MAR 26 DE NOVIEMBRE DE 2024 - 09:50hs.
Fabiano Jantalia e Tiago Gomes

Advogados apontam algumas mudanças que virão com a regulamentação das apostas esportivas

A regulamentação das apostas esportivas no Brasil, muito próxima de acontecer, tem provocado muitas dúvidas sobre como será a atividade após a definição de regras claras para o setor. Os advogados Fabiano Jantalia e Tiago Gomes fazem uma análise sobre como será o futuro dos sportsbooks no país.

A Medida Provisória (MP) que trata da regulamentação do setor das apostas esportivas está próxima de ser despachada até sexta-feira (21) nas áreas de maior urgência. Entre elas, a tributação da atividade e a definição de sanções a empresas de apostas que descumprirem regras.

Depois do recesso do Congresso, a ideia é de que seja trabalhado um Projeto de Lei (PL) para tratar de temas mais espinhosos, como processos de aplicação das sanções e da estrutura da tributação.

A previsão do governo é arrecadar mais de R$ 6 bilhões por ano e retornar com algumas iniciativas, como a Lotex, uma loteria instantânea conhecida como “raspadinha”. Em edição extra do Diário Oficial da União de terça-feira (18), a MP cria cargos para a nova Secretaria de Apostas e Loterias, no âmbito do Ministério da Fazenda.

 Sites e casas de apostas no Brasil

De acordo com Fabiano Jantalia, sócio-fundador do Jantalia Advogados e especialista em Direito de Jogos, a regulamentação de setores econômicos, como o de apostas esportivas, não é uma questão do governo, mas sim, uma questão do Estado.

O governo, ao que parece, está aparentemente se baseando na premissa de que grande parte dos operadores de apostas esportivas vão se estabelecer no Brasil. Para isso, o Marco Regulatório precisa ser minimamente convidativo e ter uma estrutura de incentivos para os agentes que seja factível”, aponta o advogado.

Para ele, a regulamentação contribuirá, também, para a segurança do apostador, já que as casas de apostas deverão se instalar no Brasil.

Nesse cenário, as casas de apostas, a maioria virtuais, exploram o mercado brasileiro a partir de suas operações no exterior. Isso cria uma dificuldade também ao apostador. Se não há restrições práticas para que ele faça apostas nesses sites, há limitações para o caso de ele ser lesado”, diz Jantalia sobre a necessidade de proteção ao jogador.

Ele reforça que “perde o país, que não pode recolher tributos. E perde o consumidor, que não tem ninguém a quem recorrer. Para você ajuizar uma ação, você vai precisar indicar um endereço, um responsável legal, uma sede, um CNPJ, e ainda que você localize alguém, você também vai precisar de ter patrimônio para ser executado”.

Equilíbrio fiscal, geração de empregos e manipulação de resultados

As apostas esportivas movimentam dezenas de bilhões de reais ao ano. Com a regulamentação, a estimativa é de mais de R$ 6 bilhões por ano, trazendo equilíbrio fiscal ao país e possibilidades na geração de empregos dentro do setor.

Sem a regulamentação, o governo fica impedido de arrecadar recursos que são importantes na perspectiva do equilíbrio fiscal, mas também na disposição de instrumentos que minimizem e fiscalizem manipulação de resultados, jogo patológico e lavagem de dinheiro”, aponta Tiago Gomes, sócio do Ambiel Belfiore Gomes Hanna e especialista em Regulação de Jogos e Apostas.

Transparência e segurança

Mais que benefícios para o Estado e para os apostadores, a regulamentação também promete um ambiente mais propício para o próprio operador dos sites e casas de apostas, conforme explica Tiago Gomes. “Isso acontece porque ele passa a ter mais transparência quanto aos requisitos para se operar legalmente no país, balizando de maneira objetiva aqueles que poderão seguir operando e aqueles que, por não atenderem os requisitos na regulação, não poderão fazê-lo”, conclui.

Fabiano Jantalia
Sócio-fundador do Jantalia Advogados e especialista em Direito de Jogos

Tiago Gomes
Sócio do Ambiel Belfiore Gomes Hanna Advogados e especialista em Regulação de Jogos e Apostas.