convite para que Fernando Cesconetto, promotor do Ministério Público de Goiás, e Cyro Terra Peres, procurador-geral de Justiça do MP-GO, sejam ouvidos pelo grupo de maneira a esclarecerem tudo o que vem sendo investigado pelo MP-GO.

Também foi aprovado o pedido ao Ministério Público do Estado de Goiás para que o órgão repasse todas as informações e acervo documental e jurídico existentes para subsidiar os trabalhos da CPI.

 

Plano de Trabalho da CPI que investiga a manipulação de resultados no futebol brasileiro by GAMES MAGAZINE BRASIL on Scribd

 

Manipulação e lavagem de dinheiro

O deputado Ricardo Silva (PSD-SP) disse que a CPI precisa avançar no aspecto de investigação sobre lavagem de dinheiro, “já que há muito dinheiro em jogo sendo usado para patrocinar as ações criminosas”.

A CPI deve elaborar legislação sobre as apostas esportivas que dê segurança para a atividade e para que os amantes do futebol se sintam prestigiados por apoiar seus clubes do coração”, defendeu a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA).

A manipulação de resultados no futebol é um tipo criminal que apresenta tentáculos em todo o planeta e o Brasil é líder mundial nos casos suspeitos segundo relatório da Interpol. O que investigaremos nesta CPI é a ponta do iceberg de um esquema criminoso que envolve altas cifras e muitos personagens do ecossistema mundial de futebol”, afirmou o deputado Delegado da Cunha (PP-SP).

Segundo ele, mais de R$ 13 bilhões saíram pelas fronteiras brasileiras sem fiscalização e sem pagamento de impostos apenas no primeiro trimestre deste ano pelo setor de apostas esportivas sem regulamentação. “É o terreno fértil para o crime continuar prosperando. Além de ouvirmos e aprofundarmos as investigações, esta CPI terá a missão de alargar o debate quanto aos mecanismos atualmente utilizados pelas entidades esportivas, casas de apostas e governo no combate à prática”, disse o Delegado da Cunha.


Plano de trabalho

O deputado André Figueiredo (PDT-CE), vice-presidente da CPI, sugeriu que todos os requerimentos (mais de 130 até o momento em que ocorria a primeira reunião) fossem votados em bloco na próxima reunião para evitar que a Comissão se prolongue por muito tempo apenas nas discussões e votações de requerimentos.

 

 

Em seguida, apresentou o plano de trabalho, destacando que o final da CPI acontecerá no dia 28 de setembro. O cronograma será:

23 de maio – apresentação e votação do plano de trabalho

30 de maio a 13 de julho – reuniões, audiências públicas, missões oficiais e outras diligências

18 a 31 de julho – recesso parlamentar

1 de agosto a 14 de setembro – continuação dos trabalhos de reuniões, audiências, missões e diligências

Até 18 de setembro – apresentação da proposta de relatório da CPI

19 e 21 de setembro – discussão da proposta de relatório da CPI

26 e 28 de setembro – votação da proposta de relatório da CPI e encaminhamento à Presidência da Câmara dos Deputados.


O deputado Áureo Ribeiro (Solidariedade-RJ) disse que alguns pilares devem nortear a atuação da CPI. “A Comissão deve ter o foco em apurar toda armação criminosa envolvendo aposta no futebol brasileiro, mas deve criar diretrizes para nortear atividade pedagógica do atual cenário de jogo de azar e plataformas hospedadas fora do país”.

Segundo ele, “somos obrigados a entender claramente esse novo segmento não regulamentado, uma atividade econômica, ouvindo os gestores do Executivo que possam informar com precisão todo o funcionamento logístico e operacional das plataformas, que se proliferam em nosso país”.

Ele disse que alguns questionamentos precisam ser feitos ao Executivo e ao novo segmento que deseja ser regulamentado. “Precisamos saber se as plataformas possuem lastros financeiros dos depósitos e qual a garantia do apostador brasileiro de que seus prêmios serão pagos. Devemos entender também como elas irão tratar adictos e vulneráveis”, defendeu.


CBF não cumpriu seu papel

Ao se manifestar sobre a forma de trabalho da CPI, o deputado Yury do Paredão (PL-CE) afirmou que a CBF não fez o papel que deveria ter feito. “Com esses escândalos a CBF deveria ter tomado as devidas iniciativas, já que esse é o seu papel e não nosso, os deputados”.

 

 

Quero repudiar a atenção da CBF para com o futebol brasileiro. O presidente da entidade não está preocupado em cuidar da grande paixão nacional que é o futebol, monitorando as competições estaduais nem o Campeonato Brasileiro”, reforçou.


Regulamentação já

O deputado Leur Lomanto Jr. (União-BA) pediu objetividade nas discussões da CPI e defendeu que as apostas sejam regulamentadas o mais rápido possível.

As casas de apostas injetam muito dinheiro em praticamente todos os clubes e não podemos menosprezar a importância desses recursos para o futebol brasileiro. As casas de apostas têm um papel muito importante e a atividade precisa ser regulamentada”, afirmou.

 

 

Ele completou que “quem manipula os resultados não são as empresas (casas de apostas) são os bandidos e os jogadores que estão envolvidos nessas falcatruas. As leis devem ser endurecidas e os atletas que cometerem ilegalidades, banidos e uma vez por todas do futebol brasileiro”.

O deputado Bacelar (PV-BA), incansável defensor das atividades de jogos e apostas no Brasil, disse que “não estamos aqui para criminalizar as apostas esportivas, principalmente por ser uma atividade que dá receita, gera empregos e dá lucro no mundo todo. Precisamos ter foco e não podemos esquecer que o governo passou quase cinco anos sem regulamentar a atividade”.

 

 

Fonte: GMB