Sua trajetória é curiosa. Antes de fazer engenharia no MIT, Luana dedicou-se ao balé. Trocou a dança pela matemática e, depois, pelo mercado financeiro.
Quando estudante nos EUA, conheceu Tarek Mansour, seu sócio na criação da Kalshi. A plataforma levantou então US$ 100 milhões de investidores de risco. Atualmente há mais de US$ 1 bilhão em apostas lá.
Diferentemente do Polymarket, a Kalshi tem licença oficial para operar nos Estados Unidos desde 2020. No entanto, a licença não permitia apostar em temas políticos, como eleições.
A Kalshi processou as autoridades dos EUA para conseguir a permissão de vender futuros eleitorais. A vitória na ação aconteceu em setembro de 2024, bem a tempo das eleições. Os norte-americanos puderam então apostar usando dólares comuns (e não apenas criptomoedas, como acontece na Polymarket).
O destaque que a Kalshi e o Polymarket têm obtido nas últimas semanas é sintoma de um novo mundo que está se construindo, goste-se dele ou não. As bolsas de apostas em eventos futuros viraram hoje fontes essenciais de informação.
Elas competem, nesse sentido, com a mídia tradicional e com as redes sociais. São hoje elementos centrais a serem considerados na tomada de decisões.
A repercussão disso é muito profunda. Esses mercados não servem só para prever resultados eleitorais ou o preço futuro do Bitcoin (o que têm feito bem). Eles podem ser usados para prever o resultado também de tarefas complexas.
Por exemplo, apostar se um experimento científico feito no passado (e tido como correto) pode ser repetido hoje com sucesso. Ou ainda prever decisões institucionais complexas. Como uma decisão do Supremo Tribunal Federal. Há quem aposte que os mercados de apostas podem prever com precisão todas as decisões futuras de um órgão como o Supremo, com margem de acerto superior a 95%.
E se os mercados de previsão começassem a substituir as instituições que eles conseguem prever? É exatamente o que propõe o economista Robin Hanson, com seu conceito de "Futarquia" (governo pelo futuro).
Na visão dele, os mercados de previsão poderiam decidir políticas públicas. A população escolheria democraticamente quais objetivos um governo deve priorizar. Os mercados de previsão então testariam quais decisões teriam sucesso para alcançar esses objetivos definidos, sob a premissa de que são eficientes na agregação de informações e na previsão de eventos futuros.
Fonte: Folha