SÁB 6 DE JULIO DE 2024 - 02:33hs.
Apenas três dos 20 clubes não têm bets na camisa

Investimento das casas de apostas no Brasileirão já alcança R$ 500 milhões

A movimentação do Corinthians na busca por patrocínio com a Parimatch ou outra casa de apostas é sintomático. Atualmente, as bets dominam o futebol brasileiro e têm intensificado seus investimentos nos principais times enquanto a regulamentação, já aprovada, não é colocada em prática. Já são praticamente R$ 500 milhões nas camisas, que pode alcançar R$ 600 mi a partir do contrato com o Timão.

Investimento das casas de apostas no Brasileirão já alcança R$ 500 milhões

Foto: Pedro Souza

Foto: Pedro Souza

Dos 20 clubes do Brasileirão, apenas três deles - Corinthians, Palmeiras e Cuiabá - não são patrocinados por uma casa de aposta. Mas esse número cairá assim que o time alvinegro assinar acordo com a Parimatch, que já investe no Botafogo. Anualmente, segundo levantamento do Estadão, os sites de apostas investem R$ 497,5 milhões nos 17 clubes da Série A dos quais são parceiros.

A predominância fica por conta do Esportes da Sorte, que é o primeiro em número de patrocinadores na Série A, com três equipes: Athletico-PR, Bahia e Grêmio. A plataforma de aposta também está presente no Palmeiras, mas no time feminino, além de placas de publicidade, LEDs e backdrops no Allianz Parque. A empresa pagou R$ 20 milhões para se tornar patrocinadora máster da camisa feminina do Palmeiras e tem interesse em também estampar sua marca no time masculino a partir do ano que vem.

É inegável a visibilidade que o futebol e os grandes campeonatos trazem para uma marca”, diz Sofia Aldin, diretora de marketing do Grupo Esportes da Sorte. Segundo ela, a as parcerias são feitas com os times que “se alinham completamente” à empresa.

Mesmo pensamento tem Vinícius Nogueira, CEO da BETesporte, empresa que patrocina clubes como Aparecidense, Goiás, Ypiranga-RS e Caxias. “Nosso objetivo vai além do retorno financeiro que a parceria pode gerar. Acreditamos que seja um meio de nos aproximarmos daquela torcida, comunidade e região. Pensamos sempre em ações de marketing que fortaleçam nossa marca e despertem uma sensação de identificação e reconhecimento nas pessoas”, justifica.

Algumas casas de apostas argumentam que não mais investem em times da Série A porque os valores estão inflacionados, sobretudo depois que a Vai de Bet decidiu pagar R$ 360 milhões ao Corinthians no maior contrato do tipo na história do futebol brasileiro. O acordo, porém, acabou rompido cinco meses depois em razão dos controversos pagamentos da intermediária do acordo a uma suposta empresa “laranja”.

Tudo depende da estratégia, do apetite de mercado e do momento da empresa. Assim como há um investimento que faz sentido para a gente em futebol, para outras empresas a realidade pode ser diferente”, avalia Sofia.

Há casas de apostas que pensam em voltar a investir nos principais clubes do país quando a regulamentação do setor for colocada em prática. É o caso do galera.bet, que chegou a patrocinar os times masculino e feminino do Corinthians e era, até o ano passado, patrocinador máster do Brasileirão. Na avaliação de Marcos Sabiá, CEO do galera.bet, o setor está com milhares de operadores “ávidos por um quinhão da atenção do espectador de futebol”.

Isso inflacionou os valores, descolando-os de uma análise mais atenta e racional sobre o retorno e propósito desse investimento, que deveria estar atrelado não somente à exposição, mas a um trabalho de branding e consolidação da marca e de seus atributos”, analisa.

Menos casas de apostas e menos dinheiro com o setor regulamentado

O setor foi regulamentado depois que o Congresso aprovou no fim do ano passado a lei, sancionada em 29 de dezembro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estabeleceu critérios sobre tributação e normas para a exploração comercial das apostas de quota fixa e definiu a distribuição da receita arrecadada e fixou sanções.

As regras deveriam começar a valer no fim deste primeiro semestre, mas prazo foi adiado e a regulamentação deve ser concluída apenas no ano que vem. Para operar no país, as casas de apostas terão de cumprir uma série de exigências determinadas pelo Ministério da Fazenda, entre elas ter sede no Brasil e pagar uma outorga de até R$ 30 milhões.

É consenso entre especialistas e quem opera no setor que, com o mercado regulado, cairá o número de casas de apostas, dando início a um processo antagônico à explosão de bets no futebol sem regras claras. Depois de atingir o teto, os valores com publicidade também devem despencar.

Percebemos que as camisas dos clubes valorizaram bastante nos últimos anos, notadamente pela incessante chegada de empresas da indústria de apostas ao mercado brasileiro. Também fará sentido se, após a regulamentação, esses valores passarem por novas acomodações”, opina Anderson Nunes, diretor de negócios da Casa de Apostas, empresa que dá nome a dois estádios no Brasil: a Arena Fonte Nova e a Arena das Dunas, em Salvador e Natal, respectivamente.

A companhia pagará R$ 52 milhões pelos próximos quatros anos pelos naming rights da Fonte Nova e R$ 6 milhões para dar nome à Arena das Dunas. “A aquisição de naming rights em arenas multiuso faz parte da nossa estratégia de aproximação com o público, não apenas do futebol, mas do entretenimento em geral, uma vez que esses equipamentos recebem ampla gama de eventos”, diz Nunes.

Valores que as casas de apostas pagam aos clubes brasileiros:

Flamengo - Pixbet - R$ 105 milhões

Vasco - Betfair - R$ 70 milhões

Fluminense - Superbet - R$ 52 milhões

São Paulo - Superbet - R$ 52 milhões

Botafogo - Parimatch - R$ 27,5 milhões

Cruzeiro - Betfair - R$ 25 milhões

Grêmio - Esportes da Sorte - R$ 25 milhões

Internacional - EstrelaBet - R$ 24 milhões

Fortaleza - Novibet - R$ 20 milhões

Bahia - Esportes da Sorte - R$ 19 milhões

Atlético-MG - Betano - R$ 18 milhões

Athletico-PR - Esportes da Sorte - R$ 16,5 milhões

Juventude - Stake - R$ 15 milhões

Atlético-GO - Blaze - R$ 14 milhões

Criciúma - EstrelaBet - R$ 6 milhões

Bragantino - mrJack.bet - R$ 5 milhões

Vitória - Betsat - R$ 3,6 milhões

Fonte: Estadão