Desde 15 de março, as casas de Las Vegas podem receber mais uma vez 50% de sua capacidade total de visitantes. A cifra é a mesma de quando elas reabriram, em julho, mas, com o recrudescimento da pandemia, o limite passou a ser 25% em novembro, porcentagem que cresce progressivamente desde então.
O faturamento do setor no estado de Nevada, onde fica Las Vegas, caiu 25% entre 2019 e 2020, de US$ 24,5 bilhões para US$ 18,3 bilhões, de acordo com relatório do fim do ano passado do Nevada Gaming Control Board (órgão que regula os cassinos no estado).
Em abril de 2020, no início da pandemia, só 2,4% dos quartos de hotel estavam ocupados nos cassinos do estado, contra 87,2% no mesmo mês de 2019. O faturamento seguiu em queda ao longo do ano. Outro relatório do órgão, de janeiro, apontou que a cifra foi 26% menor no mês, se comparada ao mesmo período de 2020, sem pandemia.
O documento diz, porém, que a queda só aconteceu por causa dos cassinos de Las Vegas, que faturaram 44% a menos no período. As casas menores, em cidades como Reno e nas que circundam o lago Tahoe, cresceram no período.
A razão apontada no documento é que os apostadores na maior cidade do estado são, em sua maioria, turistas, e os que jogam nas casas menores são da região. O aeroporto de Las Vegas recebeu 1,5 milhão de passageiros em janeiro, 64% menos do que no mesmo período de 2020.
Os EUA não aceitam voos vindos do Brasil. Se o turista quiser entrar no país, precisa, antes, fazer uma quarentena de 14 dias em um terceiro território. O México é uma opção.
O maior hub de cassinos do mundo, Macau, na China, flexibilizou as regras para visitantes do resto do país em 24 fevereiro. Desde aquela data, chineses de algumas regiões não mais precisam ficar em quarentena ao chegar.
Por causa das restrições, o número de turistas chineses foi 77% menor em dezembro de 2020 do que no mesmo mês de 2019. A cidade, que tem a sua economia baseada exatamente em jogos de azar, ainda não autoriza a entrada de turistas internacionais.
Mais perto do Brasil, no Uruguai, o cassino e hotel Enjoy Punta del Este, antigo Conrad, foi reaberto no dia 11 de dezembro, podendo receber 50% de sua capacidade máxima e seguindo os demais protocolos sanitários.
O Uruguai, porém, adota uma política rígida para a entrada de estrangeiros durante a pandemia. “No momento só recebemos turistas locais, já que as fronteiras continuam fechadas e todo estrangeiro precisa ficar em quarentena. A alta temporada não foi como as anteriores, reportamos faturamento 30% menor”, diz Ignacio Sarmiento, gerente geral.
Estrangeiros como um todo respondem por 95% dos hóspedes do Enjoy Punta del Este em tempos normais; os líderes são os brasileiros que, sozinhos, formam a metade dos clientes do empreendimento.
“Acreditamos que a partir do segundo semestre possamos voltar à normalidade caso a vacinação em massa no mundo seja rápida e consistente”, diz Sarmiento.
Os cassinos são proibidos no Brasil. Há casas clandestinas, que voltaram ao noticiário recentemente quando Gabigol, atacante do Flamengo, e o funkeiro MC Gui foram flagrados em uma delas, na zona sul de SP, desrespeitando também a quarentena.
Quem mora aqui, portanto, precisa viajar para fora se quiser jogar legalmente. Há uma forma de fazê-lo, porém, sem necessariamente pisar em outro país: dentro dos cruzeiros.
A profissional de relações públicas Fernanda Ida Mazzucchelli, 63, aproveita suas viagens a bordo dos navios para jogar. Ela diz que, apesar de gostar das máquinas, aprecia ainda mais o ambiente em si.
“É muito gostoso. Um entretenimento, uma diversão, uma desculpa para todo mundo estar ali reunido. Claro que é legal ganhar nas máquinas também. Quando isso acontece é uma festa”, afirma.
A soteropolitana diz que seu maior ganho foi de US$ 400 a partir de uma aposta de US$ 2, logo em sua primeira viagem.
Fora do mar, Fernanda não sente falta do jogo e não recorre às apostas online. Tem saudades, porém, do clima das embarcações, e já comprou passagem para uma travessia de Santos a Gênova, na Itália, marcada para novembro, quando as companhias voltam a operar no Brasil.
Fonte: Folha de S.Paulo