Esse incremento considerável ocorreu em um momento específico em que as empresas disputam o mercado no ano em que terão de se enquadrar nas regras do governo federal. As casas de apostas terão seis meses, a partir da publicação da lei em 3 de janeiro, para se regularizar com sede no Brasil. Caso não o façam, não poderão patrocinar times ou fazer propaganda.
O maior salto de valor foi do Corinthians: recebia R$ 22 milhões por um acordo com a Neo Química e passou para R$ 120 milhões com a Vai de Bet. O acordo é válido por três anos.
Já o Flamengo fechou com a Pixbet um contrato de R$ 85 milhões por ano, válido por duas temporadas. O patrocinador master anterior era o BRB que pagava em torno de R$ 45 milhões por ano. A empresa também tem sede em Curaçao.
O São Paulo mais do que dobrou o valor a ser recebido com patrocínio master com o acordo com a Superbet ao fechar por um total de R$ 50 milhões líquidos por ano. O acordo é válido por dois anos. Anteriormente, a sportsbet.io pagava R$ 24 milhões por ano. A Superbet tem sede em Malta e está consolidada em outros países.
Bernardo Pontes, que é sócio da Alob Sports, que negocia patrocínios esportivos, avalia que esses incrementos grandes de valores de contratos não devem se estender a todos os clubes. Isso só deve ocorrer para times com impacto nacional.
"É mera matemática. Se você tem um público nacional, você tem muita torcida para converter. O impacto em clubes regionais junto a esses torcedores, e na sua base de sócios, é consideravelmente reduzido. To falando de audiência de TV, como tem Flamengo, Vasco. Não adianta achar que vai ter a alavancagem desses clubes. Não vai ser tão agressivo (um patrocínio de casas de apostas)", analisou.
O movimento, portanto, deve aumentar a disparidade entre contratos de clubes com repercussão nacional e regionais.
Outra questão, na visão de Pontes, é que deve haver uma consolidação e uma redução do mercado de casas de apostas após a regulamentação pelo governo. Afinal, nem todas as empresas terão porte para pagar R$ 30 milhões de outorga. Isso vai diminuir a ofertas de patrocínio e, portanto, o valor pode cair a longo prazo. Atualmente, há maior demanda por camisas do que espaços disponíveis justamente porque todos querem crescer no momento de regulamentação.
"A gente vai saber em um ano, um ano e meio, se o investimento da primeira linha permanecerá nesta ordem de grandeza. A partir do mercado que regulamentar, vai ter menos empresas atuando. Menos empresas, mais oferta de clube", disse ele.
"Tem 300/500 empresas operando sem regulamentação. Estamos falando de 40 clubes Série A e B. Esse número de empresas vai cair para 80/100. Nem todas terão capacidade para patrocinar clube de futebol. Alguns clubes vão ficar com espaço liberado", completou.
Até agora o Ministério da Fazenda recebeu a manifestação de interesse em se regularizar e pagar pela outorga de 134 casas de apostas. Para se inscreverem, terão de pagar uma outorga de R$ 30 milhões.
Ainda há possibilidade de outras casas de apostas, que ainda não manifestaram interesse, se inscreverem e regularizarem a situação no Brasil até os próximos seis meses. Todas terão obrigação de ter sede no país. Mas a redução do mercado é vista como provável.
Sendo assim, o cenário mais previsível é de que a loucura atual de patrocínios de casas de apostas dure pelo menos o ciclo atual de contratos de clubes grandes. Depois disso, deve arrefecer.
Fonte: UOL Esportes