Para Lígia Mello, CSO da Hibou, responsável pelo levantamento, é impressionante observar como as apostas permeiam a vida dos brasileiros, seja por diversão, ganho financeiro ou até mesmo pela influência de amigos e familiares. “Esse estudo nos ajuda a entender o impacto cultural e econômico que os jogos de aposta têm no país", afirma ela.
Conduzida entre 7 e 9 de agosto de 2024, com 2.839 brasileiros de todas as classes sociais, as loterias aparecem como a escolha mais popular entre os apostadores brasileiros, com 47% dos entrevistados afirmando que jogam nessa modalidade.
Segundo Mello, “A loteria é uma tradição profundamente enraizada na cultura brasileira. Muitas pessoas veem nela uma oportunidade não apenas de ganhar dinheiro, mas de sonhar com uma mudança de vida”.
Em seguida, vêm as rifas (25%), apostas esportivas conhecidas como “bets” (11%), bingo (10%), e o cassino online, com destaque para o jogo “Tigrinho” (8%).
As propagandas desempenham um papel importante no comportamento dos apostadores, com 42% afirmando ver anúncios de jogos de apostas na TV, 33% no Instagram e 19% são impactados por influenciadores. Assim, 19% dos apostadores relataram um nível de influência “alto” das propagandas em suas decisões de apostar.
Bets esportivas e o impacto do patrocínio
As apostas esportivas, conhecidas popularmente como “bets”, têm ganhado espaço no Brasil, com 11% dos apostadores dedicando-se a essa modalidade. Entre os principais fatores que influenciam a escolha da casa de apostas estão a recomendação de amigos e familiares (32%), a reputação da casa (31%) e o fato de a marca ser patrocinadora de seu time de futebol (31%).
A pesquisa indica que 71% dos apostadores se sentem mais inclinados a apostar quando o time que torcem é patrocinado por uma marca de apostas.
“As apostas esportivas, especialmente aquelas feitas em plataformas de ‘bets’, refletem o quanto o esporte e o entretenimento estão ligados aos desejos pessoais dos brasileiros”, comenta Ligia Mello. “O patrocínio esportivo influencia diretamente o comportamento dos apostadores, mostrando que a confiança e o engajamento emocional com um time têm um papel crucial nas decisões de aposta”.
O Tigrinho: o fenômeno dos cassinos online
Outro dado relevante da pesquisa diz respeito ao jogo “Tigrinho”, que lidera entre as opções de jogos de cassino online, sendo a preferência de 69% dos jogadores desse segmento. Os apostadores no Brasil que jogam o “Tigrinho” são também os que mais gastam e passam tempo jogando. A maioria (50%) gasta entre R$ 10 e R$ 50 por rodada, e 34% investem até entre R$ 200 e R$ 500 por mês nessas plataformas.
“É curioso como o ‘Tigrinho’ se tornou um fenômeno entre os apostadores de cassinos online. O jogo oferece uma combinação de imediatismo e simplicidade, o que atrai jogadores de diferentes perfis”, destaca Lígia Mello. “No entanto, a falta de entendimento do modelo e a percepção do possível ganho tem colocado o brasileiro em dívidas, pois perde o controle, nesse modelo”.
Além disso, 78% dos jogadores de “Tigrinho” não têm clareza sobre o total que já gastaram nesse tipo de jogo, o que levanta preocupações sobre o controle financeiro e o potencial de vício. O perfil predominante desses jogadores é recreativo (41%), seguido por aqueles que jogam com frequência regular (31%) e os que se consideram estratégicos (21%).
Limites e frequência de apostas
Quando perguntados sobre os limites financeiros mensais para as apostas em geral, 50% dos brasileiros que apostam definem um limite entre R$ 50 e R$ 100, enquanto 36% admitiram não ter um limite definido. A frequência de apostas varia, com 42% jogando ocasionalmente, 17% apostando uma ou duas vezes por semana, e 3% relatando que jogam diariamente.
A realidade dos não-apostadores
Entre os 32% dos brasileiros que não participam de jogos de apostas, os principais motivos são a falta de confiança na honestidade dos sistemas de apostas (44%), a falta de dinheiro disponível (30%), e a ausência de exemplos de ganhadores em seu círculo social (25%).
Dentre eles, 88% acreditam que esses jogos podem viciar, e 69% consideram os cassinos online como a modalidade mais perigosa nesse aspecto.
Além disso, 65% dos não-apostadores conhecem alguém que já se endividou por causa das apostas, sendo que 27% desses problemas financeiros permanecem sem solução.
Perspectivas e regulação
A pesquisa também abordou a percepção dos não-apostadores sobre a regulação dos jogos de apostas. 73% acreditam que as empresas de jogos deveriam pagar mais impostos, e 39% acham que a legalização e regulamentação do jogo traria mais segurança para quem aposta.
Fonte: GMB