Empresários brasileiros que tiveram que deixar o Brasil após a proibição dos jogos de azar, estão planejando sua volta ao país tendo em vista a possibilidade da aprovação de dois projetos de lei em andamento na Câmara e no Senado. A maioria deles fundaram empresas que se tornaram referência no mercado mundial de equipamentos para salas de bingo e cassinos.
Defensora da liberação, a família Ortiz saiu do Brasil com a decisão do STF que tornou ilegais os bingos em 2007. Alejandro Ortiz e seu irmão Johnny fundaram duas empresas no exterior: a Ortiz e a Zitro, que estão hoje entre as líderes do setor.
"Hoje, todos os empresários do setor, brasileiros ou estrangeiros, acompanham a evolução da legislação", diz Johnny Ortiz
Arlindo Figueiredo, dirigente da Ajes, rede que reúne 200 interessados em abrir estabelecimentos para o jogo, diz ser comum o perfil dos que foram empreender no exterior.
Um dos membros, a 7Games, que faz software para bingos e slot machines, tem sede na Flórida. Moacir Filho, presidente da 7Games, diz que está preparando a tradução do software para o português, à espera da legalização.
"Vou fazer o caminho inverso do que fiz em 2001, quando vim para os EUA."
Outro interessado em voltar a trabalhar com o jogo no Brasil é José Carlos Baungartner que começou sua trajetória em 1994 com a Vegas Way, que se transformou em RCT, saiu do país em 2007, investiu no mercado peruano e hoje é referencia em mais de dez países e está em fase de homologação para comercializar nos Estados Unidos.
"O desejo de voltar a trabalhar no Brasil é profissional, por ser um mercado muito grande, mas também temos familiares que ficaram aí e sempre acreditamos que um dia poderemos voltar", diz Hugo Baungartner, diretor da empresa e filho de José Carlos.
Sem problemas com a lei
Nos projetos de Lei em tramitação consta uma regra que deverá impedir de atuar no país empresários que já tiverem alguma condenação por crimes.
"Serão exigidos atestados de ausência de antecedentes criminais, certidões negativas de débitos tributários e outros requisitos de idoneidade", explica Luiz Felipe Maia, sócio do FYMSA Advogados.
Porém, mesmo alguns dos antigos empresários do bingo não possam voltar ao mercado pelas condenações previstas, suas operações brasileiras podem ser feitas em nome de outros representantes.
Fabio Kujawski, sócio do escritório Mattos Filho, considera que é importante ter critérios para atrair pessoas de reputação ilibada, eliminando a percepção de que a exploração de jogos de azar tem associação criminosa.
"Em países como os EUA, onde as maiores empresas do setor têm capital aberto, não há essa percepção", diz.
Fonte:GMB/Folha de S. Paulo