MAR 26 DE NOVIEMBRE DE 2024 - 06:00hs.
Andreas Bardun, fundador do KTO Group

“Para a KTO, a chave para trabalhar no Brasil é ter conexões fortes com nossos influenciadores”

Em entrevista ao iGaming Express, o fundador do KTO Group, Andreas Bardun, fala sobre as oportunidades ligadas ao mercado brasileiro, bem como os problemas que ocorreram no início das operações. Além disso, aborda os temas de trabalho com influenciadores, os altos impostos das novas regulamentações locais e a atuação no mercado peruano.

iGaming Express - KTO Brasil foi fundada em 2019, ou seja, muito recentemente, e é uma das maiores marcas deste país. Como foi possível alcançar esse crescimento em tão pouco tempo?
Andreas Bardun -
Quando entramos no Brasil éramos provavelmente a única empresa que estava realmente tentando proporcionar aos brasileiros uma verdadeira experiência brasileira de iGaming. Embora as apostas esportivas na Europa tenham evoluído muito com mercados especiais, aumento de probabilidades etc., todas eram voltadas para o mercado europeu e ninguém dava foco aos jogadores brasileiros.

Se você estiver no Brasil, perceberá o quão importante é o futebol local e que havia uma enorme lacuna no mercado. Também nos concentramos muito em dar suporte ao cliente local e fazer marketing em português brasileiro. Outra coisa muito importante foram os pagamentos. O maior problema no Brasil quando começamos era o pagamento.

Também buscamos automatizar o máximo possível de pagamentos e saques e fomos uma das primeiras empresas a adotar as soluções de pagamento Pix há alguns anos. Resumindo, encontramos uma grande lacuna de mercado, para dar ao apostador esportivo brasileiro a experiência que ele merece.

Você coopera com influenciadores do mercado brasileiro. Com quem exatamente e como vai essa cooperação?
Trabalhamos com mais de 250 influenciadores no momento. A nossa abordagem foi trabalhar com os “novos meios de comunicação”, incluindo influenciadores das redes sociais, podcasts etc. Penso que muitos operadores estavam dormindo nesta tendência e conseguimos construir uma forte rede de influenciadores. O segredo para trabalhar no Brasil é ter conexões fortes com nossos influenciadores, os vemos como amigos da marca e temos toda uma equipe que se dedica a manter esse relacionamento.

Você também atua no mercado do Peru. Em que ele se diferencia do brasileiro, qual o seu posicionamento aí e qual o potencial desse mercado?
Na verdade, desaceleramos um pouco no Peru porque estamos aguardando a regulamentação lá, é muito diferente do Brasil. A participação de mercado é tão dominada por 2-3 operadoras terrestres e on-line, uma empresa domina completamente a participação de mercado, isso em comparação com o Brasil, onde há tantas operadoras diferentes que estão lutando para se tornarem as maiores e algumas apenas começaram há alguns anos por grandes operadores legados, o Peru tem sido muito mais estável e consistente. A única maneira de romper o impasse no Peru é oferecer algo diferente, inovar para agitar alguma coisa.

Quão significativos você considera os acontecimentos recentes no Brasil no último mês, com a assinatura da Medida Provisória 1.182 pelo presidente Lula e o subsequente envolvimento do Congresso Nacional em sua regulamentação?
Estamos esperando para ver como isso vai se desenrolar. O que aprendi trabalhando com o Brasil há mais de quatro anos é que é extremamente complicado e nada é simples. Atualmente existem muitos rumores em torno desta Medida Provisória e não posso especular sobre isso, mas ainda vejo isso como um grande primeiro passo em direção a uma regulamentação necessária no Brasil e estou feliz que finalmente possamos ver alguns movimentos em direção à regulamentação.

Você está satisfeito com os dispositivos que finalmente chegaram à versão final da Medida Provisória? Como você avalia as alterações propostas que poderiam ser incluídas?
No geral, estamos satisfeitos com a MP, exceto os impostos e taxas. Acreditamos que a tributação é muito alta e, como consequência, acho que existe a possibilidade de um mercado negro no Brasil.

Espero que o governo brasileiro veja o mesmo risco e faça os ajustes necessários na alíquota do imposto e nas taxas de licença e fiscalização.

Acho também que tem muita coisa a ser acrescentada na MP, porque acho que o Brasil precisa ver isso num quadro muito mais amplo do que a arrecadação de impostos, gostaria de ver mais foco no jogo responsável, na ética publicitária e na prevenção de match fixing. Penso que com a regulamentação poderíamos trabalhar em conjunto com o regulador para reduzir o vício do jogo e a manipulação de resultados.

O que você prevê que acontecerá a seguir no mercado brasileiro? A recente série de acontecimentos no Brasil influenciou de alguma forma a sua avaliação do potencial do mercado?
Espero que, uma vez implementada a regulamentação, vejamos mais empresas estrangeiras de iGaming listadas em ações entrando no Brasil e, ao mesmo tempo, devido às altas taxas de licença e impostos, espero muita consolidação por meio de fusões e aquisições, porque será difícil para as operadoras menores sobreviverem.

Acho que a KTO está perfeitamente adequada neste ambiente porque temos alguns dos mais experientes especialistas em iGaming combinados com alguns dos melhores especialistas locais do Brasil para enfrentar a competição mais acirrada que esperamos.

Fonte: Bartosz Burzynski - iGamingexpress.com