MIÉ 18 DE SEPTIEMBRE DE 2024 - 22:24hs.
Ozric Vondervelden, cofundador da empresa

Greco: O dilema do abuso de bônus no Brasil e o efeito cascata na América Latina

Ozric Vondervelden, cofundador da plataforma de gerenciamento de risco de jogo Greco, falando antes do SBC Summit Latinoamérica, avalia a ameaça representada pelo abuso de bônus em um artigo publicado pelo Casino Beats. Uma série de fugas de dados, alerta ele, expôs os números de identificação fiscal dos cidadãos e armou fraudadores com a capacidade de escalar o abuso de bônus em centenas de milhares de identidades.

A indústria brasileira de iGaming está, sem dúvida, entre os mercados mais difíceis de navegar quando se trata de abuso de bônus. Ampliando esse desafio está a fraude de afiliados, onde os parceiros CPA aproveitam plataformas como o YouTube para promover o abuso de bônus e orientar os jogadores para grupos privados de Discord e Telegram, onde orquestram ataques.

Uma série de fugas de dados, expondo os números de identificação fiscal dos cidadãos, deu aos fraudadores a capacidade de escalar o abuso de bônus em centenas de milhares de identidades. Além disso, vários operadores no mercado foram afetados por bugs de integração associados a alguns jogos travados. Esta vulnerabilidade tem sido alvo de muitos fraudadores que recebem ganhos duas vezes.

Um dos maiores problemas que o mercado enfrenta é o abuso de slots de persistência. São jogos que facilitam o armazenamento de valor dentro da mecânica do jogo. Os malfeitores podem usar esses jogos para armazenar fundos de bônus que posteriormente liberam como dinheiro, prejudicando os requisitos de apostas no processo.

Este processo de abuso normalmente converte cerca de 90% do bônus em dinheiro, em comparação com os 10-20% normalmente pretendidos. Existem mais de 1.500 desses jogos, representando 20% de todos os novos lançamentos. Em colaboração com a Kaizen Gaming, publicamos um estudo de caso que demonstra a escala deste problema no Brasil. Conseguimos identificar e prevenir perdas milionárias durante o primeiro mês de análise.

Outro grande problema que estamos vendo é o armazenamento/estacionamento de dinheiro, que afeta aproximadamente 70% dos operadores. Este é o processo de esconder dinheiro em rodadas de jogo não resolvidas para ganhar uma chance de ganhar o bônus sem risco. Como o jogador não arrisca o seu dinheiro, o valor global do bônus aumenta dramaticamente.

Testamos mais de 200 mecanismos de bônus em todo o mundo e descobrimos que 80% deles têm um ou mais bugs que podem ser explorados para converter prematuramente bônus em dinheiro. É evidente que os fraudadores no Brasil são particularmente proficientes na descoberta dessas falhas.

Esses riscos combinados estão causando, justificadamente, muita ansiedade ao processar saques. E a reação da maioria das operadoras no Brasil é revisar manualmente as contas dos jogadores em busca de quaisquer riscos relacionados ao jogo. E não é apenas o Brasil, nossos dados mostram que essas questões estão tendo um efeito cascata em outros países da América Latina.

Recentemente, conversei com um operador que analisa manualmente a jogabilidade dos jogadores após os saques. Tal tarefa exige a atenção de um número surpreendente de 97 funcionários, totalizando 116.400 horas mensais. E, no entanto, uma quantidade significativa de abuso de bônus ainda passa despercebida.

Tendo conversado com dezenas de operadores no mercado, fica claro que este é um problema generalizado. É amplamente reconhecido que os saques rápidos desempenham um papel crucial na consolidação da fidelidade à marca, mas as revisões manuais continuam a retardar os saques.

As revisões manuais não exigem apenas muita mão-de-obra; elas não têm consistência. Os desafios incluem lacunas de reconhecimento, erros humanos e aumentos repentinos nos pedidos de retirada. Para gerenciar a carga de trabalho, os operadores geralmente definem limites arbitrários para revisões manuais, o que infelizmente deixa uma quantidade significativa de abusos passar despercebida. Esta situação promove o abuso de bônus, levando a termos mais rígidos, redução de bônus e diminuição da experiência do usuário.

A implementação de sanções após um incidente envolve frequentemente medidas duras, como confiscos. Tais ações podem manchar a reputação de uma marca e punir involuntariamente jogadores que desconhecem os termos e condições.

Dados estes desafios, a necessidade de uma solução inovadora é evidente. Nossos dados demonstram claramente que as notificações oportunas aos jogadores durante os primeiros sinais de risco atuam como um poderoso impedimento.

Fundamentado na Teoria da Dissuasão, o princípio é simples: tornar os jogadores conscientes das suas ações em tempo real implica que você está coletando evidências que serão usadas para justificar penalidades caso elas continuem. Isso reduz drasticamente as violações de prazos, resultando em menos disputas, melhor sentimento da marca e melhores margens.

A equipe Greco possui mais de uma década de experiência na abordagem de abusos promocionais e fraudes no setor de jogos. Já atendemos mais de 40 operadoras, entre elas diversas das principais marcas do Brasil. Aproveitando esta experiência, a Greco foi pioneira no primeiro mecanismo de risco de jogo do setor.

Esta inovação automatiza a análise de riscos, liberando as equipes para se concentrarem em tarefas centradas no crescimento. Operando em tempo real, a Greco impede a maioria das tentativas de abuso de bônus. Para aqueles que persistem em má conduta, a Greco oferece uma trilha de auditoria abrangente e afasta esses jogadores de saques instantâneos.

Acreditamos firmemente na preservação da experiência do usuário. É injusto que todos os jogadores suportem o peso devido à má conduta de alguns. Com a estratégia direcionada da Greco, as operadoras podem contar com uma seleção de conteúdo mais atraente, bônus aprimorados e processos de retirada mais rápidos.

Ozric Vondervelden
Cofundador da Greco

Fonte: Casino Beats