A indústria do jogo de Macau não voltará a ser como era antes de 2019. Porém, um dos conceitos temporais mais citados e transversais a todos os setores econômicos e sociais é o “retorno a níveis pré-pandemia”, em especial nas atividades ligadas ao turismo.
Na ótica dos analistas do banco de investimento JP Morgan, a recuperação irá começar a sentir-se no próximo ano e em 2024 os cassinos podem registrar resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações [EBITDA] que ficam a 95 por cento dos níveis pré-covid-19.
Numa nota emitida no fim de semana, os especialistas da JP Morgan descrevem as razões que justificam algum alívio para os investidores de empresas que gerem cassinos em Macau, assim como para os cofres do Governo da RAEM.
Com a atribuição das licenças para operar cassinos afastando a incerteza no mercado, os analistas não descartam a possibilidade de as empresas se beneficiarem de um alívio fiscal se conseguirem atrair jogadores estrangeiros.
Também o limite de mesas de jogo fixado pelo Executivo é interpretado pelos analistas como um fator que irá beneficiar o setor. À primeira vista, a redução de 6.739 mesas de jogo para 6.000 já para o próximo ano poderia significar um corte no negócio. No entanto, face ao colapso do mercado junket, a diminuição de mesas pode não ter impacto. “O limite de mesas de jogo é menos significativo do que aparenta ser. O número de mesas permanecerá num total de 6.000. No entanto, isso não significa que o crescimento será também limitado”, aponta DS Kim.
Alinhamento das estrelas
“Estimamos que em 2019, durante o pico máximo do mercado de massas, apenas 4.000 mesas eram diretamente operadas pelos cassinos (excluindo junkets e cassinos-satélite). Portanto, um limite de 6.000 mesas significa mais espaço de manobra, podendo aumentar em cerca de 50 por cento a capacidade para servir o mercado de massas”, indicam os analistas da JP Morgan.
A nota, citada pelo portal Inside Asian Gaming, salienta também que “a procura reprimida é uma realidade na maioria dos mercados”, não existindo razões para que o mesmo não se verifique em Macau para o segmento de massas e elementos não-jogo, mesmo tendo em conta a situação pandêmica no Interior da China e os impactos das restrições fronteiriças.
Neste contexto, DS Kim afirma que “tudo se resume a acessibilidade e uma série de acontecimentos recentes aumentam a confiança de que a circulação de pessoas na China irá ser aliviada”. Encaramos este aspecto como a peça que falta para a recuperação de Macau, tendo em conta a retoma da emissão de vistos eletrônicos”, acrescenta.
A JP Morgan aponta para o regresso dos lucros ao nível do EBITDA já no primeiro trimestre de 2023, graças à progressiva recuperação do setor de massas e elementos não-jogo para níveis a rondar os 35 por cento dos registrados antes da pandemia.
Nos segundo e terceiros trimestres de 2023, os analistas estimam que a procura se fixe em 50 por cento da verificada antes da pandemia e, empurrada pelo reajustamento da procura do segmento de massas, a recuperação completa em 2024. No entanto, os analistas apontam que o segmento VIP dificilmente recuperará na sequência dos profundos danos estruturais que sofreu.
Restrições para quem vem do interior da China continuam
Macau alargou o leque de exigências preventivas para entrar no território. Além das quarentenas para quem chega de zonas de elevado risco no interior da China, quem tenha passado em zonas de baixo risco é obrigado a uma bateria de testes durante cinco dias. Trabalhadores dos cassinos também têm de ser testados a cada dois dias.
Fonte: Hoje Macau