MIÉ 18 DE SEPTIEMBRE DE 2024 - 22:30hs.
José Venâncio, sócio da Hand

“Mercado regulado de apostas esportivas no Brasil vai promover fusões e fim de operações menores”

Uma pesquisa da Hand, assessoria independente e especializada na venda, compra e gestão de empresas, acaba de identificar que o setor de apostas esportivas cresceu mais de 160% nos últimos dois anos no Brasil, contra 10% globalmente. José Venâncio, sócio da companhia, analisa com exclusividade para o GMB alguns dos apontamentos do estudo e avalia que muitas fusões acontecerão no país.

A regulamentação do setor de apostas esportivas no Brasil está gerando grande interesse entre investidores e impulsionando a consolidação da indústria, de acordo com uma pesquisa recente conduzida pela Hand.

O estudo revela que o mercado de apostas digitais, popularmente conhecido como 'bets', testemunhou um crescimento impressionante de mais de 160% nos últimos dois anos, com quase 500 empresas atuando no país.

No cenário global, a Europa lidera o mercado de apostas esportivas online, com uma fatia de 40% a 45%, seguida pela Ásia com 30%. As Américas, por sua vez, respondem por uma parcela menor, com a América do Norte representando cerca de 15% a 20% e a América do Sul contribuindo com 10%. Entretanto, a regulamentação em países como o Brasil e a Colômbia está posicionando a América do Sul para um crescimento significativo.

A Medida Provisória 1.182 editada pelo Governo Federal em julho de 2023 trouxe a regulamentação para as empresas de apostas esportivas, estabelecendo a necessidade de uma licença de funcionamento, avaliada em R$ 30 milhões para um período de 5 a 10 anos, sujeita a análise, além de requisitos de pagamento de impostos.

Além da licença de funcionamento, os regulamentos incluem impostos sobre a Receita Bruta de Jogos (Gross Gaming Revenue - GGR), com uma alíquota de 18%, bem como um Imposto sobre o apostador, que cobrará 30% de Imposto de Renda sobre ganhos acima de R$ 2.112,00.

José Venâncio, sócio da área de fusões e aquisições da Hand, compartilha sua perspectiva sobre o cenário: "Enquanto o mercado global de apostas cresce a taxas de aproximadamente 10% ao ano, o mercado brasileiro está exibindo taxas superiores a 90% no mesmo período. Isso nos leva a crer que, em um futuro próximo, o mercado de apostas no Brasil poderá representar até um quinto do faturamento mundial."

No contexto nacional, as inovações tecnológicas, como o PIX, estão simplificando o acesso dos apostadores às plataformas e ampliando o potencial de receita, além da vasta população brasileira, da cultura digital robusta e a paixão pelo futebol, o mercado de apostas esportivas apresenta um imenso potencial.

No estudo, a Hand identificou que 67% dos brasileiros que apostam online, o fazem por entretenimento diversão, sendo o futebol a modalidade esportiva mais popular.

Na pesquisa, a empresa indicou que a bet365, Sportingbet, Betano e Betfair são as casas de apostas mais procuradas pelos brasileiros no google, tendo em conjunto mais de 30 milhões de buscas mensais (dados de 2022).

A Hand detectou a existência de 450 casas de apostas esportivas em operação atualmente no Brasil. Pelo levantamento, 247 são startups e não foram consideradas como empresas a serem incorporadas. José Venâncio acredita que elas deverão encerrar suas atividades com o passar do tempo e a consolidação do setor.

Esse número pode ser um indicativo de que há grandes espaços para fusões e aquisições quando a regulamentação do setor de apostas esportivas estiver totalmente definida.

Pelo levantamento, 35% das empresas têm faturamento anual entre R$ 5 milhões e R$ 50 milhões, enquanto apenas 15% (68 empresas) faturam mais de R$ 50 milhões. Na avaliação da Hand, esse universo de 35% é o mais passível de processos de fusão com grandes players mundiais, enquanto aquelas que faturam acima de R$ 50 milhões podem receber investimentos inclusive por fundos interessados no segmento ou pelos grandes players globais.

Enquanto os principais atores do mercado permanecerão, a regulamentação também abre portas para investidores e grandes grupos internacionais listados em bolsa.

Venâncio explica: "Estimamos que cerca de 15% das empresas atuais terão a capacidade financeira para se adequar a essa nova realidade regulatória. Isso cria uma janela de oportunidade para investimentos, uma vez que os investidores estão mais confiantes em alocar recursos em um setor formalizado. As empresas que não possuem a estrutura e capital necessários para se adaptar à legalização provavelmente serão absorvidas, o que contribuirá para a consolidação do mercado de apostas brasileiro, incluindo a entrada de grandes grupos globais por meio da aquisição de concorrentes locais."

Na visão de Thiago Martins, empresário do setor e parceiro da Hand no desenvolvimento deste estudo, o porte e economia de escala das empresas de apostas são fatores que farão a diferença conforme a evolução deste setor.

Como a oferta de produtos e as estratégias de marketing das casas de aposta são, de certa forma, comoditizadas, o setor se direciona a um cenário de competição de preços, no qual os players com maior fôlego financeiro e eficiência operacional tendem a dominar. Fato que não isenta as casas de médio porte de terem ativos interessantes para uma eventual aquisição. É uma conjuntura que já aconteceu em outros países, e que se vê através de conglomerados como Entain, Flutter, 888, entre outros”.

Sobre a Hand

A Hand é uma assessoria independente e especializada na venda, compra e gestão de empresas. A companhia acredita no poder transformador das pessoas, aliado à tecnologia e transparência. Dessa maneira, utiliza metodologias próprias para solucionar problemas complexos e gerar valor para as empresas. Para mais informações: https://www.handgc.com.br.

Fonte: GMB