VIE 22 DE NOVIEMBRE DE 2024 - 08:06hs.
André Vinícius de Alencar Alves, sócio da Control+F5

É importante conhecer a gestão de riscos para sites de apostas

O lucro de uma casa de apostas esportivas envolve uma série de fatores e escolhas da empresa quanto à administração de seu negócio. Mas um detalhe não pode ser esquecido: a gestão de riscos. André Vinícius de Alencar Alves, sócio da Control+F5, aborda o tema em artigo exclusivo para o GMB e diz que um trabalho eficiente e profissional é “fundamental para o crescimento sustentável de um sportsbook.

Hoje em dia, muitos estão interessados em iniciar uma operação de jogos. Ao verem o sucesso de tantas empresas no meio, alguns empreendedores pensam que gerenciar um site de apostas é sinônimo de lucro fácil.

Mas, não é bem assim.

A gestão de riscos é uma atividade primordial para as operações de apostas esportivas. Ela é uma das grandes responsáveis por tornar os sites de apostas modelos de negócios viáveis e lucrativos.

Os sites de apostas estão acostumados a customizar a variedade de ligas, eventos e tipos de apostas que oferecem ao seu público. Mas, garantir a sustentabilidade de uma operação de jogos envolve muito mais do que isso.

A gestão de risco ajuda a manter a segurança e lucros para as empresas. A atividade deve ser realizada com o maior critério possível, pois ela é essencial para o sucesso a longo prazo de uma empresa de apostas.

Podemos dizer que a gestão de risco em uma operação de jogos envolve duas grandes áreas.

1. Limites de perdas

Existem diferentes abordagens para o gerenciamento de risco nas apostas esportivas, cada uma com suas características. Uma das principais é o estabelecimento dos chamados limites de perda.

Com o uso dessa ferramenta, determinadas opções de apostas podem ser bloqueadas quando um limite de perda predefinido for atingido.

Caso o bloqueio seja acionado, no momento em que forem feitas apostas suficientes nas odds opostas que compensem a perda potencial nas primeiras, as opções bloqueadas serão novamente disponibilizadas.

O limite de perda permite que as empresas minimizem seus riscos e, ao mesmo tempo, alcancem mais vendas. Vamos ver um exemplo:

Vamos pensar em um jogo de futebol entre Brasil e Argentina, onde os apostadores de um site brasileiro fazem muitas apostas na sua Seleção (odds “1” do mercado “1X2”).

Com isso, o mercado ficou desequilibrado, o que significa que o limite de perdas para a odd “1” foi atingido.

Quando isso acontecer, as odds “1” automaticamente ficarão indisponíveis para apostas. No entanto, apostas ainda podem ser aceitas para as opções"X" e “2”.

Nesse momento, a casa de apostas pode, por exemplo, aumentar as odds do time argentino de forma a equilibrar a carteira. Ou, então, pode esperar até que apostas suficientes sejam feitas no mercado “X” e “2”.

Caso várias apostas tenham sido feitas nas cotas “X” e “2”, o mercado se equilibra e a cota “1” poderá ser disponibilizada novamente.

Com essa estratégia, a margem de risco definida nunca será excedida. Ao mesmo tempo, é possível apostar nos mercados pelo maior tempo possível. Portanto, o risco da casa é minimizado, enquanto o volume de negócios pode ser maior.

Um dos maiores desafios na implementação de estratégias de gestão de riscos é o fato de que elas precisam ser individuais para cada empresa e mercado-alvo. Conforme nosso exemplo, o cenário é um no Brasil e outro na Argentina, para um mesmo evento.

Isso ocorre porque as condições e requisitos de estrutura de diferentes mercados e grupos de apostadores variam significativamente.

Outro ponto bastante importante é que a estratégia de gestão de riscos também deve estar alinhada com os objetivos corporativos.

Isso significa adotar abordagens que priorizem a viabilidade a longo prazo de todo o sistema, incluindo outras áreas da organização. Por exemplo, as estratégias de marketing podem ser coordenadas com a equipe de gestão de risco para alinhar os objetivos de curto prazo com as metas estratégicas de longo prazo.

Ou seja, determinados mercados e esportes podem ser mais divulgados em certos momentos, com o objetivo de equilibrar as apostas, ajudando a manter o risco da casa dentro de um padrão positivo.

2. KYC -“Know Your Customer ou Conheça seu Cliente”

Para proteger sua empresa contra fraudes, erros ou distribuições excessivas de lucros é necessária a implementação de processos KYC. Esse serviço envolve o monitoramento constante da identidade de clientes, bem como jogos e apostas feitas por eles.

Esta função pode ser terceirizada, o que torna o processo mais especializado, reduzindo também os custos da empresa de apostas.

É importante saber que uma grande parte das medidas de gerenciamento de risco podem ser automatizadas. Alguns sistemas permitem que certos clientes, como por exemplo jogadores excepcionalmente bem informados, que têm uma vantagem injusta sobre a posição da casa ou apostas indesejadas sejam impedidos, a fim preservar a lucratividade do negócio.

Essas soluções automatizadas têm a capacidade de detectar, monitorar e gerenciar possíveis comportamentos maliciosos ou eventos desequilibrados que possam representar uma ameaça financeira às operações.

Limites de perdas hierárquicos para mercados, ligas, eventos, e jogadores podem ser acionados preventivamente. Essa abordagem permite que os gerentes de risco identifiquem e antecipem ameaças, como riscos financeiros indesejados.

Enfim: para o crescimento sustentável de uma empresa de apostas, uma gestão de riscos eficiente e profissional é primordial. Ela garante a segurança e a rentabilidade da empresa a longo prazo. Gostou do tema? Então, podemos conversar mais a respeito.

Fonte: Exclusivo GMB