LUN 25 DE NOVIEMBRE DE 2024 - 05:38hs.
Material deve ser utilizado em mais de 600 organizações

Exército brasileiro publica cartilha com orientações e terapias para afastar militares das bets

O Exército publicou o caderno de orientação 'Prevenção ao Vício de Apostas' para a 'sensibilizar a família militar' sobre ludopatia em apostas esportivas online. A cartilha foi lançada em julho do ano passado, mas recentemente foi atualizada pela Diretoria de Assistência ao Pessoal da Força. Seu conteúdo também é tema de palestras ministradas por oficiais, psicólogos e assistentes sociais em mais de 600 organizações militares.

Não há dados estatísticos para mensurar o tamanho do problema, mas ele foi citado em uma aula do general Alcides Valeriano de Faria Júnior, chefe do CCOMSEx (Centro de Comunicação Social do Exército), a um grupo de jornalistas que integrou no início do mês um curso para atuação em áreas de conflito, ministrado no CCOPAB (Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil), no Rio de Janeiro.

O endividamento e o desenvolvimento de transtornos psíquicos, como ansiedade e depressão, são descritos como os principais fatores de risco que podem prejudicar a atuação de oficiais e praças.

Com base em diretrizes criada da Organização Mundial da Saúde (OMS), o documento compara o vício em apostas online a comportamentos típicos de vício, como o alcoolismo e a dependência química.

Sem expor dados que demostram impacto desses transtornos no funcionamento do Exército, o texto destaca que o vício em jogos é mais comum entre homens com alta impulsividade e competitividade.

Para alertar sobre os riscos associados ao jogo patológico, a cartilha cita o caso hipotético de um militar da ativa, denominado João.
 


De acordo com o documento, o personagem teria começado no mundo das bets por diversão, mas teria contraído dívidas para apostar com valores cada vez mais altos.

O texto também descreve como principais sintomas do transtorno:

-Passar tempo demais usando telas;

-Pensar sobre jogos por muito tempo;

-Sentir-se ansioso ou tenso quando não está jogando;

-Gastar quantias descontroladas em jogos;

-Aumento na irritabilidade ou impaciência;

-Necessidade de estar conectado o tempo todo;

-Mentir sobre jogar;

-Sentimento constante de culpa;

-Indisponibilidade;

-Distanciamento ou isolamento;

-Problemas de organização;

-Procrastinação;

-Dificuldade de se inserir em situações sociais;

Além do endividamento e do sofrimento psíquico, são listadas como consequências do jogo patológico a dificuldade de concentração, a diminuição das habilidades sociais e o desenvolvimento de problemas de visão e dores musculares.

Ao final, o material recomenda o uso de medicamentos, a psicoterapia e a participação em grupos de apoio mútuo para o tratamento do transtorno.

Marinha e Aeronáutica também tratam o assunto. A FAB (Força Aérea Brasileira) afirma ter lançado o PEF (Programa de Educação Financeira), que tem no seu escopo um cronograma de trabalho relacionado aos gastos com apostas.

"O Instituto de Psicologia da Aeronáutica possui estudos que evidenciam que o envolvimento excessivo com apostas provoca impulsividade, podendo desencadear uma série de transtornos emocionais e psicológicos", diz a FAB.

A Marinha afirma que a DASM (Diretoria de Assistência Social) tem implementado iniciativas de prevenção e conscientização sobre jogos patológicos, como palestras socioeducativas, rodas de conversa, anúncios em sua rádio e na internet, além da produção de reportagens.

Fonte: GMB / Folha / O Globo