SÁB 6 DE JULIO DE 2024 - 03:06hs.
Jun Makuta, sócio do TozziniFreire Advogados

“Existem exemplos globais de flexibilização de preceitos religiosos que antes impediam o jogo”

A aprovação do PL que legaliza os jogos de azar no Brasil pela CCJ do Senado, demonstra que o tema está maduro, apesar das muitas mentiras ditas na reunião. O Brasil tem a chance de trazer essa atividade econômica, que já existe, para o ambiente legal. Jun Makuta, sócio do TozziniFreire Advogados, diz que “em relação aos argumentos não-técnicos de natureza religiosa e moral é possível encontrar exemplos de flexibilização” que antes impediam o desenvolvimento do setor.

Após várias semanas de discussão, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou, nesta quarta-feira (19), o PL 2.234/2022, responsável pela revisão da legislação sobre jogos no país que autoriza o funcionamento de cassinos, bingos, jogo do bicho e outros jogos de apostas no Brasil.

Caio de Souza Loureiro, sócio da área de Gaming & E-sports do TozziniFreire Advogados, afirma que, ao permitir a exploração de várias modalidades de jogos, inclusive de cassinos, o PL 2.234 coloca o Brasil em companhia de diversos países que já permitem essas modalidades. Segundo o advogado, a legislação anacrônica, de 1946, ignora os avanços institucionais ocorridos no monitoramento e na fiscalização de jogos em escala global.

Hoje, empresas globais, com rígidas políticas de segurança e compliance - algumas delas listadas em bolsas - possuem operações em diversos países, com geração de emprego e pagamento de tributos. O Brasil, até então, está excluído desse cenário, sofrendo as consequências da falta de regulamentação”, explica Loureiro.

Para Loureiro, é ilusório pensar que a proibição afasta os problemas que aqueles que são contrários à legalização apontam existir. “Institucionalizar o jogo permitirá um maior controle, inclusive quanto às ações de combate à ludopatia [compulsão a jogos de azar] e à lavagem de dinheiro, questões que já são uma realidade no país e que quase 80 anos de proibição não conseguiram evitar”.

Jun Makuta, sócio da área de Gaming & E-sports do TozziniFreire Advogados, em relação aos muitos argumentos não-técnicos de natureza religiosa e moral foram usados como artilharia pesada contra o PL, destaca que é possível encontrar exemplos pelo globo de flexibilização de preceitos religiosos que a princípio impedem o desenvolvimento do jogo.

Um ótimo exemplo são os Emirados Árabes Unidos que, em que pese serem regidos por uma rígida lei islâmica que considera o jogo um pecado, optaram pelo pragmatismo econômico e financeiro. Recentemente abriram mão do proibicionismo puro e simples para permitirem a construção do primeiro casino físico em território árabe, que tem previsão de começar a operar em menos de dois anos com a bandeira do grupo Wynn em uma ilha especialmente construída para abrigar um casino-resort”, afirma Makuta.

Fonte: GMB