MAR 26 DE NOVIEMBRE DE 2024 - 09:27hs.
Thomas Carvalhaes, diretor

“Vaidebob buscará a licença apesar da alta tributação, que prejudica todos os operadores”

Em conversa exclusiva com o GMB sobre a Medida Provisória que regulamenta as apostas esportivas, Thomas Carvalhaes, diretor de Vaidebob, destaca o importante feito do governo ao editar a MP. Entretanto, como todo o mercado, ele foi surpreendido pela alta taxação. “Esperamos que isso seja revisto para não canalizar o setor para o mercado negro, como já aconteceu no México e em Portugal, por exemplo”.

A Vaidebob, casa de apostas esportivas com grande participação no mercado brasileiro de apostas esportivas, mostra-se animada com o primeiro passo do governo ao editar a Medida Provisória que regulamenta a atividade no Brasil.

Entretanto, o diretor da empresa, Thomas Carvalhaes, um profundo conhecedor deste mercado e com um currículo de palestras e seminários sobre o segmento, entende que o governo errou na mão ao definir uma taxação de 18% sobre o GGR. “Com os demais impostos agregados, chega-se a quase 40% de tributação, o que inviabiliza qualquer operação com rentabilidade”, afirmou ao GMB.

Para ele, é importante que o governo entenda que a atividade não pode ser levada a operar no mercado negro diante de um cenário de impostos que promovam o afastamento das casas de apostas sérias do mercado regulado.

A notícia é bem recebida do ponto de vista de progresso em relação à regulamentação em si, mas vem acompanhada de algumas preocupações, como a questão da tributação do apostador e também do operador, inclusive quanto ao valor da outorga”, disse.

Thomas destacou ainda que a Medida Provisória que regulamenta as apostas de quota fixa, não prevê as apostas em live odds. “Essa modalidade não está prevista na MP”.

Na avaliação do diretor da Vaidebob, existe o risco da não canalização dos operadores para o mercado regulado e “o risco mais acentuado é a proliferação de sites que não se interessam em pleitar a licença e escolham operar no mercado negro”.

Segundo ele, isso já aconteceu no México e em Portugal. “Em 2013, quando o setor foi regulamentado em Portugal, cometeram vários erros, entre eles a taxação sobre o rollover. Apenas dois permaneceram, mas ao longo do tempo, a entidade reguladora foi afinando sua estratégia e hoje faz sentido comercialmente para os operadores buscarem suas licenças em Portugal”, exemplifica.

A não contemplação do jogo online na Medida Provisória também é uma preocupação do setor e Thomas Carvalhaes diz que espera que as demais verticais sejam contempladas no futuro.  “A MP diz respeito apenas às apostas de quota fixa, que é uma vertical importante, mas isso agrava ainda mais a preocupação do custo da outorga em si e da tributação. Talvez até fizesse sentido comercial se as demais verticais tivessem sido incluídas. Ainda seria um custo alto, mas faria mais sentido”, analisou Thomas Carvalhaes. “A conta não fecha”, reforçou.

Indagado se a Câmara dos Deputados poderia deixar de aprovar a MP para ela caducar e lançar um Projeto de Lei abrigando outras modalidades de jogos, Carvalhaes disse que existe essa possibilidade. “Entra em campo um jogo político e tudo pode acontecer. Acontecerão muitos debates e vão acontecer muitas alterações”.

Do ponto de vista prático, o diretor da Vaidebob disse que a empresa irá se adequar às condições e diretrizes do governo. “Obviamente iremos continuar nos posicionando sobre nossas preocupações. Vamos respeitar e não iremos operar no mercado negro. Vamos pleitear a licença tão logo o cadastramento seja disponibilizado”, concluiu.

Fonte: Exclusivo GMB