O estudo on-line contou com a participação de 550 pessoas maiores de 18 anos, de todas as classes sociais e regiões do Brasil. Como resultado, foi possível aferir que a tradicional “loteria” continua sendo a modalidade mais popular (58%) de jogo.
Na sequência, aparecem as apostas esportivas (33%), que apesar de serem um tema mais recente já ganham peso em adeptos, e raspadinhas (27%). Categorias como cassino e jogo de cartas, ficaram estatisticamente empatadas com fatias entre 15% e 17%.
“Nós consideramos tudo, desde bolsas esportivas, caça-níqueis, jogo de cartas, cassinos, jogo do bicho, loteria, raspadinha”, afirma Fábia Silveira, gerente de planejamento e atendimento do QualiBest. A especialista se disse surpresa com a quantidade de brasileiros que afirmaram apostar esportivamente.
Renda menor, gastos maiores
Os usuários gastam em média R$ 58 por mês com os jogos segundo a pesquisa. Contudo, esse volume financeiro aumenta para R$ 80 nas classes A e B, formada por famílias que possuem rendimentos acima de R$ 10 mil, e na geração Y (adultos entre 29 e 41 anos), que é a que mais faz apostas esportivas (45%). Já os baby boomers (entre 59 e 78 anos) são os que menos jogam (20%).
Em relação ao volume financeiro empregado, Silveira aponta para uma contradição. Apesar de os mais jovens terem um orçamento menor, são eles que gastam mais com os jogos de azar e apostas. “Sabemos que a concentração de renda é mais forte na geração X (entre 42 e 58 anos) e nos baby boomers. Posso dizer, com toda certeza, que isso está pesando no orçamento dos mais jovens”, diz.
Tal fato também preocupa Tatiane Viana, educadora financeira, tutora e professora da Eu me banco. “Chama a atenção a quantidade de jovens buscando por ganhos rápidos com jogos, mas sabemos que isso não existe”, afirma a especialista. “Jogos (de azar e apostas) não são uma forma de renda.”
Essa é também a visão de Hulisses Dias, analista CNPI e mestre em finanças pela Sorbonne. “O problema não são as apostas em si, mas o apostador criar a expectativa de fazer disso uma renda extra”, diz. “Apostas e jogos de azar são um excelente ‘investimento’ para as casas de aposta. Para um cidadão comum, devem ser vistos como nada mais do que um pequeno momento de descontração com amigos.”
É saudável e seguro?
De acordo com a pesquisa, a principal motivação para os entrevistados jogarem é a “emoção” da aposta. Cerca de 38% apostam on-line pelo menos uma vez por semana e outros 23%, quinzenalmente. Além disso, gastam em média mais de uma hora por semana nessa atividade.
Mesmo fazendo parte da rotina, os internautas não souberam responder se a atividade é “segura e saudável”. “Os entrevistados ficam muito em cima do muro, não sabem dizer. Embora quem jogue fale que o principal motivador para o jogo é a emoção da aposta. Então, os componentes emocionais dentro desse universo são altíssimos”, aponta Silveira.
Segundo Viana, os valores aplicados em apostas devem ser entendidos como parte dos “gastos variáveis”, que são gastos voltados ao entretenimento. O aconselhável é que o consumidor direcione no máximo 30% do orçamento disponível no mês para estas despesas com diversão.
Um sinal de que a relação com os jogos não está saudável é quando o apostador não consegue se desvencilhar da rotina de apostas, comprometendo o orçamento. “Todos nós temos algum vício e ele não é de todo ruim, desde que gere algo positivo a longo prazo, o que não é o caso das apostas. O desafio de uma pessoa viciada em apostas é buscar substituir esse vício negativo por um positivo”, ressalta Dias, da Sorbonne.
Fonte: Estadão E-Investidor