LUN 25 DE NOVIEMBRE DE 2024 - 12:01hs.
Rafael Ávila, psicólogo e diretor do SOS Jogador

Brasil não pode esperar que a regulamentação saia para combater sites de apostas clandestinos

Rafael Ávila é psicólogo e diretor do SOS Jogador, organização voluntária formada por profissionais do ramo de apostas online que presta primeiro socorro para pessoas com problemas em jogos de azar. Nesta coluna, o especialista adverte sobre a urgente necessidade de combater os sites clandestinos. “Não podemos esperar que a regulamentação saia e as regras comecem a ser aplicadas para que se tome atitudes frente a isso”, afirma.

Há uma enorme disponibilidade de casas de apostas clandestinas, "casas de fundo de quintal", com um investimento mínimo e sem atentar a nenhuma legislação em qualquer lugar do mundo, sem protocolos de Jogo Responsável e pior: sem respeito pelos dados dos usuários, que são vendidos aos montes para outros cassinos também clandestinos, e sem a garantia de pagamentos.

Vejo sempre nas redes sociais "PLATAFORMA NOVA, TÁ PAGANDO", como se uma plataforma nova fosse uma boa propaganda, o que deveria ser o contrário, sendo estimulado o uso de plataformas com anos de experiência, com uma equipe séria, com capital investido para garantir o pagamento dos grandes ganhos e o respeito pela LGPD.

Essas plataformas novas que surgem a todo momento são criadas com um único intuito: transferir renda dos usuários para o dono, com um atendimento ao cliente robotizado, sem setor de compliance, sem setor de Jogo Responsável. Apenas uma pessoa criando um site e pagando para os afiliados fazerem a divulgação, para daqui pouco tempo o site ser fechado, carregando com si os dados dos usuários para a criação de um novo cassino e o dinheiro dos usuários, e o ciclo continuar.

Já vi ofertas de "TENHA SEU PRÓPRIO CASSINO POR 600 REAIS", ou pessoas abrindo cassinos online com um investimento baixo, como 10 mil reais, 5 mil reais por TODA a infraestrutura do cassino. Com jogos craqueados, sem informações básicas e atuando nas sombras do mercado sério. Embora sejam sites claramente clandestinos, não há nenhuma sinalização e informação sobre o porquê as pessoas deveriam evitar esses jogos.

Assim como há o aviso de evitar consumo de cigarros de tabaco que não tenham sido vistoriados, com um combate ao consumo dessas mercadorias, é urgente um posicionamento do Governo Federal sobre esses sites clandestinos.

Não podemos esperar que a regulamentação saia e as regras comecem a ser aplicadas para que se tome atitudes frente a isso. É necessário um posicionamento imediato, de informação e combate a sites clandestinos, com propagandas na televisão, durante os jogos, utilizando do mesmo espaço que é utilizado para divulgar plataformas, ensinando os usuários a identificar sites clandestinos.

Há identificações claras que, quem tem experiência nesse setor, consegue perceber um site clandestino com poucos minutos. É necessário que essa informação chegue ao público geral, que está sendo prejudicado HOJE e não apenas quando vier a regulamentação.

É uma ideia fantástica de providenciar um domínio próprio para os sites licenciados no Brasil com o "bet.br", o que será um grande artifício para combater os sites clandestinos. Mas quando isso será aplicado? Podemos esperar? As pessoas estão sofrendo as consequências disso há muito tempo, e todos os dias surgem novas casas, novos golpes, novas vítimas.

O que podemos fazer enquanto esperamos a regulamentação colher seus frutos? Sentar e olhar, ou buscar formas de conscientizar sobre o combate ao mercado paralelo, as "casas fundo de quintal"?

Rafael Ávila
Consultor de Jogo Responsável, psicólogo e diretor do SOS Jogador, uma organização voluntária formada por profissionais do ramo de apostas online que presta primeiro socorro para pessoas com problemas em jogos de azar e apostas esportivas.