“O modelo adotado na França acho que pode ser adotado no Brasil, com a criação de uma agência reguladora. Lá é proibido apostar em acessórios do futebol, como escanteios, pênaltis, cartão amarelo, lateral etc. Você aposta no resultado do primeiro tempo, do segundo tempo e no resultado final. Acho que isso você já tira muito da manipulação”, disse Arcoverde ao “ge”.
Para o deputado, as funções da CPI devem ir além das punições, com projetos de regulamentações e fiscalizações das apostas no Brasil.
“A CPI tem que ser fundada na punição, mas também propositiva. Que paralelo à CPI, a gente possa preparar um projeto de lei para fazer uma regulamentação junto com o Ministério da Fazenda. Posso citar a França, que tem uma agência reguladora de apostas. São várias propostas, estamos estudando o que está acontecendo no mundo, porque não é um problema só do Brasil”, concluiu.
“Sportradar no radar”
Na reunião ocorrida na tarde desta terça-feira, 20, que ouviu o ex-jogador Romario, o relator Felipe Carreras (PSB-PE) confirmou que a Sportradar será ouvida. “A Sportradar está no radar”, disse, associando o nome da empresa ao fato de que pretendem chamá-la, afirmando que estão faltando alguns detalhes para que ela compareça.
Felipe Carreras citou que foi ela quem disse que o Brasil é o país onde há o maior indício da prática em todo o mundo. Também deixou claro que casas de apostas serão chamadas “no tempo certo”.
As afirmações do relator ocorreram após o presidente em exercício da CPI, deputado André Figueiredo. (Bloco/PDT – CE), ter dito que esteve em visita à Federação Francesa de Futebol e que “eles têm hoje uma agência nacional de jogos. E uma das questões proibidas na França foram apostas sem ser em resultados, sejam eles parciais, do primeiro tempo, sejam finais, do jogo como um todo. Todas essas apostas de cartão amarelo, pênalti, laterais e escanteios, a Federação Francesa oficialmente não reconhece e não aposta”.
Carreras, então, afirmou que “a Sportradar presta serviços para a Federação Francesa de Futebol e inúmeras outras federações, com ferramentas para detecção de manipulação de resultados”.
“Ela será trazida. Foi a Sportradar que disse que o Brasil é o país onde há o maior indício de manipulação de resultados do mundo. É algo extremamente preocupante”, prosseguiu.
Por fim, Carreras lembrou que o Brasil precisa de uma legislação moderna para o jogo. “Do G20, só o Brasil e a Indonésia não têm o jogo legalizado. Precisamos legalizar, arrecadar e ter leis claras. Temos de criar uma agência reguladora que tenha sua ferramenta tecnológica de integridade”.
Mais requerimentos na pauta desta quarta
A CPI-FUTE tem nova reunião nesta quarta-feira, 21, quando votará 24 requerimentos de convocações e convites, entre jogadores envolvidos com a manipulação de resultados, presidentes de clubes e dirigentes de entidades de arbitragem, entre outros.
Também serão convidados a falar na CPI o professor Wladimyr Camargo e José Francisco Manssur, do Ministério da Fazenda, para falarem sobre a legislação atual, a regulamentação das apostas esportivas e a legislação de outros países.
O convite para que Guilherme Buso, CEO da ABRADIE e executivo de contas Brasil da Genius Sports, preste informações sobre integridade no esporte está entre os itens da pauta.
Além disso, será apreciado o requerimento do deputado Kiko Celeguim (PT-SP) que requer informações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a regulamentação da Lei 13.756/2018, que legalizou as apostas esportivas no Brasil.
Fonte: GMB