O relatório, que também está em posse da Polícia Federal e do Ministério Público do Distrito Federal, complementa um documento anterior da International Betting Integrity Association (IBIA), que deu origem à investigação que resultou na operação deflagrada nesta terça-feira (5) contra o jogador do Flamengo.
O craque é suspeito de ter manipulado seu próprio comportamento em campo, recebendo cartões de forma intencional durante uma partida do Campeonato Brasileiro de 2023 contra o Santos. O objetivo, segundo as autoridades, seria beneficiar familiares que apostaram previamente nessa punição. O jogador se declara inocente em relação às acusações.
De acordo com o alerta da Sportradar, a casa de apostas Betano recebeu nove apostas máximas em um intervalo de três horas sobre a possibilidade de Bruno Henrique receber um cartão. O relatório destaca que 98% do volume de apostas em relação a cartões foi direcionado ao jogador do Flamengo. Em resposta a essa atividade, a Betano suspendeu a possibilidade de apostas sobre esse evento um dia antes do jogo.
O documento da Sportradar também contraria a defesa de Bruno Henrique, que argumenta que a possibilidade de receber um cartão amarelo seria natural, uma vez que o jogador já estava pendurado com dois cartões. O relatório ressalta que, embora existam razões esportivas que possam justificar a situação, o volume de apostas levanta preocupações sobre a integridade do jogo.
Embora o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) tenha arquivado o caso em 30 de setembro, não considerando os documentos da Sportradar e da IBIA suficientes para abrir uma investigação esportiva, a possibilidade de reabertura do caso permanece caso novas evidências sejam apresentadas pelas autoridades.
Além da Betano, outras casas de apostas, galera.bet e KTO, também relataram movimentações incomuns relacionadas à possibilidade de Bruno Henrique receber um cartão na partida. Informações sobre essas duas empresas não estão incluídas no relatório da Sportradar, mas constam no documento da IBIA.
Em nota oficial, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e a Polícia Federal informaram que deflagraram operação para investigar cartões levados pelo atleta em partida contra o Santos, pelo Brasileirão 2023, em 1º de novembro do ano passado.
Ao todo, mais de 50 policiais federais e seis promotores de Justiça do Gaeco-DF já começaram a cumprir 12 mandados de busca e apreensão, expedidos pela Justiça do Distrito Federal, nas cidades do Rio de Janeiro (incluindo o CT Ninho do Urubu), Belo Horizonte, Vespasiano, Lagoa Santa e Ribeirão das Neves.
Além de Bruno Henrique, diversos apostadores e familiares do atacante também são investigados.
"A investigação teve início a partir de comunicação feita pela Unidade de Integridade da Confederação Brasileira de Futebol. De acordo com relatórios da International Betting Integrity Association e Sportradar, que fazem análise de risco, haveria suspeitas de manipulação do mercado de cartões na partida do Campeonato Brasileiro", escreveu o MPDFT.
"No decorrer da investigação, os dados obtidos junto às casas de apostas, por intermédio dos representantes legais indicados pela Secretaria de Prêmios de Apostas do Ministério da Fazenda, apontaram que as apostas teriam sido efetuadas por parentes do jogador e por outro grupo ainda sob apuração", complementou.
O que aconteceu durante o jogo?
De acordo com as informações coletadas pelas autoridades, Bruno Henrique teria forçado um cartão amarelo durante uma partida contra o Santos, no dia 1º de novembro de 2023, pelo Brasileirão. A ação teria sido motiva para beneficiar familiares.
O atacante foi punido pelo árbitro Rafael Rodrigo Klein (RS) com o cartão amarelo nos acréscimos do segundo tempo por uma falta em campo. Após a advertência, ao reclamar da decisão, ele foi advertido novamente e expulso da partida. No confronto, o Santos venceu a partida por 2 a 1, no Maracanã, pelo Brasileiro.
"Ao detectar qualquer atividade suspeita, e de acordo com nossos processos e aderindo a rigorosos protocolos internacionais em toda a nossa presença multinacional, incluindo o Brasil, nós as reportamos prontamente às autoridades competentes", disse a Betano em comunicado direto da Grécia, sede da empresa.
Ainda de acordo com a Betano, que não cita na nota o caso de Bruno Henrique em específico, é necessário que cada país tenha "estrutura nacional para permitir investigação e resolução rápidas". “Considerando essa atividade, a Betano suspendeu essa possiblidade um dia antes do início do jogo”, diz o relatório da Sportradar enviado para a Fifa e obtido pelo ge.
Confira a nota da Betano na íntegra:
A Betano faz parte da Kaizen Gaming, uma das principais operadoras de GameTech do mundo. A empresa adere a rigorosos protocolos de monitoramento, empregando tecnologia avançada e pessoal altamente treinado para supervisionar as atividades em sua plataforma.
Ao detectar qualquer atividade suspeita, e de acordo com nossos processos e aderindo a rigorosos protocolos internacionais em toda a nossa presença multinacional, incluindo o Brasil, nós as reportamos prontamente às autoridades competentes.
Incidentes dessa natureza ressaltam a importância crítica da regulamentação dentro da indústria, destacando a necessidade de uma estrutura nacional para permitir investigação e resolução rápidas. A Betano continua comprometida em manter a integridade esportiva e está pronta para auxiliar as autoridades quando necessário.
Fonte: GMB