Sua plataforma de publicidade para anúncios de busca, o Adwords, e sua rede de mídia programática, Google DV360, agora permitem ativações de mídia paga para empresas desse segmento, desde que cumpram uma série de pré-requisitos visando proteger os usuários e se alinhar ao projeto lei 3.626/ 2023, que está em vias de aprovação final no país.
Pela legislação federal, as discussões sobre esse tema começaram lentamente após a promulgação da Lei 13.756, concedida pelo então presidente em exercício, Michel Temer, em 2018. Porém, com a formação de uma nova bancada na Câmara dos Deputados em 2023, o tema ganhou força com a introdução do projeto de lei 3.626/2023. Atualmente, a discussão está em andamento no Senado Federal, última etapa antes da assinatura do presidente.
Um campo de jogo em mudança
De janeiro para cá, diversos veículos de comunicação, apoiados na expectativa de aprovação definitiva, começaram a flexibilizar as restrições à veiculação de publicidade de clientes relacionados a esse segmento por meio de mecanismos de autorregulação. Spotify, X (anteriormente conhecido como Twitter), juntaram-se ao Grupo Globo, UOL, Kwai e outros meios de comunicação, que geram receitas significativas com publicidade. Era apenas uma questão de tempo para o Google perceber a sua ausência neste segmento, e essa espera chegou ao fim.
De acordo com as últimas informações da empresa, o Google permite anúncios que promovam conteúdos relacionados a jogos de azar online, desde que licenciados pelas autoridades competentes no Brasil. Isso inclui loterias, corridas de cavalos, sites que fornecem informações ou fazem comparações com outros serviços de jogos de azar licenciados no Brasil, mas não oferecem atividades de jogos de azar que exijam licença. Podem incluir links para serviços de jogos de azar não operados ou controlados pelo agregador, bem como apostas esportivas.
Com essa notícia, as buscas pelo termo “apostas esportivas” dispararam no Brasil, segundo o Google Trends, e isso é apenas a ponta do iceberg. Diariamente, dezenas de palavras-chave que antes só eram visíveis em buscas orgânicas agora são monetizadas dentro do maior buscador do país.
Porém, o processo de criação de uma campanha publicitária dentro da plataforma não é simples e exige tanto domínio técnico dos gestores de marketing e agências de publicidade, quanto a aprovação de uma série de requisitos legais dos clientes que desejam se engajar nesta forma de publicidade. No vídeo abaixo, produzido pela plataforma, você pode ter uma compreensão superficial do tema e saber mais sobre a postura do Google sobre o assunto.
No geral, esta é uma notícia positiva para o mercado, pois em um segmento que se estima que gere mais de 3 bilhões de reais em publicidade e patrocínios em 2023, a ausência do Google foi vista como incongruente. Agora, a transição de um papel coadjuvante para o de protagonista é provavelmente apenas uma questão de tempo. Podemos esperar que outros gigantes como Meta e TikTok entrem nesta indústria com suas operações e anúncios em um futuro próximo. Fique atento para mais.
Yuri Campos
Diretor de Media & Growth da agência internacional Samba Digital
