LUN 25 DE NOVIEMBRE DE 2024 - 09:43hs.
Operadores e especialistas opinam em tempos de regulamentação

Como as bets devem trabalhar a diferenciação na hora de patrocinar eventos esportivos?

Não é novidade para ninguém que a quantidade de anúncios de plataformas de aposta aumentou significativamente nos últimos anos, sejam elas em espaços físicos ou em canais de televisão. Um crescimento de 30% nos anúncios do segmento em TV e sete operadores patrocinando nas placas de publicidade em jogo da seleção brasileira obrigam as marcas a pensar em estratégias para se diferenciar. Para especialistas, marcar posição pode ser chave em tempos de regulamentação.

Entre os clubes de futebol, por exemplo, 18 das 20 equipes que disputam a Série A do Campeonato Brasileiro possuem algum tipo de parceria - somente Palmeiras e Cuiabá não tem aparição na camisa.

Fora dos gramados, um levantamento realizado pela Tunad, divulgado em janeiro deste ano, revelou um crescimento de 30% nos anúncios de casas de aposta em TV, em comparação aos primeiros três meses de 2023. O reflexo deste crescimento também pode ser visto, por exemplo, na maioria das competições espalhadas pelo país, como o Campeonato Brasileiro, que possui parceria com seis plataformas.

"Nós do Esportes da Sorte acreditamos em um modelo com exclusividade de segmento para esse tipo de mídia, contudo, devido ao apetite dos operadores brasileiros, essa exclusividade teria custo obsceno. Cabe então adequar-se ao cenário existente. As marcas que dividem esse espaço de publicidade devem trabalhar a diferenciação. No caso do Esportes da Sorte, por exemplo, iniciamos essa diferenciação por não utilizar o termo 'bet' em sua marca (nem no sufixo, nem no prefixo), aliado a estratégias visuais e de discurso às quais posicionam a marca de maneira estratégica em meio aos demais competidores", explica Darwin Filho, CEO do Esportes da Sorte.

A pergunta que fica, no entanto, é como o torcedor que está no estádio, ou aquele que acompanha aos jogos pela televisão ou internet, consegue diferenciar uma casa da outra; ou então, ao visualizar os anúncios das cinco plataformas, o que pode fazer com que ele escolha uma em detrimento às outras.

Especialistas em gestão esportiva entendem que a enorme quantidade de anúncios de casas de aposta num mesmo espaço se faz necessária em tempos de regulamentação.

O fenômeno das apostas esportivas não tem precedentes no mercado de patrocínios esportivos e novos padrões foram criados. A existência de vários anunciantes de um mesmo segmento em uma propriedade costuma diminuir muito a efetividade do espaço em questão, mas é preciso levar em conta que o mercado foi regulamentado, e estar presente nas principais propriedades do esporte e marcar posição pode ser chave para os planos futuros quando o mercado tende a se estabilizar”, analisa Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM.

"Uma solução para o mercado de apostas ou qualquer outro segmento é analisar outros esportes com grande número de praticantes e que ainda transmitam uma imagem de autoridade como o vôlei brasileiro, ainda mais em um ano olímpico onde tanto o esporte de quadra como praia são grandes favoritos mundiais”, aponta Renê Salviano, CEO da Heatmap e especialista em marketing esportivo, e que faz a captação de contratos entre marcas envolvendo profissionais do esporte.

Este ano de 2024 será um divisor de águas para o segmento de apostas, é importantíssimo que as marcas usem bem o seu dinheiro de marketing, buscando propriedades comerciais com um bom custo benefício e nunca esqueçam de fazer as ativações das propriedades adquiridas, que é exatamente onde adquire a aproximação com o seu cliente e consegue buscar a tão sonhada conversão; é o físico para dar vida ao ambiente totalmente digital", agrega o executivo.

Jogo da seleção brasileira contou com exposição de sete marcas

Quem assistiu aos dois amistosos da seleção brasileira no Texas e Orlando nesses últimos dias, contra México e os Estados Unidos, percebeu uma infinidade de patrocinador brasileiros nas placas de publicidade dos estádios onde os jogos foram realizados. Entre algumas delas, estavam sete casas de aposta: BETesporte, Bet7k, Betano, Superbet, Betnacional, 1XBet e BateuBet.

A plataforma BETesporte, por exemplo, afirma que para o confronto entre Estados Unidos e Brasil, apostou em um maior número de inserções publicitárias, além de estar presente nos três últimos jogos da seleção.

"Além de aumentar a visibilidade da BETesporte, conseguimos criar uma conexão emocional com a audiência, que associa nossa campanha de 'esquenta o jogo' aos resultados positivos que a Seleção Brasileira vem obtendo. Além disso, estamos atentos ao momento e preparamos apostas especiais para que os torcedores vibrem em dobro", explica Vinicius Nogueira, CEO da empresa.

Neste caso, foi justamente o que a BETesporte realizou, de acordo com Nogueira. "Nesta partida, tivemos um palpite de que o Rodrygo marcaria um gol, e foi o que aconteceu. O objetivo é que nossa plataforma torne-se uma escolha natural dos torcedores, baseada na credibilidade e nos benefícios exclusivos que estamos oferecendo aos clientes”, complementa.

Já a Bet7k entende que esse tipo de investimento traz retorno positivo à plataforma. "Sabemos que o futebol é a verdadeira paixão popular do brasileiro, assim como o Carnaval, a diversão e o entretenimento, e acreditamos que a exposição em jogos do Brasil gera inúmeras oportunidades. Nossa estratégia é continuar ativando nossa marca no Brasil e no exterior e, dessa forma, construindo essa relação da marca com grandes eventos", aponta Talita Lacerda, CEO da empresa.

Para especialistas, a exposição em placas de publicidade durante os jogos, ainda mais aqueles que rendem boa audiência televisiva e fotos, memes e prints durante e pós nas redes sociais, ainda são uma alternativa com bom custo-benefício para essas marcas.

"Os institutos de pesquisas comprovam que o investimento em placas de campo traz um grande retorno de reconhecimento de marca, conhecido como awareness", analisa Salviano.

Fabio Wolff, especialista em marketing esportivo e sócio-diretor da Wolff Sports, aponta que o investimento que as empresas fazem no jogo do Brasil é de publicidade, ou seja, visibilidade. "Como exposição de marca é interessante, pois a Seleção Brasileira proporciona boas audiências, ainda mais em horário nobre como foi esse último. Mas é importante ressaltar que não se trata de um patrocínio onde você consegue fazer uma ativação, que você busca interação com o torcedor", pontua.

Artur Mahmoud, diretor de negócios da Agência End to End, empresa que conecta o torcedor à sua paixão e é um hub de soluções e engajamento para o mercado esportivo, corrobora. "Existem diversas formas de trabalhar a exposição da sua marca. Os jogos da seleção brasileira são sempre grandes oportunidades de furar a bolha e gerar principalmente autoridade por estar associada a grandes marcas".

Fonte: GMB