O mercado de apostas esportivas no Brasil está em crescimento, e cada vez mais pessoas estão se interessando por esse tipo de entretenimento. Isso é o que mostra pesquisa Datafolha divulgada neste sábado, 13.
A pesquisa revela que 15% dos brasileiros dizem apostar ou já ter feito apostas esportivas online, as chamadas bets. O fenômeno, bastante disseminado pelo país, é maior entre jovens e homens. Um terço (30%) dos brasileiros de 16 a 24 anos afirma que já apostou.
Conforme o levantamento, as apostas têm sido uma atividade masculina: 21% relatam ter apostado. Entre as mulheres, esse índice é de 9%. Metade dos apostadores também diz que perdeu mais dinheiro do que ganhou.
O gasto médio mensal entre o total de pessoas que apostam é de R$ 263 — equivalente a 20% do salário mínimo de 2023. Três em cada dez apostadores afirmam gastar mais de R$ 100 por mês.
A pesquisa foi realizada em 5 de dezembro de 2023, com 2.004 entrevistas presenciais em 135 municípios, com pessoas de 16 anos ou mais de todas as regiões do país. A margem de erro é de 2% para mais ou menos.
O governo Lula (PT) passou a trabalhar na regulamentação no ano passado. Já foi aprovada nova lei para definir taxação e funcionamento das empresas, que também deverão se credenciar para atuar no Brasil. A regulação total deve ser finalizada no primeiro semestre deste ano.
A nova legislação já traz itens relacionados a jogo responsável, preocupação com publicidade a menores e destinação de dinheiro para o SUS (Sistema Único de Saúde) para medidas relacionadas a danos sociais gerados pelos jogos.
"A questão do vício em jogo é prioridade para o governo. Estamos desde o segundo semestre do ano passado trabalhando com o Ministério da Saúde", diz José Francisco Cimino Manssur, assessor especial do Ministério da Fazenda. "Vamos estabelecer um grupo de trabalho com a Saúde para não só criar sistemas em conjunto mas também editar uma portaria que vai ser mais específica no cuidado com as pessoas que tiverem transtorno com aposta".
A Folha questionou as secretarias de Educação de todos os estados, que concentram as matrículas de ensino médio. Nenhuma disse ter tido relatos de problemas graves com apostas entre alunos, assim como não há ações específicas relacionadas ao tema.
Questionado, o Ministério da Saúde diz ser prioridade a expansão e qualificação dos serviços de saúde mental.
A Folha também procurou associações que representam as casas de aposta. O presidente do Instituto Brasileiro de Jogo Responsável, Andre Gelfi, afirmou acreditar que, com regulação da atividade, o contexto competitivo deve mudar.
"As operadoras terão regras a cumprir, o que deve coibir as dinâmicas comerciais atuais, onde infelizmente são recorrentes os casos sem qualquer controle. Com a regulação, a publicidade seguirá regras do Conar [Conselho Nacional Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária] e o próprio setor deve ajudar as autoridades a fiscalizar os malfeitos", expressou Gelfi.
Fonte: GMB / Folha