Já consolidado no Brasil como um grande incentivador dos esportes, com destaque para o patrocínio à Série A do Brasileirão, o galera.bet passará a aceitar, a partir de janeiro de 2024, apostas em rodeios.
Com o mercado do futebol já inundado por cerca de mil sites de apostas que disputam a atenção dos torcedores dispostos a fazer suas apostas, um dos principais players desse segmento no Brasil entendeu que é chegada a hora de diversificar o negócio e estar presente em outras arenas.
"Já tem gente fazendo isso, mas de forma irregular e em rodeios menores. São sites tão pequenos que as odds são ajustadas manualmente à medida em que as apostas vão chegando", afirma o CEO do galera.bet, Marcos Sabiá.
Sabiá, contudo, reconhece que a empreitada envolve um certo risco, justamente porque quase ninguém faz e também porque há poucas informações que permitam dimensionar o tamanho do público potencial. Mesmo nos países onde já há algum mercado mais maduro de apostas em rodeios — como nos Estados Unidos e no Canadá — há poucos dados abertos por aqueles que operam, o que também dificulta algum tipo de projeção para o Brasil.
O que anima o galera.bet a fazer essa aposta é a cultura sertaneja que está enraizada no país, não só pelos rodeios e vaquejadas que são populares no interior, mas também pelo sucesso das músicas e pelo dinheiro que o agronegócio movimenta. "São cerca de 70 milhões de pessoas que respiram o estilo de vida agro e a cultura sertaneja. Não por acaso, sempre tem música sertaneja no top 5 das mais ouvidas no Spotify", ele ressalta.
O galera.bet, que hoje tem 3 milhões de usuários em sua plataforma, será a primeira marca da Playtech a entrar nesse segmento. No Brasil, há cerca de 100 rodeios que são organizados pela PBR, a principal liga internacional da categoria. Como parte da plano para se associar a esse mercado, o galera.bet decidiu ser patrocinadora máster do Circuito Sertanejo, que inclui a festa de Barretos, a maior do país, ao reunir 1 milhão de pessoas por ano. Trata-se de uma estratégia similar ao adotado no futebol, já que a marca patrocina a Série A.
Ao entrar em rodeios, a ideia da empresa não é apenas diversificar a operação, mas também reforçar o seu posicionamento como um negócio de entretenimento e diversão, e não somente de apostas. Além disso, quer que o público do rodeio passe a ter o galera.bet como a sua plataforma preferencial para apostas em qualquer esporte, diferenciando-se das outras muitas que marcam a competição acirrada no futebol. "O cara que vai ao rodeio também tem time do coração e também vai apostar nos jogos."
A enxurrada de bets que aparecem no futebol, aliás, já causou problemas para o galera.bet que vão além da disputa por público. A plataforma trava uma batalha na Justiça com a CBF para fazer valer o seu contrato de exclusividade de patrocínio na Série A, porque a confederação chegou a incluir outras marcas em peças de publicidade que deveriam ter somente o galera.bet.
As plataformas têm apostado tanto em publicidade que só um dos 40 times que fazem parte da primeira e da segunda divisão, o Cuiabá, não tem um site como patrocinador no uniforme. O avanço, impulsionado por uma lei do fim de 2018 que abriu as portas desse mercado, levou a Câmara a aprovar outra lei neste ano para criar uma regulamentação, que ainda passará pelo Senado.
Uma das medidas mais relevantes é a imposição aos sites de uma taxa de R$ 30 milhões para poder operar, o que deve tirar da praça as plataformas de menor porte, que não têm caixa para isso, deixando só as maiores na corrida, como o galera.bet, que seguirá tendo o futebol como o mercado mais importante. A barreira de entrada, inclusive, pode ajudar a bet comandada por Sabiá a ter um caminho mais fácil para se consolidar no mercado de rodeios.
Antes disso, porém, a empresa está tendo o desafio de construir uma longa base de dados de rodeios passados que lhe permita criar algoritmos que calculem os prêmios com o maior nível possível de precisão em relação às probabilidades, e atualizados automaticamente. Se no futebol isso já está azeitado, nos rodeios ainda há um legado de estatísticas para ser construído. O trabalho começou há meses e envolve especialistas em ciências de jogos do Insper e da UFPE.
A parte mais sensível, contudo, será criar mecanismos que evitem a manipulação, um tema que ganhou força com a CPI-FUTE que investiga casos envolvendo jogadores de futebol. Assim como no gramado há apostas que envolvem fatos que podem ser facilmente manipulados por uma só pessoa — como o cartão amarelo —, nos rodeios há situações tão simples quanto acertar se o peão vai cair antes do tempo ou não.
Para se prevenir de problemas como esses, o galera.bet pretende se valer de técnicas que já são utilizadas no futebol, como conhecer a fundo o histórico dos atletas, para perceber quando há um fato que sai do habitual para aquele profissional e possa representar um indício de manipulação, e monitorar movimentações atípicas de dinheiro na plataforma. "É do nosso interesse evitar que essas coisas aconteçam, porque, se há manipulação, é a plataforma quem perde dinheiro."
Fonte: Pipeline / Valor