LUN 25 DE NOVIEMBRE DE 2024 - 11:56hs.
Marcio Malta, CEO Sorte Online

Chegou a hora de terminar com o "complexo de vira-lata" brasileiro sobre o boom das bets

O 'complexo de vira-lata' brasileiro muitas vezes influencia análises negativas sobre o boom do igaming e das bets, na avaliação de Marcio Malta, CEO do Sorte Online. O executivo destaca que o Brasil se posiciona como o terceiro maior mercado de audiência no setor e que, “apesar disso, estamos longe de mercados consolidados, como o de Nova Iorque”. Para ele, está mais do que na hora de o país encarar com profundidade esse setor emergente, que promete contribuir significativamente para a economia brasileira.

Nosso "complexo de vira-lata" nos fez, por muito tempo, atribuir viés pejorativo a notícias e indicadores que desagradam ou vão de encontro ao nosso preconceito e opinião pessoal.

Com a explosão do igaming e bets, eu, que não fiz minha carreira neste setor (ou ao menos não sou oriundo dele), vejo muitas análises tomadas por este viés... associando eventual baixa escolaridade ou intelectualidade do brasileiro à "febre das bets". Todos têm direito a uma opinião e a expressá-la, mas neste caso o "só porque é Brasil..." não procede.

Segundo dados recentes da Comscore, Inc., o Brasil aparece como o terceiro maior mercado (DE AUDIÊNCIA - não receita). Olhando o ranking populacional, excluindo a China e países muçulmanos, onde há grande proibição das apostas por questões religiosas ou definições de governo locais (exceção à Índia por ainda estar abaixo na escala do desenvolvimento econômico e acesso à internet).

Ex.: e-commerce da Índia pouco mais que o dobro do brasileiro com uma população quase 7x maior que a nossa; seria, portanto, óbvio o Brasil ter posição de destaque neste mercado global. Não podemos menosprezar a afinidade do brasileiro com produtos de sorte e apostas; está intrínseco à nossa cultura.

Todavia, os dados mostram que ainda estamos bastante distantes dos grandes e consolidados mercados. Olhando indicadores relativos (excluindo-se a riqueza do país ou câmbio), dados recentes do Banco Central do Brasil apontam para um gasto total com apostas esportivas e cassino online de cerca de R$ 50 bilhões para um PIB de R$ 10,9 trilhões, obtendo-se uma participação na economia de menos de 0,5% no PIB; o que é relevante para um setor econômico totalmente novo, mas bastante abaixo dos dados de mercados mais desenvolvidos e consolidados.

Tendo como exemplo o estado de Nova Iorque, que atingiu a marca de US$ 19 bilhões movimentados APENAS em apostas esportivas (cassino online representa cerca de 70% costumeiramente neste tipo de operação) para uma economia de US$ 2,2 trilhões (0,86% de participação); acrescentando cassino online NY tende a ter o triplo da penetração/PIB do Brasil - aqui estou ignorando dados absolutos e efeitos de câmbio.

Minha constatação é que passou da hora de usarmos o jargão cafona de "só no Brasil", e analisarmos um pouco melhor os dados e as nuances de mercado; neste caso uma nova indústria que surge, a do igaming com grandes perspectivas para o mercado brasileiro no desenvolvimento de tecnologias, geração de emprego e divisas para a União.

Marcio Malta
CEO, Sorte Online