LUN 2 DE DICIEMBRE DE 2024 - 14:40hs.
Levantamento do jornal Metrópoles

CPI ignora bets ilegais e mira em sites de apostas cadastrados

Em sua coluna do Metrópoles, o jornalista Igor Gadelha revela a CPI das Bets do Senado tem concentrado sua investigação nas empresas autorizadas pelo Ministério da Fazenda a operar no Brasil, deixando de lado, até o momento, os cerca de 5,2 mil sites de apostas considerados ilegais pela pasta. Os dados surgem do levantamento em 232 requerimentos protocolados até agora na Comissão.

De acordo com um levantamento baseado em 232 requerimentos protocolados na Comissão, a atenção tem se voltado para 16 casas de apostas, com representantes de 15 delas já convocados para depor.

A maioria dos requerimentos foi apresentada pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), relatora da CPI. Nos pedidos feitos por Soraya, algumas plataformas inicialmente classificadas como investigadas foram posteriormente reclassificadas como testemunhas.

No caso da “Sportingbet”, por exemplo, que conta com o jogador Marquinhos (Paris Saint-Germain) como garoto-propaganda, a senadora argumenta que a audiência seria "essencial" para fornecer "insights" sobre o funcionamento da empresa.

Em contraste, o senador Izalci Lucas (PL-DF) apresentou requerimentos sugerindo que os representantes das plataformas fossem convocados como “especialistas”, e não como investigados ou testemunhas.

Essa abordagem difere daquela adotada para empresas cujos sites foram retirados do ar por ordem do governo devido à falta de autorização ou práticas ilegais. Tal distinção tem gerado desconforto no setor que já está regularizado ou em processo de regularização.

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) tem reconhecido dificuldades para implementar a retirada dos sites ilegais. Como essas empresas não possuem licenciamento governamental, dados básicos sobre elas e suas operações permanecem desconhecidos.

O governo, por exemplo, enfrenta dificuldades para identificar os donos dessas empresas, a localização de suas sedes, os algoritmos utilizados, a porcentagem das apostas convertida em prêmios e se elas passam por auditorias.

Além disso, ainda não está claro se as plataformas ilegais cumprem as regras relacionadas à publicidade de jogos e à prevenção do acesso de crianças e adolescentes. Esses mecanismos estão sendo implementados para as 200 empresas licenciadas.

Fonte: Metrópoles