
Além disso, Romanovski critica o preconceito implícito na decisão, sugerindo que ela desconsidera a autonomia financeira dos beneficiários. Em sua visão, a solução mais eficaz para mitigar os danos das apostas não está na exclusão, mas sim no combate ao jogo ilegal e no investimento em educação financeira.
“A intenção é proteger, mas o resultado pode ser o oposto. A recente decisão do Governo Federal e do STF de restringir o acesso de beneficiários do Bolsa Família e de programas sociais aos sites de apostas parte de uma boa intenção: proteger os mais vulneráveis.
Mas é preciso olhar além da superfície. A medida, ao invés de proteger, pode acabar empurrando essas pessoas para a clandestinidade do jogo ilegal, onde não há qualquer tipo de controle, segurança ou arrecadação tributária.
Mais grave ainda: reforça um preconceito estrutural de que quem recebe auxílio não é capaz de fazer escolhas por si mesmo — mesmo que essas escolhas envolvam riscos. É um passo preocupante na direção contrária da liberdade individual e da inclusão financeira.
Se o objetivo é reduzir danos, o caminho mais eficiente é o combate ao jogo ilegal e o investimento em educação financeira — não a exclusão pura e simples.
Decisões públicas devem ser julgadas não apenas pela intenção, mas principalmente pelos resultados que geram”.
Fonte GMB