Enquanto o Brasil se prepara para ganhar as manchetes com o anúncio de um mercado completamente regulamentado, a SBC convidou uma equipe de especialistas para que se discutam as complexidades de navegar no novo cenário nacional.
Atualmente, mais de 130 operadores fazem fila para adquirir uma licença para atuarem legalmente no país, cuja indústria projeta arrecadar US$ 3 bilhões até 2028.
Moderado por Peter Murray, diretor de Estratégia da Mitek Systems, o webinário Game on, Brasil: considerações sobre a entrada no mercado para operadores em 2024 focou em três pontos principais: fraude, KYC e segurança dos jogadores.
Andre Gelfi, sócio-gerente da Betsson no Brasil e presidente do Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR), relembrou que as portarias que regulamentarão o setor estão sendo publicadas e espera que as determinações sobre pagamentos e requisitos de sistemas sejam vistas antes do final do ano.
A geolocalização das contas de jogo é uma das medidas de segurança para proteção dos jogadores que será implementada no mercado de apostas brasileiro.
De acordo com Elizabeth Cronan, vice-presidente de Relações Governamentais da GeoComply, os controles de geolocalização serão uma ferramenta fundamental para que os operadores identifiquem anormalidades.
A normativa prevê que os jogadores sejam realocados dentro de 30 minutos após realizarem a primeira aposta, a fim de garantir que na haja comportamento suspeito.
Cronan também pontuou que os ambientes internos serão monitorados para detectar ameaças externas, e os operadores deverão procurar e identificar conluios e fraudes por parte dos funcionários.
Ainda, os especialistas salientaram que as maiores fraquezas em que os operadores podem encontrar no Brasil são os altos custos de aquisição de cliente (CAC) e o abuso de bônus.
Cronan afirmou que as tarifas CAC podem ser até cinco vez mais altas em comparação a outros mercados, como o dos Estados Unidos. Além disso, exite um elevado número de programas de desktop remoto, que são uma porta de entrada essencial que permite a fraudadores tirarem proveito de vulnerabilidades. Os operadores teriam, também, que combater essa situação para evitarem que a confiança dos jogadores seja perdida.
Medidas de segurança para apostas no Brasil
Gelfi garantiu que, uma vez que a regulamentação completa esteja em vigor, uma dinâmica diferente será colocada em prática e que todos os membros do IBJR estão confortáveis com a visão do órgão regulador, tendo em vista que assegurará um mercado desenvolvido de maneira sustentável.
Contudo, outra medida de proteção será implementada: o escaneamento biométrico, que já existe em todo o sistema financeiro brasileiro.
Embora a implementação desses serviços possa ser “um desafio para os operadores”, Gelfi afirma que será mais fácil no futuros, pois as soluções previstas estão disponíveis no mercado – e tais soluções serão exigidas pelo regulador, que determina que os operadores verifiquem os jogadores biometricamente todas as semanas.
Paula Murphy, gerente de Desenvolvimento Comercial da Mindway AI, também, destacou que, ainda que não esteja regulamentado, o mercado brasileiro está em atividade há mais de 10 anos.
Murphy comentou que, em uma nova jurisdição, há, normalmente, uma “apropriação de terras de marketing” que visa atrair todos os atores da indústria, o que pode levar a uma regulamentação “não muito útil”.
No entanto, no Brasil existe uma base estabelecida de mais de um milhão de jogadores, e o regulador está interessado em instaurar padrões mais elevados.
Caso o que se planeja seja implementado corretamente, os especialistas acreditam que significaria uma vitória tanto para jogadores como para operadores e reguladores.
O webinar completo está disponível aqui.
Fonte: SBC Brasil