A CPI-FUTE, que apura a manipulação de resultados no futebol, ouviu na tarde desta terça-feira, 5, Juan Matias Méndez, representante para a América Latina da Sportradar Integrity Service. Empresa com mais de 22 anos de atuação no mercado global, a Sportradar contribuiu de maneira muito didática no esclarecimento da importância da identificação e combate à prática de match fixing.
Juan Méndez apresentou a empresa e a forma como ela desenvolve seu trabalho, analisando mais de 900 mil jogos anualmente em todo o mundo, por meio de algoritmos e modelos matemáticos próprios, utilizando inclusiva IA.
23.05.09 - Sportadar Integrity Services - Audiência – CPI da Manipulação de Resultados by GAMES MAGAZINE BRASIL on Scribd
“Ao longo de nossa história nesse segmento de detecção e combate à prática, já identificamos quase 9 mil casos suspeitos que, investigados, foram comprovados”, comentou Juan Méndez.
Segundo ele, cerca de 99% dos jogos analisados não são suspeitos, “mas os que são, sem alguma justificativa plausível, apontamos como tal com 100% de chance de acerto”.
Todos os casos são relatados confidencialmente à entidade contratante, seja ela uma liga, confederação ou casa de apostas, para que as ações sejam tomadas.
“Atualmente, fornecemos dados para mais de 900 casas de apostas, como probabilidades, cotações, quando o jogo vai acontecer e resultados de partidas. E também atendemos empresas de mídia, ligas, federações e empresas de transmissões em todo o mundo”, contou.
De acordo com o representante da Sportradar, o Brasil está no caminho certo de levar ao Congresso “a discussão desse tópico tão importante, que é o combate à manipulação de resultados, que acontece no mundo inteiro. Trabalhamos há muitos anos nisso e temos a mesma preocupação que os senhores”, afirmou.
De forma direta, o representante da Sportradar afirmou que “somos o principal fornecedor mundial no que tem a ver com integridade e quando apontamos uma suspeita é porque a manipulação efetivamente aconteceu”.
Hoje, o sistema de monitoramento da Sportradar (UFDS) analisa movimentos de apostas em mais de 600 casas de apostas no mundo inteiro. “Contamos com serviço de inteligência e investigação para analisar e fornecer mais dados para casos potencialmente suspeitos. A educação e prevenção são outras ferramentas importantes que disponibilizamos”, disse.
CBF
A Sportradar assinou o primeiro contrato de monitoramento com a Confederação Brasileira de Futebol em 2017, com renovações até 2020, quando o contrato foi paralisado em função da pandemia. “Mesmo assim, continuamos fornecendo nossa ferramenta à CBF e em 2022 assinamos a renovação, que vale até 2025”, afirmou Méndez.
Para a entidade máxima do futebol, a Sportradar oferece seus serviços para os campeonatos nacionais e também para a Série A dos campeonatos estaduais. “E como somos contratados pela FIFA, todos os dados suspeitos nas Séries A e B do Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil são reportados à FIFA”, explicou.
Aos parlamentares, Méndez afirmou que “apostas em cartões, escanteios ou pênaltis são muito pequenas em relação a outros mercados, como handicap ou 1x2” e que essa não deveria ser uma preocupação veemente da CPI, já que o grande volume de apostas não é nesse tipo de ação.
O representante da Sportradar foi enfático ao dizer que a empresa não tem condições de fazer sugestões sobre aspectos de regulamentação em si “nem uma forma de se aprimorar a legislação em cada país onde atuamos”.
Ele admitiu, entretanto, que “pelo conhecimento que temos, podemos indicar alguns caminhos de maneira a se garantir a integridade esportiva. Na verdade, recomendamos as boas práticas na administração dos esportes e nos campeonatos, bem como a educação de todo o ecossistema do esporte para o combate a práticas criminosas”.
Durante seu depoimento, ele deixou claro que casas de apostas são clientes da Sportradar o que demonstra o interesse e até mesmo a necessidade de que resultados não sejam manipulados. Méndez afirmou que a maioria das apostas em partidas manipuladas acontecem em casas de apostas esportivas operando na Ásia.
Para ele, “a manipulação de resultados é um cancro e tem de ser combatida por todos os lados. É um tema sério e que envolve organizações criminosas contra o esporte e contra as casas de apostas. Educação e investigação devem estar na ponta do trabalho para coibir essa prática e reforço que as casas de apostas não são as organizações que manipulam jogos”.
Fonte: GMB
