Ministrada pelo Diretor da Interval no Brasil, Fernando Baracho Martinelli, a palestra "Cenário atual da hotelaria no Brasil e os novos modelos de negócio”, realizada no 59º Conotel – Congresso Nacional de Hotéis, recebeu também o Diretor de Direitos Intelectuais do Ministério da Cultura, Dr. Rodolfo Tamanaha, que abordou o tema "Direitos Autorais e o Setor Hoteleiro”.
Tamanaha explicou sobre as vertentes em que o MinC atua em relação aos Diretos Intelectuais, com formulação e avaliação das políticas públicas, fortalecimento de subsídios, dentre outros. Neste contexto, o advogado falou sobre direitos autorais, regulamentados pelo ECAD, e que, segundo pesquisa feita em 2015, a indústria cultural e criativa produziu US$ 2,250 bilhões em receitas geradas no mundo, que superaram serviços de telecomunicações (US$ 1,57bi).
Segundo ele, o ponto da cobrança de direitos autorais em estabelecimentos comerciais é agregar valor ao empreendimento. "A arrecadação deve estar em harmonia com a atuação do setor. Ela deve estimular a atividade econômica, ser parceira com o estabelecimento e garantir que o valor chegue ao autor. A cultura potencializa o turismo”, afirmou.
Fernando Martinelli deu continuidade ao painel destacando o cenário atual da hotelaria, como este setor encontrou fontes de financiamento ao longo dos anos e como ele avançou ao panorama de hoje nos últimos dez anos. Ele relembrou as décadas de consolidação da hotelaria, época dos hotéis cassino e sua proibição, criação da Embratur e a chegada de redes internacionais em 1970.
Depois, ele mencionou o benefício para construção de hotéis com linhas de crédito financiadas pelo governo; entrada do plano real em 1994, até a crise econômica no setor imobilliário dos EUA no final dos anos 2000, os investimentos para os grandes eventos esportivos no Brasil e o alerta da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) sobre o modelo de condohotel em 2013.
Atualmente, com a crise no setor imobiliário, o conceito de multipropriedade (timeshare e fracionado) ganha destaque como forma de desenvolvimento e financiamento para a construção de resorts. "Acredito que este é o mercado que mais se desenvolveu nos últimos anos no País. Uma das coisas que temos observado é que o modelo de negócio adotados se tornaram commodities, que leva uma onda de grandes fusões e aquisições globais”, pontuou Martinelli.
Lado a lado deste cenário, cresceu também o número de plataformas de economia colaborativa como o Airbnb, HomeAway e outros canais, que priorizam a experiência do usuário. "Quando falamos sobre retorno de investimento, encontramos empresas atrativas como Priceline, ripAdvisor, Expedia e a própria Airbnb, que capitalizaram juntas mais de US$ 100 bilhões na última década. O sucesso dessas empresas marcam uma nova era nesta indústria, que ajudam pequenos empreendimentos a encherem seus quartos a um menor custo”, mencionou.
Martinelli comentou também que muitas empresas de outros segmentos têm entrado na hotelaria, trazendo outras visões e características para o mercado. Estas marcas se preocupam com a mistura de lazer e vida profissional, desenvolvendo produtos para as novas gerações.
Para finalizar, Martinelli levantou alguns pilares da hotelaria no Brasil:
- Plano Brasil + Turismo do Ministério do Turismo, que visa atingir 12 milhões de turistas estrangeiros em 2022.
- O plano tem 118 mudanças na Lei Geral do Turismo. "O turista está nas mãos de poucas companhias aéreas. Imagine como seria trazer uma das maiores empresas para o Brasil, como o turismo seria impulsionado?”, afirma.
- Projeto de Lei da MultiPropriedade – o modelo de venda de UH’s fracionadas tem crescimento exponencial no País;
- A legalização dos cassinos, que pode incrementar a receita com turismo em R$ 63 bilhões (1% do PIB) com dois projetos em andamento;
- Transformação da Embratur em Agência Brasileira de Promoção do Turismo, que passa a ter R$ 200 milhões para investimentos em ações de divulgação do Brasil no exterior.
Fonte: GMB/Revista Hotéis