JUE 19 DE SEPTIEMBRE DE 2024 - 13:01hs.
André Gelfi, presidente, Instituto Brasileiro de Jogo Responsável

Empresas de apostas querem trabalhar com o governo para desenvolver um novo setor econômico

O combate à manipulação de resultados tem sido motivo de muitas discussões no Brasil. Em artigo no O Tempo, André Gelfi, presidente do IBJR, defende a regulação das apostas para contribuir no desenvolvimento do setor e coibir a prática. “A aproximação da International Betting Integrity Association dos ministérios da Fazenda e do Esporte, intermediada por nós, indica um bom início de caminhada para a criação de uma legislação robusta”, destaca.

A manipulação de resultados não é novidade no esporte. São várias as razões que levam uma pessoa ou um grupo a tentar interferir de maneira ilegal na integridade de competições de várias modalidades ao redor do mundo. Agora o Brasil é a bola da vez no cenário mundial quando se fala no assunto.

Com o avanço das investigações do Ministério Público de Goiás em relação aos crimes envolvendo o principal produto esportivo do país, todas as entidades globais do esporte observam de perto como o país lida, nas esferas legal, política e desportiva, com as trapaças acontecidas ao longo de 2022 no esporte que é parte importante da identidade nacional.

A integridade do esporte alicerça-se única e exclusivamente no comprometimento dos atletas e equipes com o espírito competitivo. Se não houver disputa, não é esporte. E, se não for esporte, o envolvimento emocional de quem assiste e a movimentação econômica que orbitam o evento desaparecem, desencadeando um forte impacto social.

Pouca gente sabe, mas, para proteger a competitividade, as empresas do setor de apostas atuam juntas para garanti-la. Afinal, a imprevisibilidade é o que faz com que as pessoas se interessem por qualquer competição e, consequentemente, façam suas apostas conforme sua interpretação antecipada de cenários que possam acontecer em um evento. Ou seja, sem integridade não há risco. Sem risco, não há aposta.

É por isso que mercados regulados e entidades esportivas de todo o mundo enxergam o segmento das apostas esportivas como um aliado para combater o problema da manipulação de resultados.

Uma das lições mais emblemáticas desse esforço global trata justamente das opções de apostas, como os mercados de escanteios, cobranças de lateral, cartões e pênaltis. A proibição dessas categorias em alguns países não surtiu efeito em coibir as manipulações, porque num mundo globalizado os criminosos acabavam por fazer a mesma aposta em outros locais do planeta. Ou seja, o problema continuou a existir.

Para evitar esse tipo de situação, existe a International Betting Integrity Association (Ibia), entidade localizada na Bélgica e que é a principal guardiã da integridade esportiva no mundo. Ela faz o monitoramento global de apostas em conjunto com mais de 120 empresas, que operam em mais de 45 países. Diante de qualquer anormalidade, a Ibia envia alertas às principais entidades esportivas e autoridades legais onde a atividade é regulada.

A aproximação da Ibia dos ministérios da Fazenda e do Esporte, intermediada pelo IBJR, indica um bom início de caminhada para a criação de uma legislação robusta e a efetiva integridade das competições de todas as modalidades. A Ibia pode ajudar o Brasil a criar e adaptar parâmetros e preceitos já aplicados em mercados bem-sucedidos mundo afora.

Enquanto isso, as empresas do segmento aguardam com expectativa a regulação brasileira, para que possam trabalhar junto das esferas governamentais para desenvolver um novo setor na economia nacional, totalmente ambientado com o avanço tecnológico deste início de século.

André Gelfi
Diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR)