VIE 29 DE NOVIEMBRE DE 2024 - 01:53hs.
Vinícius Lummertz, Secretário Estadual de Turismo em São Paulo

“São Paulo apoia a implantação de cassinos em resorts para atrair investimentos de R$ 6 bilhões”

Em entrevista exclusiva com a Tribuna da Imprensa Livre, o Secretário Estadual de Turismo em São Paulo, Vinícius Lummertz, afirmou que “o jogo é uma das variáveis que pode impulsionar a atividade turística”. O governo estadual mantém uma posição estratégica de apoiar a implantação de cassinos em resorts integrados. “Gostaríamos de fazer parte do circuito de jogos de apostas em dinheiro administrados pela iniciativa privada, além de trazer desenvolvimento a partir da atividade turística”, afirma Lummertz.

Luiz Carlos Prestes Filho: Qual a visão institucional do Governo do Estado de São Paulo em relação aos encaminhamentos no Congresso Nacional e no STF que podem regulamentar em breve os jogos de Apostas em Dinheiro Administrados pela iniciativa privada no Brasil?
Vinicius Lummertz:
O governo mantém uma posição estratégica de apoiar a implantação de cassinos em resorts integrados dentro do Estado de São Paulo. Os investimentos que o modelo de negócio pode trazer podem atingir R$ 6 bilhões e gerar uma demanda hoteleira e um fomento para o setor com potencial para aflorar a vocação turística e o desenvolvimento regional. No caso do Marina Bay Sands, em Singapura, onde o turismo saiu de nove milhões para 17 milhões de turistas por conta do empreendimento, o sucesso está justamente no misto do complexo que integra entretenimento, hospedagem, compras e cassino. O jogo é uma parte desse movimento, é uma das variáveis que pode impulsionar a atividade turística. Ao lado dele, os eventos, as artes e, logicamente, os negócios.

No Brasil já foi assim, as bases de grande parte dos movimentos culturais que surgiram no cinema e na televisão brasileira passaram pelo cassino da Urca na década de 40. Acredito que a experiência regulamentada no Brasil pode curar um outro problema, que é o jogo ilegal e a evasão de recursos do Brasil. Se os brasileiros viajam ao exterior para jogar, poderiam estar fazendo isso aqui. Não significa, entretanto, que sejamos a favor de uma abertura generalizada para todos os jogos de azar. Mas é possível viabilizar com sucesso os jogos em complexos turísticos.

No momento da crise, criada pela COVID-19, a regulamentação abriria oportunidades para o setor do Turismo? Quais oportunidades?
A atividade turística, de um modo geral, deve ser encarada como parte fundamental da retomada econômica. A estrutura turística não se desfez com a pandemia, os atrativos estão postos, embora os visitantes estejam em menor número. Precisamos recuperar os postos de trabalho perdidos nos mais de 52 setores relacionados diretamente ao turismo. Acredito que sempre é o momento de debater estes temas para viabilizá-los, mesmo que eles aconteçam a longo prazo. Agora, estamos muito focados em apoiar as empresas que passam por dificuldades financeiras, por meio de capital de giro, e viabilizar projetos que já estão adiantados, como as rotas cênicas e turísticas do estado de São Paulo.

A Cadeia Produtiva da Economia de Jogos do mundo promove atividades em cassinos e bingos. Também realiza grandes feiras de negócios de jogos. O Governo do Estado de São Paulo teria intenção de atrair essas feiras internacionais?
Certamente gostaríamos de fazer parte do circuito, sempre no sentido de projetar o estado e o país, além de trazer desenvolvimento a partir da atividade turística, respeitando as legislações vigentes e investindo em fiscalização.

 

 

Será que não chegou a hora para promover um grande congresso empresarial e institucional sobre a regulamentação de jogos no Brasil?
Somos o único país da América Latina que não tem os jogos regulamentados. A história é antiga e a todo momento temos novos projetos de lei que tentam trazer o tema ao debate. Temos sim que nos mobilizar, promover debates responsáveis e aprender a partir das boas práticas que temos fora do país, para, assim, criarmos um modelo sob medida para nós.

O projeto de lei que regulamenta Cassinos-resort está no foco da sua secretaria de Turismo?
Acompanhamos o tema como entusiastas e nos posicionamos sempre que possível. A posição do governo é que os resorts integrados a cassinos são uma grande oportunidade de geração de emprego e infraestrutura turística. Mas a decisão tem de ser consensual. O debate tem de estar maduro na sociedade para podermos avançar.

Quais seriam as cidades do Estado de São Paulo com mais potencial para o negócio Cassino/Turismo?
Há várias cidades com esse tipo de vocação, no interior e no litoral do país. Posso afirmar que não faltariam oportunidades ao investidor, mas que decisões como esta envolvem prefeituras e empresários e que só podem ser tomadas diante de situações concretas.

Parte da arrecadação dos negócios de jogos deveria ser direcionada para o fortalecimento das indústrias do Turismo?
O turismo já ganharia com a instalação diretamente. Os fundos poderiam ser remanejados para diversos fins, como o desenvolvimento regional de regiões específicas, para a saúde e para a educação.


Luiz Carlos Prestes Filho
Diretor Executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Cineasta, formado em Direção de Filmes Documentários para Televisão e Cinema pelo Instituto Estatal de Cinema da União Soviética; Especialista em Economia da Cultura e Desenvolvimento Econômico Local; Coordenou estudos sobre a contribuição da Cultura para o PIB do Estado do Rio de Janeiro (2002) e sobre as cadeias produtivas da Economia da Música (2005) e do Carnaval (2009); É autor do livro “O Maior Espetáculo da Terra – 30 anos do Sambódromo” (2015).

Fonte: Tribuna da Imprensa Livre