MAR 26 DE NOVIEMBRE DE 2024 - 13:42hs.
Khalid Ali, CEO da entidade

"A IBIA está pronta para colaborar e garantir que o Brasil tenha um mercado de apostas competitivo"

Em entrevista a VEJA, Khalid Ali, CEO da IBIA, entidade que representa um conjunto de 120 casas de apostas esportivas que movimentam mais de 137 bilhões de dólares no mundo, pede que, caso seja comprovada a interferência e manipulacao nos jogos como apura o Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO), aplique-se “sanções severas” aos envolvidos.

A Associação Internacional de Integridade nas Apostas (IBIA, na sigla em inglês) tem acompanhado de perto a má repercussão do mercado de apostas diante do escândalo que envolve a manipulação de jogos nos principais torneios de futebol do país.

Ali foi convocado na última segunda-feira, dia 22, pelo deputado André Figueiredo (PDT-CE) a prestar depoimento na CPI da Manipulação das Partidas de Jogos de Futebol.

O CEO da entidade diz que a única forma de mostrar que demais acusações do tipo não serão toleradas é por meio da punição severa e que recebe alertas de casos semelhantes em outros esportes. “A IBIA recebeu alertas em sua cobertura de sete esportes diferentes no Brasil entre 2018 e 2022. Ou seja, isso não é apenas uma questão de futebol”, afirma ele.

“Embora precisemos ressaltar que 99,9% dos mercados de nossos membros não tenham alertas de apostas suspeitas, é necessário um esforço coletivo e intersetorial para identificar e eliminar a corrupção e impedir a infiltração de criminosos e atividades criminosas no esporte do Brasil.”

Ali reforça a visão de que as casas de apostas são vítimas de fraudadores do sistema e que são as principais interessadas na resolução dos casos. “As casas de apostas têm todo o interesse em cooperar e ver as sanções impostas. A IBIA e seus membros estão prontos para fazer sua parte e colaborar com os formuladores de políticas para garantir que o Brasil aproveite todos os benefícios de um mercado de apostas dinâmico e competitivo, reduzindo os riscos de manipulação de resultados”, complementa ele.

Em 2021, a entidade lançou um guia de melhores práticas para o mercado. O documento aponta que a perda das plataformas por casos de manipulação de resultados mundo afora chega a cerca de 25 milhões de dólares ao ano e que casos assim podem afastar o consumidor.

“O custo em termos do impacto da reputação na integridade do mercado de apostas esportivas é muito mais difícil de se avaliar, mas claramente os consumidores relutam em se envolver em um produto que acreditam poder ser manipulado”, admite o executivo.

Um projeto de lei, aprovado em 2018, durante o governo de Michel Temer, previa a liberação e regulamentação desse mercado no país, mas seu sucessor, Jair Bolsonaro, com medo de causar intriga com sua base de apoiadores, optou por não seguir com o projeto, deixando o segmento em uma espécie de limbo. Hoje, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva analisa possibilidades para que a atividade gere receita para os cofres públicos.

“A regulação do mercado de apostas brasileiro é um passo crucial para abordar questões de integridade no mercado, com supervisão regulatória, monitoramento e denúncia de apostas suspeitas de acordo com os protocolos de seguranças dos operadores do mercado. Isso protegerá não só o mercado, como os esportes e também os consumidores, direcionando-os para empresas responsáveis”, conclui Ali.

Fonte: Veja