“Quando se fala em esporte é importante lembrar que até cinco anos atrás, a manipulação envolvia apenas o resultado (vitória, empate ou derrota). Hoje, a manipulação é sobre ações [individuais]. Precisamos até dar um nome correto para isso”, disse Guilherme Buso, executivo de contas Brasil da Genius Sports, destacando que “há um novo tipo de manipulação ainda não entendido pelos atletas”.
Em recente entrevista ao GMB, o executivo afirmou que os jogadores muitas vezes não acham que estão manipulando um resultado por receber um cartão ou fazer um escanteio. Na Confut ele reforçou esse conceito e destacou que “ao eliminar a imprevisibilidade da partida, está sim manipulando”.
A Genius é uma empresa líder global em dados, tecnologia e serviços de integridade, com parcerias que envolvem as principais ligas e confederações esportivas em todo o planeta, entre elas a NFL, Premier League e Federação Alemã de Futebol. No Brasil, entrega seus serviços de dados à Liga Nacional de Basquete, Confederação Brasileira de Vôlei e Liga Nacional de Futsal.
Educação e proteção
Nessa linha, João Santos, da Stats Perform, aponta a educação como um fator crucial para o combate à prática da manipulação. “O atleta precisa saber que está ajudando no esquema de manipulação de apostas ao realizar algum ato que interfira no resultado de uma partida. Além disso, não entra em sua cabeça que tanto ele quanto seus familiares não podem apostar”.
“Esse ‘boom’ de jogadores do Brasileirão envolvidos em manipulação já aconteceu em diversos países e isso se resolveu com a regulamentação do setor. Por isso, é importante que o mesmo aconteça no Brasil para que o mercado se desenvolva de forma correta e controlada”, destacou.
“Regulamentação traz regras para as casas de apostas e proteção aos apostadores. Mas o momento é esse, pois mesmo sem a regulamentação ter sido lançada, as entidades esportivas podem e devem começar a educar atletas, treinadores e árbitros”, completou.
Punição exemplar
Os especialistas defendem que, além da educação, é importante haver punição exemplar para combater a manipulação de apostas e que as empresas que examinam a integridade esportiva têm papel fundamental par coibir esse tipo de ação por suas ferramentas modernas para identificar e relatar práticas criminosas.
“O jogador tem de entender que ele vai ser pego, pois o sistema de detecção de fraudes está cada vez mais avançado, inclusive com o uso da IA”, apontou Robson Silveira, diretor de patrocínios LatAm da Sportradar, que já atua em diversas regiões regulamentadas e, na América Latina, possui contrato para direitos de áudio e vídeo e dados de apostas esportivas das principais competições da Conmebol, como Libertadores e Copa Sul-Americana.
“Para que vocês tenham uma ideia, nosso sistema baseado em IA conseguiu pegar 40% das manipulações de apostas que ocorreram no ano passado. Foram mais de 1.200 em todos os esportes. E o sistema não atua sozinho. Ao apontar algum tipo de suspeita, nossos analistas irão examinar a indicação e informar a entidade, como já ocorreu em diversas ocasiões também aqui no Brasil”, afirmou Robson Silveira.
Fonte: GMB