De um modo geral, as IAs são desenvolvidas para que possam tomar decisões independentes, de forma parecida com os humanos. Para tal, usam algoritmos extremamente complexos, capazes de decidir ações com base na identificação de padrões e “aprendizado de máquina” (machine learning, em inglês). Quando alguém está jogando, esta tecnologia aprende a forma de jogar do usuário para criar uma experiência que se adapta a ele.
Já tem IA em tudo quanto é aventura, desde as mais complexas até aqueles slots rtp alto que muitos adoram. Dessa forma, cada jogador pode ter uma experiência única. Por exemplo, a IA de um título pode alterar detalhes como onde colocar determinados itens, layout de nível e a própria dinâmica do ambiente.
A mesma aventura pode oferecer experiências consideravelmente diferentes para cada jogador, dependendo dos desejos do jogador. Não há dúvidas de que esta tecnologia veio para ficar e já faz parte até mesmo da elaboração de novos enredos. No entanto, a tecnologia tem seus limites.
Para figurões do ramo, como Tim Sweeney, CEO da Epic Games, a IA tem um potencial enorme para aprimorar processos específicos. Mas, não dá ainda para criar um jogo do zero. Sweeney diz que a IA funciona melhor quando pode contar com bilhões de amostras para treinamento. Ainda bem, porque assim os títulos favoritos podem se basear nas longas horas de jogatina dos jogadores e criar uma experiência toda personalizada.
Já o professor Julian Togelius, da Universidade de Nova York, diz que ferramentas de IA barateiam o desenvolvimento de games para estúdios menores. Por exemplo, se uma equipe de títulos de videogame não tiver um animador, pode-se mandar um software de inteligência artificial para fazer o serviço.
Para quem cresceu jogando videogames de 8-bit, a IA já transformou radicalmente a indústria dos games. Porém, ainda mais inovação e realismo estão por vir, na medida em que esta tecnologia fica cada vez mais refinada. Veja abaixo o que esperar das próximas aventuras.
* NPCs mais realistas: Softwares de inteligência artificial poderão criar companheiros de aventura com traços de personalidade e capacidade de decisão tão complexas que parecem mesmo companheiros humanos. Jogadores estão ansiosos para jogar com NPCs que não falem mais do que meia dúzia de frases e sejam “de verdade”.
* Inteligência coletiva: Combinar a experiência de diferentes jogadores com NPCs para criar uma inteligência coletiva é uma das coisas mais empolgantes. Assim, cada decisão na aventura tem o poder de afetar o universo inteiro, criando cenários e missões muito mais dinâmicas.
* Geração de conteúdo: Já existem títulos atuais utilizando IA para criar conteúdo procedural, que é o conteúdo criado pelo computador ali em cima da hora, do nada. Esta tecnologia pode criar até mesmo histórias completamente novas dentro da aventura, automaticamente. Criar um conteúdo que seja realmente convincente é fundamental para ajustar as condições de jogabilidade para cada um. Com uma IA melhorada, espera-se que venha ainda mais conteúdo assim.
* Aprendizado de máquina: Do mesmo jeito que a geração de conteúdo procedural, o aprendizado de máquina já é utilizado hoje. Algoritmos mais sofisticados podem fazer NPCs aprenderem os hábitos dos jogadores mais rápido e serem menos “robóticos”. A expectativa é por uma experiência ainda mais personalizada, com missões e layouts criados sob medida.
* Realidade virtual e aumentada: Aventuras para dispositivos VR e AR já são uma realidade e a IA pode transformar ainda mais uma experiência que já é imersiva. A combinação destas tecnologias poderá criar ambientes ultra-realistas insanos.
Nem todas as aplicações da IA são empolgantes. Recentemente, diversas queixas do setor criativo surgiram, pois estúdios estariam usando a ferramenta para tarefas essencialmente humanas. Criação de roteiro, textos, personagens, música, vozes: tudo isso pode ser também gerado por IA.
Ou seja, a inteligência artificial coloca em xeque não apenas os postos de trabalho destes profissionais e seus justos direitos autorais, mas a própria importância daquilo que nos faz mais humanos: a criatividade artística. Também há debates sobre a utilização ética desta ferramenta, mas responder a essa questão não é nada fácil.
Nunca houve dúvida sobre o potencial da IA para transformar esta indústria. Como gamer, a expectativa é que os estúdios façam o uso mais criativo possível desta ferramenta. Ela serve para criar novas histórias, personagens e cenários. Por outro lado, a discussão sobre a utilização ética da inteligência artificial neste universo não pode ser ignorada.
